domingo, 6 de novembro de 2011

5 TEOLOGIA DA GRAÇA

Continuamos esta nossa reflexão sobre os tratados de teologia, tendo presente neste quinto ponto, o mistério da Graça divina. Existe a Graça e as graças. Isso deve ficar bem claro ao iniciarmos esta reflexão. Não se esqueça de ler o artigo anterior, pois estamos querendo dar uma sequência lógica.
O TRATADO DA GRAÇA é um Tratado Teológico e Antropológico. Pois é o amor de Deus, que na sua auto-doação vem ao homem, e dele espera sua resposta livre, total. É uma intercomunhão, uma misteriosa solidariedade entre Deus e o ser humano.
TRÊS QUESTÕES SÃO IMPRESCINDÍVEIS. a) Deus é amor! Somos filhos amados de Deus! b) A Graça lembra nossa vida de pecadores. Cristo nos torna novas criaturas, inseridas no Mistério Trinitário. c) A Graça significa a resposta livre, existencial, total do homem ao amor de Deus.
1. A G. NA SAGRADA ESCRITURA: aparece a palavra charis” que corresponde ao favor gratuito e misericordioso de Deus, em Jesus Cristo para o ser humano.
1.1 A Graça no Antigo Testamento: um comportamento fundamental e essencial de Deus que visa o bem da pessoa inteira. Os grandes temas rel. à Graça: A Criação: Deus cria o homem unicamente por amor e o convida à comunhão; A Aliança: É o tema por excelência! Deus faz aliança com toda a humanidade.
1.2 A Graça no Novo Testamento: recebe um nome definitivo: Jesus de Nazaré - caráter pneumatológico universal. Dois significados: sentido objetivo: Graça é benefício, dom gratuito! Sentido subjetivo: favor, bondade, gratidão; Aqui  Deus mesmo é a Graça! Grandes linhas do NT: Encarnação; Cristo que chama à conversão; O amor total de Cristo em seu mistério pascal; Cristo que vive em nós pelo Espírito; Cristo e o início da Igreja - vocação dos apóstolos. Temas fortes-característicos do NT: Os Sinóticos: “Basiléia tóu théou” (Reino/reinado de Deus); João e Paulo: como dom. Especialmente em Paulo: A Graça como justificação.
2. A JUSTIFICAÇÃO EM SÃO PAULO:  O texto referencial de Paulo a respeito da justificação é Rm 3,21-24. A partir dele conclui-se: A justiça é para todos. Ela é gratuita, um presente de Deus do qual nós não temos direito.
3. FILIAÇÃO DIVINA E IDENTIFICAÇÃO COM CRISTO: A graça torna-nos filhos de Deus. A salvação não é obra da lei, mas de Jesus Cristo e, uma vez justificados por ele, somos um em Cristo como filhos.
4. A JUSTIFICAÇÃO NO MAGISTÉRIO: 4.1 Santo Agostinho - podemos distinguir três fases: Antes de 394, Agostinho atribuiu toda a obra da salvação humana à iniciativa divina; Em 394, ele defende que “A fé é obra nossa, mas a prática do bem devemos Àquele que dá o Espírito Santo àqueles que crêem Nele. Em 396-397 afirma definitivamente a gratuidade da Graça: “Antes de qualquer mérito, existe a Graça. Escreve depois: “Venceu a Graça”.
4.2 Controvérsia Pelagiana: Os pelagianos não negam a Graça, mas dizem que sem ela o homem pode observar todos os mandamentos divinos. Negam o pecado original. Falam da auto-suficiência do homem frente à redenção de Cristo
4.3 Concílio de Cartago (418): fala da necessidade da Graça para a remissão dos pecados e como  auxílio necessário para não pecar mais; nos dá não apenas a facilidade, mas a possibilidade de cumprir os mandamentos divinos.
4.4 Controvérsia Semi-pelagiana (sec. V e VI): Não há predileção divina. Tudo depende, em última instância, da colaboração humana. No mais, admitem o pecado original e a necessidade da Graça da Justificação.
4.5 Concílio de Orange (529): a) Toda a iniciativa na ordem da salvação vem de Deus (initium fidei); b) Nenhum ato salutar pode ser feito sem a Graça. A Graça é necessária, porque, pelo pecado original, nossa vontade foi debilitada.
4.6 Concílio de Trento (1545-1563): a salvação se dá em e por Cristo, mediante o batismo, contudo não sem a livre cooperação humana. Acentuou mais a Graça criada e focalizou menos a Graça incriada.
4.7 Concílio Vaticano II: A Gaudium et Spes: “A liberdade do homem, vulnerada pelo pecado, só com o auxílio da Graça divina pode tornar plenamente ativa a ordenação a Deus”;  Ad Gentes: “Ninguém por si só e com as próprias forças se liberta do pecado e se eleva acima de si próprio. Mas todos necessitam de Cristo”; Dei Verbum: Para prestar esta adesão da fé, são necessários a prévia ajuda da graça divina e os interiores auxílios do Espírito Santo; Lumen Gentium: tendo Cristo morrido... oferece a todos a possibilidade de se associarem... a este mistério Pascal”.
4.8 Aspectos dogmáticos sobre a predestinação: Concílio de Arles (473): Cristo morreu por todos;  Concilio de Orange (529) Deus não predestina ninguém ao mal, ao pecado; Trento: Cristo expiou os pecados do mundo e não só os eleitos recebem a graça; “Cum ocasione”: é heresia dizer que Cristo morreu somente pelos predestinados;
A JUSTIFICAÇÃO NO PROTESTANTISMO: Somente Deus, somente Cristo, somente a Graça divina e Somente a fé podem realizar a obra da Justificação do pecador. Concebe o ser humano como ser totalmente desfigurado, degenerado pelo pecado. Mas o ser humano, mesmo permanecendo pecador no seu interior, é declarado justo
6. A NATUREZA DA GRAÇA: O homem foi criado para Deus e não pode dar a si a vida divina, mas somente recebê-la como dom; necessita da graça elevante para poder realizar obras de bem em vista da salvação eterna
7. A NATUREZA E A GRAÇA:"A graça é uma participação na vida de Deus, introduz-nos na intimidade da vida trinitária". Depende inteiramente da iniciativa gratuita de Deus, tornar-se presente de modo estável na pessoa, unindo-se à nossa natureza e a renovando; cura as suas inclinações retorcidas e fá-la capaz de dar frutos de santidade.
8. TIPOS DE GRAÇA: Graça incriada: Graça criada; Graça santificante e Graça atual.
8.2 As dimensões da Graça: Dimensão trinitária: A Graça é ação da Trindade; Dimensão crística ou Graça de Cristo: Dimensão pneumática: Dimensão eclesial-comunitária; Dimensão libertadora e cósmica: A Graça é dom e tarefa. Na medida em que o homem cooperar com a Graça e viver a Graça como comunhão.

Modjumbá axé!
Pe. Degaaxé

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