Eu havia blogado a síntese de um artigo que fiz sobre a teologia negra. A partir deste, eu desenvolverei todos os itens do artigo. Quero começar com aquele que é a introdução do referido artigo. Uma boa reflexão!
Os afro-descendentes, na sua origem, foram forçados a migrar da África, devido a escravidão, sendo impedidos de cultivar seus valores culturais e suas práticas religiosas, para terem que assumir outro estilo de vida. Nas Américas, na medida em que os diferentes povos iam chegando, lideranças religiosas e tribais iam se reencontrando, sem que o colonizador o soubesse. Não entraram em conflito, como era previsto, devido a rivalidades entre eles, mas uniram forças. Desta forma puderam reestruturar suas religiões e suas vidas em outras formas de expressão, como por exemplo, os terreiros, os quilombos, especialmente no Brasil.
A miscigenação sempre foi a marca deste povo, desde que aqui chegou. Podemos encontrá-la de forma étnico-racial e religiosa. Daí é que nasce o sincretismo religioso, principalmente a partir de duas práticas religiosas: a africana e a católica. Os negros e negras, mesmo tendo que assumir o catolicismo, na marra, nunca foram considerados católicos de fato, pois pesava sobre eles o rótulo da ‘inferioridade’, caracterizada por uma postura excludente da parte dos seus senhores. Muitos conseguiam fugir e criar uma sociedade alternativa, chamada Quilombos, através da qual recuperavam valores profundos da vida africana - liberdade e dignidade - podendo ser protagonistas de sua própria história. Os que permaneciam na chamada ‘casa grande’, eram catequisados em vista dos sacramentos, tendo que aceitar uma imagem de um Jesus excessivamente doce e obediente. Esta imagem impingia na consciência do escravo de que era pecado lutar contra a situação em que se encontrava, ou seja, a fuga era totalmente contra os planos de Deus. Assim também, quando se falava em pecado, afirmava ser uma mancha negra na alma, de sorte que a criança negra não queria se dizer negra, pois estaria permanentemente em pecado. Assim foi se fortalecendo a ideologia do embranquecimento. Como aceitar um Deus que permitia este estado de coisas?
Diante disso, era preciso uma reflexão sobre um Deus diferente: Criador e Supremo, que fez as pessoas livres, as acompanha através de intermediários e que é Libertador. Uma reflexão que parta da própria situação dos afrodescendentes que buscam uma outra realidade possível, pois sabem que seu sofrimento não é querido por Deus e que também não é esquecido por Ele. Não se trata de novidade teológica, mas de uma reflexão calcada numa realidade singular, e que quer levar a todos ao compromisso e à solidariedade em vista da mudança da realidade cotidiana em que vive a população negra do continente. Sendo assim, quero, com esta pesquisa, buscar respostas às seguintes perguntas: Que fatores contribuíram para o surgimento da teologia afroamericana? A teologia afroamericana é de fato necessária? Que contribuições este tipo de reflexão tem dado para uma imagem diferente de Deus? Procurarei responder a estas questões nos próximos artigos. Até lá!
Modjumbá axé!
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