quinta-feira, 10 de novembro de 2011

10 ESCATOLOGIA

Chegamos ao final das teses e textos que foram utilizados na preparação para a realização do exame de universa theologia. E queremos concluir com um tema bem propício, que nos ajuda a entender que tudo tem um sentido, tudo tem uma finalidade com sentido. Deus não é só autor da vida, mas aquele que a orienta para um sentido plenificador. Diz Santo Agostinho: "Fizeste-nos para vós, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em vós". Estamos tratando aqui, então, das coisas útimas,  - eschaton; refere-se ao fim e ao cumprimento da criação e da história da salvação, individual e universal.
1. O REINO DE DEUS: Foi fundado pelo próprio Deus na terra e deve continuar se estendendo até que seja consumado por Cristo, em sua vinda (DH 4123, 4339). O Reino de Deus começa já dentro da história, mas há de alcançar sua forma definitiva no futuro absoluto. Ele é em todas as suas fases um suceder imanente-transcendente. A Igreja constitui o princípio do Reino de Deus, enquanto Corpo de Cristo
2. FUNDAMENTO DE NOSSA ESPERANÇA: A RESSURREIÇÃO DE CRISTO: A concepção judaica de sheol, “morada dos mortos”. No AT - a fé na ressurreição como conseqüência do Deus criador do homem inteiro e de sua aliança. No NT, esta fé é fundamental, estando estritamente ligada à pessoa de Cristo: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11,25).
3. ESCATOLOGIA INTERMEDIÁRIA: o “tempo” entre a morte do ser humano e a ressurreição final na Parusia de Cristo. Jesus inaugura o espaço intermediário, depois de ter resgatado os mortos do sheol.
4. ESCATOLOGIA INDIVIDUAL: 4.1 Morte: conforme o Concílio de Cartago (418), o ser humano está submetido à morte por causa do pecado, não por necessidade de natureza. Não estava no plano original do Criador. A Igreja afirma a sobrevivência e a subsistência, depois da morte, de um elemento espiritual. 4.2 Juízo: Há dois momentos: particular e o universal. Juízo particular: ocorre imediatamente (mox) após a morte; Juízo universal: acontece na Parusia; a história e o mundo estarão diante do juízo de Deus. 4.3 Céu: É a eternidade de Deus. Não é um lugar, mas um estado em que estaremos face a face com o Deus revelado em Jesus Cristo e que é experimentado de diferentes modos: pelos anjos, pelos santos e pelos mortos. 4.4 Purgatório: Não é lugar, mas um estado pelo qual passa a pessoa, antes, durante e depois da morte, para purificar-se das penas terrenas. Deus “queima” a incapacidade de amar, presente nas pessoas. 4.5 Inferno: Origem: Não foi criado por Deus, mas pela decisão livre das criaturas. O mal é a carência do bem. Definição: É estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus. É ausência absoluta de Deus.   
5. COMUNHÃO DOS SANTOS: É o intercâmbio de ajuda, expiação, preces e boas obras entre os fiéis vivos (Igreja peregrinante) e os fiéis mortos (Igreja celeste), Os vivos podem ter comunhão com os defuntos em Cristo; 5.1 Indulgências: No Império Romano, havia um indulto que era dado aos soldados romanos. É a remissão diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados, depois de apagada a culpa.
6. ESCATOLOGIA COLETIVA – PARUSIA: Parusia é a vinda de Cristo para consumar a história. O mundo não terminará, mas será transfigurado. Ocorrerá então a ressurreição dos mortos, o juízo final, e inaugurará os Novos Céus e a Nova Terra. A Parusia não acontece depois deste mundo, mas com este mundo. Ela não acontece totalmente agora, mas ela está acontecendo. 6.1 A ressurreição dos mortos: As reanimações efetivadas por Jesus (Mt 9, 25; Lc 7, 15) não são consideradas ressurreições dos mortos. Em contrapartida Jesus anuncia a ressurreição dos mortos (anastsis [ton] nekron), fazendo parte do ensinamento dos cristãos (Hb 6,2). Paulo em 1 Cor 15,44 afirma que nosso corpo animado (σῶμα ψυχικόν soma psychikon) se tornará corpo espiritual: O homem ressuscitará em sua própria carne. Neste corpo glorioso se encontra a identidade da pessoa em sua totalidade. corpo glorioso é a carne transformada pela ressurreição. 6.2 Juízo universal: É igualmente, a manifestação universal do que ocorreu no juízo particular. É a justiça de Deus, que não é somente condenar um ato pessoal e sim o ato em si que provém do contexto histórico mau. Será condenada a história do antirreino. 6.3 Novos Céus e Nova Terra: É a plenitude do Reino de Deus, onde os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será transfigurado. Deus é a meta de todas as coisas. A Terra não se torna celeste nem o Céu terrestre, mas ambos deverão se comunicar de uma forma nova e ilimitada.
7. REINO DE DEUS E HISTÓRIA HUMANA: valor do mundo e da história na doutrina escatológica da Igreja: O mesmo mundo criado será transfigurado na Parusia. O cosmo é integrado no futuro de Cristo porque no projeto de Deus a criação não pode ser desprezada. Na nova criação, o mundo e a história são cristificados, divinizados (transfigurados). o Senhor ensina que haverá uma nova morada para o homem. (...) O reino, misteriosamente presente na terra chegará à consumação com a vinda do Senhor” (GS 39). O Reino de Deus acontece e se manifesta na história, mas não se esgota nela nem se identifica com ela (DH 4614). O céu nada mais é que a futura humanidade glorificada numa terra ou criação igualmente glorificada.

Modjumbá axé!
Pe. Degaaxé

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