Mesmo sabendo que muita coisa poderia se dizer sobre a Igreja, em seu mistério, arrisco-me em apresentar as idéias que estamos debatendo em sala de aula, em vista do exame universal de teologia. O importante é que tenhamos presente a Igreja como corpo vivo, na comunidade que celebra e nas ações em vista da vida e da salvação das pessoas. Neste sentido, ela é semente do Reino de Deus, em sua realidade de "já" e também de "ainda não", pois anuncia uma realidade que a ultrapassa e assim, participando da Igreja, vivemos também a comunhão com os 'santos', a Igreja celeste.
1 ORIGEM DA IGREJA: O Senhor Jesus deu início a Sua Igreja com a pregação da Boa-Nova, quer dizer, com a vinda do Reino de Deus. Assim foi se formando o grupo dos discípulos e as várias comunidades. Primeiro, a partir da comunidade primitiva de Jerusalém, depois, com Paulo de Tarso, formam-se entre os pagãos, pequenas comunidades de cristãos, estruturadas em torno da Palavra e da Eucaristia. Tendo alcançado a capital do Império Romano, do final do século I até cerca da metade do século V a evangelização se espalha pelos recantos mais longínquos do mundo.
2 AS IMAGENS DA IGREJA: primeiramente como redil, cuja porta única e necessária é Cristo. A Igreja representa o rebanho, no qual o próprio Deus anunciou ser Seu pastor. Outra imagem é lavoura ou campo de Deus. Foi plantada pelo Agricultor celeste como vinha eleita. Ainda a imagem Construção de Deus. O próprio Senhor se comparou a pedra angular, como fundamento para edificação da Igreja, os apóstolos. Temos também a Jerusalém Celeste, a Mãe e a Esposa Imaculada do Cordeiro (Igreja como Esposa de Cristo), que é constantemente acalentada pelo imenso amor de Cristo, a fim de santificá-la. A imagem da Igreja como Corpo de Cristo representa nossa participação e configuração em Cristo a partir do batismo.
3 AS NOTAS DA IGREJA – UNA, SANTA, CATÓLICA e APOSTÓLICA: A Igreja é una porque tem como origem e modelo a unidade na Trindade das Pessoas de um só Deus. A Igreja é santa, porque Deus é santo. A santidade é a vocação de cada um de seus membros e o fim de toda a sua atividade. A Igreja é católica, ou seja, universal, porque nela está presente Cristo e é enviada em missão a todos os povos. A Igreja é apostólica porque, por sua origem e ensinamento, está edificada sobre o “alicerce dos Apóstolos” (Ef 2, 20).
4 A IGREJA COMO POVO DE DEUS: Esta imagem é importante para a autocompreensão da Igreja como sinal no mundo, como povo peregrino e como povo que, mediante a participação pelo batismo, vive em unidade e igualdade na comunidade, estando aberto a adesão de mais pessoas na mesma fé em Cristo.
5 VOCAÇÃO E MISSÃO DO POVO DE DEUS: Segundo a Lumen Gentium: Todos os homens são chamados ao povo de Deus. O povo santo de Deus participa da missão profética de Cristo. Tem por lei o mandamento novo, de amar como Cristo nos amou; e tem por fim o Reino de Deus, começado já na terra pelo próprio Deus, mas que deve ser continuamente desenvolvido para ser também por ele consumado no fim dos tempos.
6 CONSTITUIÇÃO DA IGREJA POVO DE DEUS: É constituída de leigos e clérigos. Há unidade e a igualdade fundamental de todos os batizados na Igreja. Unidade, porque a Igreja é uma comunhão, fruto da mesma fé e do mesmo batismo. Em segundo, vem a diferenciação, fruto do ministério diferente ocupado na comunidade eclesial.
7 SACERDÓCIO COMUM E MINISTERIAL: embora se diferenciem essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois um e outro participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo.
8 AS VOCAÇÕES PARADIGMÁTICAS: Os Leigos: Exercem a índole secular da Igreja com o mundo, ordenando a humanidade para Deus. Os Sacerdotes: O Sacramento da Ordem é o sacramento da diferenciação, pois distingue os fiéis dentro do único Povo de Deus. Os Religiosos: É consagração total da pessoa a Deus. Os Bispos: Entre os principais encargos dos Bispos ocupa lugar o Múnus de Ensinar, o Múnus de Santificar e o Múnus de Reger.
9 O PRIMADO E A INFALIBILIDADE DO SUCESSOR DE PEDRO: Ele é o vigário de Jesus Cristo e medida de todo o governo eclesiástico. Cabe ao Papa governar a Igreja, em virtude dos poderes recebidos de Cristo. A autoridade do Papa diz respeito ao poder disciplinar (externo e jurídico) e ao poder doutrinal (interno e espiritual). Na Igreja Ocidental, o primado é de direito divino (jurisdição); ao passo que na Igreja Oriental é apenas de honra. A base do papado é cristológica e não mero resultado de uma evolução histórica. Segundo o documento Pastor Aeternus (Vat I, 1870), apresenta o valor do primado do Romano Pontífice e sua infalibilidade pessoal quando delibera e define (clarifica) solenemente algo ex cathedra em matéria de fé ou moral (os costumes). Constitui o ‘ministério da unidade’.
10 COLEGIALIDADE ESPISCOPAL: Os bispos sucedem como conjunto, como colégio, aos demais apóstolos. Têm uma autoridade de ministério que visa à direção pastoral das Igrejas fundadas pelos apóstolos. Embora os Bispos, individualmente, não gozem da prerrogativa da infalibilidade, anunciam, porém, infalivelmente a doutrina de Cristo, e ensinam autenticamente em matéria de fé e costumes o que está definido pela Igreja.
11 IGREJA COMO SACRAMENTO UNIVERSAL DE SALVAÇÃO: quer ressaltar o lado espiritual da Igreja e não só o institucional. E porque a Igreja é em Cristo como que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano. Indica uma realidade terrena, na qual, ao mesmo tempo, se esconde e se manifesta a realidade divina e a sua eficácia. O elemento mais importante é a dimensão do mistério. A Igreja se mostra como sacramento unitatis, pois realiza a unidade de todos os seres humanos, integrando o universo e o cosmos.
12 A COMUNHÃO DOS SANTOS: A união dos que estão na terra com os irmãos que já adormeceram na paz de Cristo de maneira nenhuma se interrompe; pelo contrário, reforça-se pela comunicação dos bens espirituais. Os bem-aventurados, em virtude de sua união com Cristo, confirmam mais solidamente toda a Igreja na santidade; enobrecem o culto que a Igreja presta a Deus e muito contribuem para que ela se edifique em maior amplitude; não cessam de interceder em nosso favor junto ao Pai. Não veneramos, porém, a memória dos santos apenas pelo exemplo que nos dão. Fazemo-lo mais ainda para que a união de toda a Igreja se consolide pelo exercício da caridade fraterna.
Modjumbá axé!
Pe. Degaaxé
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