terça-feira, 28 de junho de 2011

CINQUENTENÁRIO DO CONCÍLIO VATICANO II: PERSPECTIVAS EVANGELIZADORAS PARA UMA IGREJA SERVIDORA E QUENÓTICA

O concílio Vaticano II ocorreu entre os anos 1962 e 1965. A Igreja carregava uma fama de que quando se reunia em concílio era para formular e declarar algum dogma ou para condenar anátemas. Ao ser eleito um papa com a idade avança - João XXIII, pensava-se apenas num período de transição, ou seja, ele não seria tão significativo. E este surpreendeu, convocando toda a Igreja, no dia 25 de janeiro de 1959, a abrir as janelas, a fim de que os novos ares tirassem o mofo que avia se acumulado. Ele estava falando do Novo, do Sopro do Espírito que, encontrando espaço, agiu de forma muito profunda em todos os membros desta Grande Assembléia. No próximo ano estaremos celebrando cinqüenta anos deste acontecimento. Diante das muitas provocações que trouxe à vida cristã, de um modo geral, é de se perguntar: que perspectivas evangelizadoras temos?

Sem dúvida nenhuma, o concílio Vaticano II deu uma nova direção para a Igreja, enquanto continuadora da Obra de Cristo em favor da humanidade. Além de lhe adequar às novas situações vividas pelos homens e mulheres do nosso tempo, trouxe-lhe novo vigor interno, fazendo-a redescobrir toda a sua riqueza mistérica. Como o Vaticano II foi um concílio de cunho pastoral, favoreceu um aggiornamento da Igreja e esta atitude traz à consciência a necessidade de uma constante atualização, à luz do Espírito de Deus. Atenta aos sinais dos tempos, é assim que a Igreja é chamada a conduzir sua pastoral, no amor do Cristo Bom Pastor, abraçando o mundo inteiro. A Igreja continua sendo convidada a se abrir a todos os povos e culturas, num diálogo verdadeiro e revelador da bondade e misericórdia de Deus.

A realidade é sempre mais desafiadora e a Igreja se mostra atenta a isso. Diante dos males que ameaçam a dignidade humana e ocultam os verdadeiros valores, a Igreja se sente no dever de anunciar a boa nova da vida, sendo testemunha da verdade e da paz. Estamos, portanto, diante de uma Igreja Serva, que se projeta para frente, em meio a tantos sinais de morte, com uma proposta quenótica, como procedeu o seu Fundador, dizendo ser necessário o esvaziamento de si para que o outro possa viver. O concílio a fez perceber que sua missão consiste em estar sempre mais próxima das pessoas, principalmente dos mais pobres e sofredores. A Igreja está consciente do seu papel de ser ‘Luz’ para tantas pessoas em busca da Verdade de Deus.

Aproximando-nos do cinqüentenário do acontecimento que transformou a vida da Igreja - ‘Novo Pentecostes’ – somos convidados a sempre de novo testemunhar as maravilhas de Deus de modo acessível a todos e todas. O concílio nos fez olhar a realidade e a história não de forma trágica ou pessimista, mas com um olhar de esperança, mostrando o rosto de uma Igreja que busca compreender a história em que esta inserida, não para condenar, mas para evangelizar mais eficazmente. Uma Igreja que se põe em busca de dialogar com o mundo é uma Igreja aberta e renovada. O horizonte que se abre para a Igreja a provoca sempre mais a ser Sacramento da salvação de Deus, pois é seu desejo que todas as pessoas se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade. A vida cristã se renova e se revigora: Vinho novo em odres novos, Comunidades sempre mais vivas e participativas, sinal do Reino que vem, semente do Reino que já está presente.

Modjumbá axé!
Pe. Degaaxé

domingo, 26 de junho de 2011

ACOLHIDA E HOSPITALIDADE NO SEGUIMENTO DE JESUS: UMA REFLEXÃO NA ÓTICA DO POVO NEGRO

            A acolhida e hospitalidade são virtudes que não podem faltar na convivência humana, pois são reveladoras do divino em nós. Elas são fonte de vida e de bênçãos, pois quem vai ou vem em nome de Deus é portador da sua bênção. Ao gesto de despojamento e simplicidade da pessoa de Deus, segue o gesto de generosidade e gratuidade das pessoas da casa – como no caso de Eliseu e da família que o acolhe. Uma situação provoca a outra. O bem que se faz a alguém volta pra você em dobro, pois Deus não se deixa vencer em generosidade. O que se faz a um enviado seu é a ele mesmo que se faz.
           O seguimento de Jesus tem muito disso. O chamado que Deus faz a alguém é expressão de sua bondade e generosidade, mas Jesus diz que é preciso radicalidade para corresponder, principalmente no modo de amar e servir. Ele diz que é preciso amar as pessoas, assim como citou o exemplo do Bom samaritano e deixou como testamento o amai-vos uns aos outros, como identidade dos seus discípulos e discípulas. A forma como a gente ama comprova se estamos aptos para segui-lo. Pra começar, o compromisso que assumimos com ele está acima de tudo. Aqui está a medida do nosso amor por Jesus: acima de tudo, até dos compromissos familiares. Devemos amar a família e todas as pessoas, mas não no mesmo nível de Deus. Mas Jesus lembra ainda aos seus discípulos que o amor a Deus, do qual ele fala, não pode ser abstrato, espiritual apenas. Passa pela cruz da contradição, que é a lógica do Reino: perder para ganhar, morrer para viver, ser o último pra ser o primeiro. Carregar a cruz com Cristo é reconhecer que esta cruz tem sido pesada nos ombros de tantos irmãos e irmãs que, por clamarem por justiça, respeito e dignidade são literalmente crucificados. Pensemos no drama do racismo, da discriminação, do preconceito e da intolerância religiosa... são verdadeiras cruzes nas quais são pregados muitos afrodescendentes ou são peso que a sociedade acha que devem carregar pelo resto de suas vidas. A dinâmica do seguimento de Jesus, diz que é preciso ‘descê-los da cruz’ ou, ao menos, não aumentar o peso nos seus ombros.
            'Existe um princípio no judaísmo de que o mensageiro é encarnação daquele que o enviou’. Jesus se identifica com aqueles e aquelas que são enviados em seu nome e lembra que todo gesto de amor e acolhida com relação a eles não ficará sem recompensa. Portanto, acolher bem as pessoas nos leva a fazer experiência do Jesus peregrino, de pés e mãos calejadas e rosto curtido. Jesus quando se encarnou, assumiu a nossa humanidade e levou a sério esta opção. Ele dignificou o humano, nos divinizando, de sorte que não precisamos deixar o humano para encontrá-lo. Ele se faz encontrar nas experiências humanas, ou seja, o ser humano se tornou espaço de encontro com divino em Jesus. Através dele a nossa humanidade alcança o mais alto grau de dignidade. Quando esta humanidade é ferida, machucada na pessoa dos pobres e vítimas do racismo e suas vertentes, certamente Jesus é atingido. Para o Povo negro, o ser humano é sagrado por ter sido criado por Deus e por ser parte integrante do universo, Santuário de Deus, no qual a terra é o altar de sua oferenda, na oferta acolhida da vida, da riqueza e partilha de dons, enfim, na fraternidade.
            Os males que ainda existem em nossa sociedade que agridem a dignidade das pessoas, revelam a nossa resistência com relação a vida nova que Jesus nos trouxe e que o batismo nos faz experimentar de uma forma sem igual. Tratar mal as pessoas é uma opção, mas é uma opção indigna do ser humano salvo por Jesus. Jesus também experimentou na própria pele o que é ser discriminado, desprezado: ‘pode vir algo de bom de Nazaré?’ ‘Quem é este que diz estas coisas? Não é ele o filho do carpinteiro?’. No entanto, Jesus prossegue o seu caminho, libertando quem é oprimido e convidando à conversão os opressores. É assim que deve agir o afrodescendente e todo o que se diz discípulo de Jesus: seguir o seu caminho, fazendo história, mesmo sem reconhecimento, mas consciente do seu papel de agente de transformação.
            Além de identificar-se com quem vai, Jesus quer que acolhamos bem a quem chega. Na África, a acolhida vai além de um simples gesto. Quando as pessoas entram na amizade da família, passa a fazer parte daquela família. Aqui no Brasil, em épocas de escravidão, o povo negro, nos quilombos, acolhiam os indígenas que estavam sendo dizimados e os de outras raças que, por não concordarem com o sistema escravagista opressor, eram perseguidas. Estas pessoas eram incorporadas à família quilombola, protegidas e tratadas dignamente. Esta cultura da acolhida está muito arraigada no povo brasileiro, especialmente entre os mais pobres, que ‘fazem das tripas coração’ para acolher bem a alguém. São capazes de ficar até sem o alimento para que a visita possa comer.
             De um modo geral, para acolher bem não basta ter boa vontade, é preciso espírito de fé, caso contrário, seremos dominados por interesse e segundas intenções. Nós, enviados em nome de Jesus, somos comparados aos profetas da Antiga Aliança: somos pessoas de Deus, quando tomamos consciência de ser portadores de sua mensagem de salvação para um mundo que esqueceu de amar. Carreguemos a cruz que Jesus nos concedeu, a cruz do despojamento, da fidelidade ao projeto de Deus, da vida e da salvação, por mais que estejamos em meio a situações de morte. Jesus se identifica conosco e sofre conosco as rejeições. Ao mesmo tempo, pede que multipliquemos os gestos de acolhida e hospitalidade, para humanizarmos o mundo e as relações. Acolhamos as pessoas como ‘pessoas de Deus que precisam de lugar em nossa vida, em nossa amizade, em nosso coração’.

Modjumbá axé!

Pe. Degaaxé




sábado, 25 de junho de 2011

SEMINÁRIO DE TEOLOGIA NA ÓTICA DO POVO NEGRO

         Nos dias 13, 14 e 15 de Outubro aconteceu o Seminário de Teologia da Pastoral Afrobrasileira. Eu tive a graça de participar e quero partilhar com vocês alguns pontos provocadores:

a) Teologia e prática pastoral


1. A PASTORAL AFRO-BRASILEIRA surge como consequência de um longo processo de conscientização e militância de gerações de negros e negras, que assumem viver sua fé e a negritude na Igreja do Brasil.

2. O MOVIMENTO DE RESISTÊNCIA NEGRO deu-se início desde que o primeiro negro foi trazido para esta terra como escravo.

3. A teologia passa muito pelo conhecer melhor o outro, compreender e olhar o universo como um lugar de Deus.
4. A cultura é vista como lugar teológico onde Deus se revela, ou seja, os lugares onde nos encontramos são também lugares de revelação de Deus e a partir daí podemos repensar nossas práticas pastorais. Aqui está em jogo a dimensão profética da Igreja.



Deste processo podemos tirar algumas conclusões

1. É preciso descolonizar as mentes para superar os preconceitos que existem contra a comunidade negra.

2. Ter a teologia não só como um instrumento teórico, mas partir da comunidade negra como ponto de revelação de Deus. Repensar a teologia é repensar a prática pastoral que incide na celebração litúrgica. A comunidade negra tem algo a questionar sobre o modelo de formação que existe. Em síntese, pensar a teologia a partir das nossas práticas.
 
3. Evitar a dupla pertença;

4. Manter nossa identidade e valorizar a diferença;

5. Rever a questão da formação dos seminários e superar a negação de direitos, de identidade, de liberdade;

6. Repensar a questão litúrgica com relação ao povo

7. Resgatar a identidade do negro dentro da Igreja;

8. Fortalecer a relação com o Greni

9. Na opção pela pessoa humana, tomar cuidado para não divinizar;
 
10. As celebrações somente no mês de novembro soa como folclórica. Que se faça em outros momentos do ano;
11. Assumir-se como negro e testemunhar com alegria.

b) A liturgia da Igreja

Tivemos também a oportunidade de escutar algo sobre a liturgia oficial da Igreja. Eis algumas reflexões síntese que depois nos ajudará para entrarmos no assunto da liturgia inculturada.

1- A liturgia é uma ação sagrada e antes de ser humana, é divina. A ação ritual é ação de Deus no meio do povo. Por ser uma ação sagrada, na liturgia, Cristo, novamente, oferece e realiza a sua obra salvífica.

2- A liturgia antes de ser a Deus pela Igreja é ação de Cristo na Igreja;

3- O Cristo age na Igreja pela força dos símbolos;

4- Na liturgia a ação divina se dá através de ritos e preces. Os ritos na liturgia realizam o que proclamam: a salvação da humanidade;

5- Quanto aos cantos, não sou eu que devo animar a assembléia a cantar bem e sim o próprio canto. Cantar a liturgia implica em cantar o mistério da salvação, cantar o projeto amoroso de Deus por nós, revelado pela tradição bíblica. Assim, o referencial primeiro para a composição de um canto para a liturgia são as antífonas próprias para cada momento ritual;
6- Os gestos na ação ritual são gestos simbólicos e o símbolo não nasce do nada. É de toda a tradição da vida da Igreja;

c) Liturgia a caminho da inculturação em meios afrobrasileiros
A inculturação é a própria iniciativa de Deus de comunicar-se aos seres humanos E DE SE ENVOLVER COM A SUA REALIDADE.
1. VARIOS elementos que utilizamos nas missas inculturadas vem da religiosidade popular. esses elementos tem contribuído com a dinamicidade da celebração litúrgica.
2. A expectativa das pessoas em perguntar sobre quando vai acontecer a celebração inculturada favorece um envolvimento, uma interação que facilita a experiência.
3. A partilha que fazemos dos alimentos no final da missa é sinal da mesa que deve estar acessível a todos.
4. O objetivo da liturgia inculturada é o mesmo da Liturgia Romana, e NÃO PODERIA SER OUTRO: a CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO PASCAL, o louvor a Deus e a santificação do ser humano;
Qual o diferencial, então ? O respeito e a inclusão dos valores afro-brasileiros na celebração.
“Creio que a LITURGIA INCULTURADA em meios afro-brasileiros PASSARÁ para a HISTÓRIA como AÇÃO AFIRMATIVA da Igreja no combate às DESIGUALDADES RACIAIS.

Conclusões
- O processo de inculturação litúrgica no Brasil deve respeitar a coexistência de diversos grupos culturais atuando em nossas Igrejas, cada um trazendo sua história, que é única e diferente, e como tal necessita ser considerada.
- Somos o país onde a diversidade está naturalmente presente, portanto o processo de inculturação litúrgica deve incorporar na liturgia os ritos, os símbolos, expressões religiosas, música e instrumentos que ajudem a celebrar a fé (SD, 248).

- Segundo a quarta instrução para uma correta aplicação da constituição conciliar (SC 37-40) “a liturgia da Igreja não deve ser estrangeira em nenhum país, a nenhum povo, para nenhuma pessoa e, ao mesmo tempo, terá de superar todo particularismo de raça ou de nação”.
- É bom ter presente a realidade do povo em nossas liturgias, mas ter a sensibilidade de não fazer das celebrações algo só cultural.

Modjmbá axé

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A TRINDADE, A JUVENTUDE E A ECONOMIA


Estimados/as jovens,

                    Iniciemos dando graças ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo, pela vida da juventude e por mais esta oportunidade de experimentar a maravilha do seu amor, como seus filhos e filhas.
                   Aprendemos na catequese que o nosso Deus é Uno e Trino, e não poucas vezes, ficamos a nos perguntar como isto é possível. Quando se pensa em Deus como Uno, lembramos da sua unidade, assim como Jesus reza: eu e o Pai somos um, quem me vê, vê o Pai; que sejam um assim como eu e tu, Pai, somos um.          
                 Quando pensamos em Trino, lembramos que são pessoas distintas, cada uma com a sua missão específica, mas presente e atuante na missão da outra, de forma que onde uma das pessoas está, estão as outras duas e cada uma contém as outras duas. São pessoas que se amam eternamente e tão intensamente que evitam o isolamento e impedem a exclusão, promovendo a vida e a comunhão. Este é, portanto, o nosso Deus, Santíssima Trindade: unidade na diversidade, a melhor comunidade. Ele é único, mas não é sozinho; Ele é relação. Por ser comunidade de amor, é permanente novidade, envolvendo o universo inteiro numa dinâmica constante de recriação, comprometendo o ser humano a orientar todo o seu viver segundo este mistério.
               Assim, quando falamos em economia,  a nossa reflexão precisa se voltar para a intenção do Deus Trindade a respeito da vida e do ser humano. Em teologia, falamos de Economia da salvação, designando os planos de vida que Deus tem a nosso respeito, que nos proporciona abundância de dons e de bens.
               Essa reflexão nos leva a questionar o modelo econômico injusto, adotado em nosso país, que privilegia alguns e marginaliza tantos irmãos e irmãs. Esta economia que usa os jovens e os descarta segundo os seus interesses, com certeza, não é querida por Deus; pelo contrário, é um atentado à sua imagem presente em cada jovem. Questionamos o acúmulo e o consumismo desenfreado que isola sempre mais as pessoas e as tornam indiferentes frente a realidade dos seus semelhantes.
              A economia precisa estar a serviço da vida e não a vida a serviço da economia. Quando colocada a serviço da vida, ela nos abre perspectivas mais amplas. Ela se torna uma realidade promotora de solidariedade, de justiça, de cuidado com a natureza, de atenção às necessidades básicas de todos e todas. A fartura da mesa nos faz pensar na abundância de vida que o Deus Trindade quer nos proporcionar, convidando-nos a fazer parte do seu mistério.
             Na medida em que trazemos de volta a economia para seus verdadeiros objetivos, nos damos conta da dimensão transcendente da existência humana, chamada a participar da abundância dos bens divinos, que já começam a ser partilhados neste mundo, pelos valores que a fé cristã nos apresenta.

             Que o mistério do Deus Uno e Trino nos inspire atitudes mais proféticas, para cultivarmos uma nova economia pautada pela justiça e solidariedade, promovendo a vida e a dignidade para todos e todas.

Modjumbá axé!

Pe. Degaaxé


terça-feira, 21 de junho de 2011

A FECUNDIDADE DO CASAL HUMANO À LUZ DA BÍBLIA E DO MAGISTÉRIO DA IGREJA

Quero iniciar a partir da Gaudium Spes, 48, um dos documentos do Concílio Vaticano II, que refletindo sobre a missão do casal humano, pelo sacramento do matrimônio, nos faz atentar para a finalidade unitiva e procriativa. Assim se diz o texto: “Por sua própria natureza à instituição matrimonial e o amor conjugal estão ordenados para a procriação e educação da prole, sua coroa... O homem e a mulher pela aliança conjugal já não são dois, mas uma só carne, prestam-se serviço e ajuda um ao outro pela íntima união de suas pessoas e atividades. Esta íntima união, enquanto dom recíproco de duas pessoas, como também o bem dos filhos, exigem uma total fidelidade e requer a indissolubilidade da sua união.

O consentimento matrimonial, como nos diz o Código de Direito Canônico, é o ato da vontade em que um homem e uma mulher, por aliança irrevogável, se entregam e se recebem para constituírem o matrimônio (Cân. 1057, 2) e traz como objetivo a entrega mútua de um homem e de uma mulher para constituírem o matrimônio. A partir daí, nasce esta instituição confirmada pela lei divina, como complementa o próprio Catecismo da Igreja Católica: “O consentimento pelo qual os esposos se entregam e se acolhem mutuamente é selada pelo próprio Deus... A aliança dos esposos é integrada na aliança de Deus com os seres humanos: O autêntico amor conjugal é assumido no amor divino”.

Na verdade, por manifestar o amor divino, o que fazem, na doação mútua, é sagrado, pois é ordem do Criador. Está nos planos de Deus. É o que podemos contemplar em Gn 1, 1-2, 3. O presente texto diz que após ter criado a natureza e os animais de toda espécie, Deus criou o homem e a mulher, à sua imagem e semelhança; abençoando-lhes e dando uma ordem: “crescei e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a...” (27-28) Percebemos que Deus pensou com carinho esta realidade, confiando uma nobre e dupla missão aos dois. E esta vida a dois de fato só se realiza quando houver comunhão interpessoal e comunição real de vida. Para tanto os esposos devem respeitar um no outro a igualdade e a dignidade de pessoa humana, encarando-se frente a frente como auxiliares mútuos, jamais transformando uma das partes como escravo ou ser inferior. Uma vez que foram criados um para com outro, o amor que os une  e os complementa será uno, indissolúvel e total até a morte. Os diversos bens e fins, que brotam deste compromisso é de máxima importância, quer para todo o gênero humano, quer para o beneficio pessoal, quer enfim para dignidade, estabilidade, paz e prosperidade da família humana. E sobre a íntima união entre o homem e a mulher, pela aliança conjugal, através da qual já não são dois, mas uma só carne, comenta o Pe. Olavo Moesh: “há uma misteriosa atração mútua entre homem e mulher para se unirem e formarem uma comunidade real de vida”.

Conclui-se, portanto, que a finalidade do matrimônio é a união íntima dos esposos, tendo em vista também os filhos, seu resultado, fruto e realização. É por isso que se diz: “deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá à sua esposa e os dois serão uma só carne”. Uma só carne não se refere apenas a relação sexual genital, mas uma união mais ampla de corpo, sentimento, espírito... Devem formar de fato uma comunidade real de vida e de amor. Daí a importância de que o ato conjugal aconteça de modo humano, pois enquanto não acontece desta forma , seguindo o que é de desejo do Criador, ao constituir um para o outro, o matrimônio não será válido e, consequentemente não acontecerá a plena comunhão de vida. O matrimônio no plano de Deus deve ser uno, indissolúvel e total.

O amor conjugal comporta uma totalidade, na qual entram todos os componentes da pessoa; dirige-se a uma unidade profundamente pessoal, aquela que, para além da união numa só carne, não conduz senão a um só coração e a uma só alma; ele exige a indissolubilidade e a fidelidade da doação recíproca definitiva e abre-se à fecundidade (cf. Catecismo 1643). O amor dos esposos exige, pos sua própria natureza, a unidade e a indissolubilidade de sua comunidade de pessoas que engloba toda a sua vida, de modo que já não são dois, mas uma só carne (Mt 19,6). Eles são chamados a crescer continuamente nesta comunhão através da fidelidade cotidiana à promessa matrimonial do recíproco dom total. Esta comunhão humana é confirmada, purificada e arrematada pela comunhão em Jesus Cristo, concedida pelo sacramento do matrimônio. A Carta Encíclica Humanae Vitae, ao falar deste assunto, afirma que é preciso que o amor seja total, plenamente humano e livre. Quando se é aberto aos filhos é aberto a vida. E enquanto a vida não é possível (devido a casos de esterilidade) nem por isso a vida conjugal perde o seu valor. O dinamismo do amor conjugal é o que torna os cônjuges fecundos.

Quando se faz referência à Procriação e educação da prole, como coroamento da instituição matrimonial e do amor conjugal, percebe-se que há um prolongamento do ser humano, como pai e mãe, para além da história. Há um sentimento de eternidade. Procriando o ser humano participa do poder de Deus. Como em Deus, a criação é um transbordamento de si mesmo, a procriação é transbordamento da riqueza interior do homem e da mulher. Quer dizer que não basta a união conjugal, é preciso formar a família.

Na ordem da Redenção e da Graça, Cristo abençoou copiosamente este amor à imagem da sua relação com Igreja. E assim como Deus vem ao encontro do seu povo, numa aliança de amor e fidelidade, Cristo, Salvador dos seres humanos e esposo da Igreja, vem ao encontro dos esposos com o sacramento do matrimônio. E não só vem ao encontro como permanece com eles. Neste sentido, a Familiaris Consortio, 56 vai dizer que “o dom de Jesus Cristo não se esgota na celebração do matrimônio, mas acompanha os cônjuges ao longo de toda a sua existência”, manifestando sua fidelidade e assim como ele amou a Igreja e se entregou por ela, motiva os esposos a darem-se um ao outro a se amarem com perpétua fidelidade. Este é um sacramento especial, pois consagra os esposos, ajudando-os e fortalecendo-os em sua sublime missão de pai e mãe, para que avancem sempre mais na própria perfeição e mútua santificação.



Modjumbá axé!

Pe. Degaaxé

EXPERIÊNCIA DE DEUS NA FACE DO OUTRO: UM MISTÉRIO QUE ME ULTRAPASSA

            Para esta reflexão utilizo um dos escritos do Pe. Waldemar, quando então Casante da Família Calabriana, o qual nos falava da paixão por Deus e pelo ser humano, tendo como ícones a Samaritana e o Bom Samaritano. Faço uso também do livro Se quiser experimentar Deus, escrito pelo monge Anselm Grüm.

Paixão por Deus: A Samaritana e a nossa experiência de Deus

Se tomarmos em mãos o texto de João 4, 1-42 e lermos atentamente, veremos que o grande momento daquela mulher samaritana, não está no texto. Seu grande momento foi a decisão de ir buscar água naquele dia, naquele horário e naquele poço. Alguém estaria lhe esperando e isto ela não sabia. De fato, não foi decisão dela (“Não fostes vós que me escolhestes...”). Como ela fez tantas vezes, embrenhou-se numa verdadeira aventura, mas diferentemente das outras vezes, esta aventura lhe trouxe verdadeiro sentido. Ela realizou uma experiência de plenitude, de vida eterna.
           Experiência tem a ver com desinstalação, com disposição. Se quero experimentar algo, tenho que estar disposto. “Não existe experiência desinteressada. Só pode experimentar alguma coisa quem deseja experimentar” (Scholl). Toda experiência exige uma abertura interior, um abrir-se para deixar que o novo entre dentro de nós e disposição para deixar-nos atingir e tocar por aquilo que vem ao nosso encontro.
Experimentar, muitas vezes, tem a ver com sofrer. Quem quiser se preservar de todos os perigos, terá que ficar em casa. Pôr-se a caminho pode ser perigoso. Quem quiser experimentar alguma coisa tem que arriscar. Aquele que sai de viagem está correndo um risco. Sem correr riscos, ninguém pode experimentar coisas novas.
A partir do Cântico dos Cânticos, sabemos que a razão de buscarmos a Deus é que Deus nos procurou e nos tocou com seu amor. Nossa busca de Deus é, portanto uma história de amor. Nosso anseio pelo amor de Deus só há de se encerrar com a morte, quando encontrarmos Deus em definitivo. No dia em que desistirmos de buscar a Deus, passaremos a nos contentar com coisas sem valor, como o filho pródigo da parábola (Lc 15, 11-32). Nesse dia procuraremos saciar nossa fome com as bolotas destinadas aos porcos. Só enquanto buscarmos a Deus é que nossa alma permanece viva.
Através desta situação (encontro com a Samaritana), Jesus nos garante que nossa vida é o verdadeiro lugar do encontro e da experiência de Deus. Se não conseguimos sentir a Deus é porque não temos coragem de nos sentirmos a nós mesmos. Falta coragem para admitirmos nossas reais limitações. O que escondo de mim mesmo, esconde de mim a face de Deus. Sendo assim, continuarei com sede, vazio. Percebamos então, que Jesus só se revelou quando a mulher se desarmou.
Deus mesmo colocou em nosso coração o desejo da eterna comunhão com ele. Queiramos ou não, em tudo quanto buscamos apaixonadamente, em última análise, estamos em busca de Deus. Esta mulher trilhou por tantos caminhos e... nada. Jesus a ajudou a descobrir que sua sede era sede de sentido, de plenitude, sede de Deus.
Todos nós conhecemos a célebre palavra de Santo Agostinho: “Inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti, ó meu Deus”. E ainda: “Não acredito que possa encontrar alguma coisa que eu deseje tanto como Deus”. Nossa vocação é manter vivos os desejos do coração, para que assim permaneça aberto para Deus, e para que este coração se abra também para as outras pessoas. Não há outro modo de experimentar plenitude de vida.
Quando me interrogo por meu desejo mais profundo, descubro como desejaria responder ao desejo que Deus tem por mim, ao amor de Deus. Meu desejo mais profundo consiste em me  fazer inteiramente transparente para o amor e a bondade de Deus, para a misericórdia e a doçura de Deus, sem deturpação alguma por meu egoísmo, sem nenhum obscurecimento por meio de minha própria necessidade de reconhecimento e de êxito. Assim estarei sempre mais aberto às necessidades alheias como um bom samaritano.
Paixão pelo ser humano: Ser Bom Samaritano para encontrar Deus

           Os discípulos viram a Deus na face de Jesus cristo. No encontro com o ser humano Jesus, Deus se manifestou a eles. Na maneira como Jesus falava, em seu jeito de olhar, de tocar, de dirigir-se aos outros, eles experimentaram a Deus. “Quem me vê, vê o Pai” (Jô 14, 9).
Não é só em Jesus que podemos ter a experiência de Deus, mas também em cada ser humano. No monaquismo primitivo, vigorava esta palavra: “Quem vê o irmão, vê a Deus”. O próprio Jesus, no discurso do juízo final em Mt 25, 31-46, identificou-se com os pobres, os doentes, os sem-roupa e sem-teto.
Na verdade, para com estes caídos à beira do caminho, devo ter as mesmas atitudes de Cristo. Este é meu lugar de encontro com o verdadeiro Deus. Tomando o texto de Lc 10, 25-37, vemos que Jesus é o Bom Samaritano, por excelencia, pois se inclinou à nossa miséria, nos ergueu e nos curou. Convida a termos suas mesmas atitudes e sentimentos. Quem reconhece o próprio Cristo no rosto de quem sofre necessidade, há de ir ao seu encontro de uma forma diferente e de tratá-lo de maneira diferente. Não podemos ver Deus diretamente no ser humano. É necessário termos olhos de fé para nesta pessoa concreta vermos mais do que os olhos vêem. Tenho que meditar profundamente no mistério do ser humano. Não posso restringir o outro àquilo que nele percebo. Em cada um está presente um mistério que o ultrapassa, um núcleo divino, e mais, Deus mesmo mora em cada ser humano. Se eu realmente meditar sobre o outro, hei de reconhecer quão pouco sei sobre ele, e como nele me deparo com algo que não sou mais capaz de descrever. É Deus, em última análise, que brilha para mim no irmão e na irmã. Para que o outro seja meu próximo, eu preciso fazer-me próximo a ele.
De muitos santos se conta que Deus veio ao seu encontro justamente na face do pobre e do enfermo. Quando São Martinho dividiu seu manto com o pobre, Cristo apareceu-lhe em sonhos e lhe revelou que aquele pobre era ele mesmo. Quando São Francisco beijou o leproso, nele reconheceu Cristo. Precisamente na pessoa que não tem nada de atraente a apresentar aos outros pode brilhar para nós o mistério de Deus. Esta realidade também não foi difícil para o Calábria que, a partir da sua descoberta sobre a paternidade de Deus, não considerava como estranhas as pessoas que lhe vinham ao encontro, mas irmãos e irmãs a serem amados e acolhidos, principalmente se passam necessidade. Podemos exercitar-nos para considerar o outro com os olhos da fé. Mas para que no outro possamos experimentar o próprio Deus, é  necessária a sua graça. Sempre é apenas por um momento que Deus brilha para nós no outro. Depois já não o vemos mais. Ocorre conosco o mesmo que ocorreu com os discípulos de Emaús. No momento de partir o pão “abriram-se os olhos deles e o reconheceram, mas ele desapareceu” (Lc 24, 31).
A experiência de Deus na face do irmão ou da irmã exige de nós total sensibilidade e atenção. Trata-se de um modo diferente de relacionar-se. Não podemos permitir que nossos encontros com as pessoas sejam tão vazios ao ponto de nos impedir de fazer a experiência do eterno, do Deus amor. Com certeza, cada encontro é uma partilha que se faz e nunca saímos mais pobres. Deus nos ajude a não perdermos um só instante que nos é dado para experimentá-lo e que estes encontros sejam verdadeiramente plenos de sentido.

Axé!
Pe. Degaaxé

ECUMENISMO: RECONHECENDO A DIFERENÇA COMO UMA GRANDE RIQUEZA

"(...) É mister que os católicos reconheçam, com alegria, e estimem os bens verdadeiramente cristãos, oriundos de um patrimônio comum, que se encontram entre os irmãos separados de nós. É justo e salutar reconhecer as riquezas de Cristo e as obras de virtude na vida dos que testemunham em favor de Cristo, às vezes até à efusão de sangue: Deus é sempre admirável e digno de admiração em suas obras" (UR 4/772).

 As diversas iniciativas, no campo ecumênico, empreendidas pelas igrejas cristãs, têm sido fruto de um desejo intenso de comunhão. É impressionante o esforço incansável de aproximação, compreensão e diálogo, existentes nas diversas organizações dos que confessam a mesma fé em todo o mundo. Como vimos acima, é no reconhecimento mútuo do que Deus realiza em cada uma das partes que acontece a comunhão. Tudo isso nos faz perceber a dinâmica do Espírito Santo, para o qual não existem fronteiras que não possam ser derrubadas. Em meio a tantas diversidades, ele vem suscitando a unidade. Este Espírito de Comunhão tem realizado maravilhas, ao longo da história, principalmente no que se refere à própria concepção ecumênica, em que cada uma das partes envolvidas armava-se com muitos argumentos para defender a sua verdade sobre Jesus, criticando os outros, considerando-se donos da verdade, fixando-se mais em suas diferenças, naquilo que causava ainda mais divisão. Houve-se uma abertura maior para a ação do Espírito de sorte que passaram a perceber que o caminho não era aquele, mudou-se a postura e o diálogo passou a nortear as discussões. Percebeu-se que a diferença de cada um pode ser riqueza para o outro; é preciso caminhar e juntos buscar o que é fator de comunhão.

O discurso sobre a busca de unidade, infelizmente foi mal compreendido tanto por parte de algumas lideranças como por parte de outros fiéis. Longe de ser uniformidade ou anulação das diferenças individuais, trata-se de acolher o diferente, respeitando-o no seu modo de ser e refletir, descobrindo sempre mais o que causa aproximação. Esta busca não impede que se pense diferente, mas empurra, ambas as partes à verdade que os une. Quando Jesus diz que é a verdade e quem é da verdade ouve a sua voz, não se refere a ritos, fórmulas ou modos de fazer as coisas, características acidentais. Ele chama a atenção para o que é essencial: a verdade que Ele é. Uma cristologia que parte de Jesus como parâmetro da verdade é uma cristologia que fomenta a unidade. Esta é referência comum a todos. E como a verdade é Jesus, a busca de conhecê-la sempre mais só pode levar-nos a engajarmo-nos no diálogo ecumênico. Recusá-lo conscientemente seria um ato de irresponsabilidade, pecado ou ir contra àquilo que reconhecemos ser correto.

O caminho de aproximação foi iniciado, o passo caracterizado pela fraterna superação das divisões entre as diferentes Igrejas cristãs, já foi dado. O que resta agora é que todos contribuam para vencer as dificuldades, que impedem o avanço ecumênico. O Espírito agiu, fez com que diminuíssemos as tensões; agora temos a grande responsabilidade de ser fiéis à verdade e à justiça enquanto buscamos superar as divergências e trabalhar em conjunto. Sabemos também que o caminho ecumênico tem que ser trilhado com caridade, humildade, prudência, boa formação e amor ao Cristianismo. O Papa, em sua carta sobre a unidade dos cristãos, diz que ‘a divisão contradiz abertamente a vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo, como também prejudica a santíssima causa da pregação do evangelho a toda criatura’ (UUS 6). De fato, a grande vítima tem sido a evangelização, pois é difícil acreditar quando os que pregam o evangelho se comportam como inimigos. É claro que não dá para generalizar, mas se ainda há impasses no entendimento, é por que algumas lideranças das diferentes partes se fecham, acompanhando o processo com um certo indiferentismo a respeito da riqueza que esta novidade pode trazer. Muitos estão com o receio de ficar menos católico, menos protestante, etc. A verdade é que deixamos de pensar como Jesus, que se preocupava com os que precisavam crer a partir do testemunho de união das comunidades cristãs. Esquecemos de que precisamos, como cristãos, estar unidos para que o mundo creia.

Não é conveniente continuarmos chocando as pessoas com um Jesus dividido, um Jesus que só serve para um grupo e não serve para outro. Está mais do que na hora de sermos evangelhos vivos, colocarmos no centro de nossas buscas e aspirações, a pessoa e a proposta de Jesus Cristo. A atitude de Jesus diante do diferente era de escuta e de acolhida; precisamos reaprender dele. Se de fato somos cristãos e acreditamos na possibilidade de unidade rezada por Cristo, realizaremos o que diz Santo Agostinho: "nas coisas essenciais, a unidade; nas coisas duvidosas, a liberdade; em tudo, a caridade". Esta expressão é retomada pelo Concílio Vaticano II, que a propõe como compromisso aos católicos e cristãos de todo o mundo: "Resguardando a unidade nas coisas necessárias, todos na Igreja, segundo o múnus dado a cada um, conservem a devida liberdade, tanto nas várias formas de vida espiritual e de disciplina, quanto na diversidade de ritos litúrgicos, e até mesmo na elaboração teológica da verdade revelada. Mas em tudo cultivem a caridade. Agindo assim, manifestarão, sempre mais plenamente, a verdadeira catolicidade e apostolicidade" (UR 4/771).

                                                                                                                               Modjumbá axé!
Pe. Degaaxé


ESPIRITUALIDADE NO HOJE DA HISTÓRIA

1- O que é Espiritualidade?

            É de fundamental importância, no início desta nossa reflexão, recordarmos o significado de espiritualidade para depois vermos sua implicação hoje.

            Compreende-se por espiritualidade a vivência da fé, a atitude que serve de base à vida. Segundo alguns dicionários, significa qualidade do espiritual, ou doutrina espiritual, piedade real de uma pessoa. Trata-se na verdade, "toda uma vida conscientemente vivida".


2- E a Espiritualidade cristã?

A espiritualidade cristã trata-se de uma vida realizada no Espírito, tendo como novidade a boa-nova de Jesus. É a existência realizada segundo o Espírito que agiu e modelou a existência histórica do Messias. O mesmo Espírito que agiu em Maria para o nascimento de Jesus, que o motivou em sua atividade messiânica, que lhe deu força no difícil momento do seu martírio, que o ressuscitou dos mortos e que uniu em comunidade os primeiros cristãos.


3- Espiritualidade hoje

            a) A urgência de uma renovada espiritualidade

            Vivemos uma nova realidade, ‘uma mudança de época’, que clama por um jeito novo de viver a espiritualidade, uma espiritualidade em que a mensagem do Reino e atuação de Jesus são centrais. "Sentimos o desejo de renovar nossas vidas, como Nicodemos que, ao procurar Jesus na madrugada, recebeu dele o convite a nascer de novo, pelo Espírito (Jo 3, 1-8)" (Fr. Beto). Este nascer é radicado na oração que o próprio Jesus ensina e que tem, neste nosso tempo, um significado todo especial, por trazer a mensagem que inaugura um novo Reino: compromisso fraterno, perdão, tolerância e solidariedade, de um modelar a vida com o jeito de ser de Deus para que a libertação dos males que afligem a pessoa esteja garantida.

            Somos convidados a entrar num clima de encontro mais pessoal e profundo com o Salvador e com toda a sua obra redentora, colhendo os frutos de uma verdadeira renovação espiritual e transformação interior, o que nos leva a estar atentos aos sinais dos tempos, através de um testemunho mais profético, missionário.


            b) Apelos emergentes no hoje de nossa historia

            Esta Espiritualidade visa a atualização da aliança de Deus com o seu povo,  realizada outrora e que é renovada continuamente nos passos que damos, na disposição de fazer sua vontade, recuperando o seu verdadeiro lugar  na história, como Alguém muito presente na vida de seus filhos e filhas, fazendo acontecer o seu reinado, no qual a vida se torna uma grande festa. Assim, como cristãos e cristãs, somos convidados a tomar algumas atitudes:

-          viver o sentido comunitário da fé dentro da comunidade-Igreja;

-          sentir-se Igreja como comunidade fundada por Jesus Cristo, que se manifesta em comunhão, povo de Deus e Corpo de Cristo;

-          criar um clima de purificação e reconhecimento de que somos limitados e pecadores e que assim contribuimos com os inúmeros pecados estruturais;

-          viver um novo ardor missionário que nos leve a contagiar com nossa fé as realidades onde nos encontramos;

-          diante de uma sociedade que escraviza, com sua visão materialista das pessoas e das coisas, precisa-se viver a espiritualidade do Êxodo, precisa sair: criar novas formas de pensar, viver, comportar-se, relacionar-se e até de se inserir. Uma espiritualidade de propostas e não apenas de respostas, que fale ao mundo de hoje, questione os seus modelos e que apresente modalidades mais sublimes de vida humana e cristã;

c) Uma espiritualidade libertadora e reconciliadora

A graça de Deus, agindo no mundo, nas pessoas, oferece a possibilidade de libertação da pessoa dos seus pecados e dos oprimidos na história, convidando à partilha e à solidariedade mútuas, sendo, portanto, uma espiritualidade de libertação. Em outras palavras, o que Deus faz conosco - não só perdoando, mas orientando nossa vida para aquilo que de fato vale a pena - nós devemos fazer uns aos outros, solidariamente. Como nos lembra o Pai Nosso: "perdoa as nossas dívidas assim como nós já perdoamos aos que nos devem" (Mt 6, 12).

Concluamos com alguns pontos propostos pelo Pe. Antoniazzi na vivência da espiritualidade hoje:

1-      realizar uma solidariedade indulgente, de amor fraterno que ajuda a devolver a vida ao irmão;

2-      buscar a reconciliação de pessoas, famílias, grupos (talvez povos), cuja divergências, vinganças e ofensas recíprocas estão arraigadas;

3-      ajudar a devolver a esperança àqueles que estão desorientados ou perdidos;

4-      contribuir para o diálogo e a reconciliação entre e no meio das próprias comunidades cristãs. Promovê-lo também entre as religiões.

Modjumbá axé!
                                                                                                                                                  Pe. Degaaxé

segunda-feira, 20 de junho de 2011

LETRAS DAS MÚSICAS DO CD DEGAAXÉ

CD SOB A AÇÃO DA PROVIDÊNCIA A VOCAÇÃO SE REALIZA

* L e M: Josuel dos Santos Boaventura - Pe. Degaaxé, psdp – TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS



01- PROVIDÊNCIA CRIADORA C6

1- Exulta alegre em quem te fez criatura e com ternura te olhou/ Informe ainda estava o teu ser e pelo nome o Senhor te chamou/ digno, foste criado, como obra prima/ do barro da terra formada/ tu és imagem de quem soprava a vida em ti para uma longa jornada/ e dentre as demais criaturas terrestres, tu foste a mais amada/ tu és a mais amada/.

2- Um novo horizonte, em nossa experiência,/ já começa a despontar/ quando se abandona em Deus Providência,/ que se faz acessível a quem o quer encontrar/ Sua presença acolhida renova a vida/ esta, é dom e tarefa, é plenitude como promessa/ deste Deus que nos chama por amar sem medida/ vocacionados, grande é nossa missão: sermos presença geradora de vida/ presença geradora de vida/

3- Fez grandes coisas por nós, o nosso Deus Criador/ Ele é Providência, Pai, Mãe, Tudo, Amor/ sua bondade é sem limites para quem noutros caminhos insiste/ Como um Bom Pastor, reconduz  quem errou,/ Como uma águia nos incita a voar/ Como um Pai cheio de compaixão, ele cuida de nós, nos conduz pela mão/ Ele nos conduz pela mão/.



02- CANTANDO A BOA NOTÍCIA  G

- O Deus que me chamou, me conhece e espera muito de mim/ como eu era, eu já nem sei/ o que importa é quem me tornei/ em sua iniciativa de amar e chamar, me conquistou/ em minha tentativa de fuga, ele me alcançou/ ficando sempre ao lado dos fracos, o seu Reino assim proclama/ a quem aceita tal desafio, ele nunca abandona/

Ref: /: Eu canto a boa-notícia, nesta alegre canção, para os oprimidos, libertação.:/

2- O Deus do Reino é Libertador dos Oprimidos na história/ pra celebrar esta libertação, na caminhada, o povo faz memória/ o pobre, o negro, o índio, o excluído, o sem-teto e tantos outros/ são Causa assumida por assumida por Deus, que neles mostra seu rosto/ no seu Reinado a prioridade são os mais necessitados/ para continuar seu projeto, todos somos chamados/

3- Agir no mundo com o coração e com os olhos de Deus/ é mística, é compromisso com o Reino que é seu/ Ele acolhe os oprimidos, devolvendo-lhes a liberdade/, tornando-os capazes de ser pessoas com dignidade/ quem se entrega a Deus sem reservas gera o novo e não se cansa/ como profeta, conduz o povo a uma viva esperança/.



03- DEUS É PAI, MÃE , TUDO E  

1- Em sua infinita bondade, Deus Pai nos criou/ com ternura de mãe, de nós ele cuida/ Mesmo que o amor de uma mãe por sua criança cesse/ de seus filhos e filhas, Deus jamais esquece/ Olha nossas necessidades... nada nos deixa faltar/ enriquece a nossa vida/ nos torna capazes de amar, porque.../

Ref: /: Deus é Pai, Mãe, tudo.:/ 

2- As flores não tecem nem fiam e possuem belas vestes/ as aves não ceifam e são alimentadas/ por Deus, sempre o seu sustento está assegurado/ enquanto os seres humanos vivem angustiados.../ Se o seu Reino for buscado sempre em primeiro lugar/ tudo aquilo que necessitarmos, nosso Deus providenciará, porque.../

3- Criados à semelhança e imagem de Deus/ somos, por vocação, os seus filhos queridos/ Descobrindo algo sobre o que ele nos faz, desejamos com ânsia saber muito mais/ Quer que nos sintamos amados, por isso tudo nos dá/ a amar nós somos chamados/ sempre perto de nós ele está, porque.../



04- GERANDO ESPERANÇA E

 Ref: Cantando a vida da juventude, vamos gerando esperança/ sendo presença que transforma, ê/ vamos gerando esperança, a/

1- O que nos identifica é/ o compromisso com a juventude/ seguindo a Cristo e o seu Projeto/ buscamos vida em plenitude/

2- Somos Igreja que assumiu/ a causa jovem pra celebrar/ um tempo novo, pleno de vida/ numa só voz, queremos cantar/

3- A causa jovem é desafiadora/ nos desinstala, nos provoca sim/ quando você assume esta causa/ sua caminhada tem sentido, enfim/

4- Fizemos do Reino nosso ideal, pois Jesus Cristo já nos conquistou/ que jovens e mais jovens possam juntos/ se unir a este Cristo com fervor/



05- JOVEM EM MISSÃO A

Ref: É sua vez de transformar/ chega de acomodação/ ser presença solidária/ jovem a vida é missão/ 

1- jovem você tem uma missão/ construir sociedade justa e um mundo irmão/ na escola ou no trabalho, na família, em qualquer lugar/ na Igreja ou onde for, em missão sempre estará./

2- Entre anseios, dúvidas e muita emoção/ você quer dizer sim, mas às vezes diz não/ por você, ninguém fará a missão que lhe couber/ Quer ser feliz, o que fazer? Muitos irmãos esperam por você!/

3- Caminhar com passos firmes, buscando uma direção/ que traga felicidade e não escravidão/ Deus é o seu anseio e sua realização/ a tudo aquilo que ofende a vida, você, jovem, diga não./



06- MÃE DA DIVINA PROVIDÊNCIA G

Ref: Cheia de graça és ó Maria/ em nossa vida está sempre presente/ Para que nós nunca percamos / a confiança em Deus Pai providente/

1- Da nossa raça, és ó Maria/ tu és a causa da nossa alegria/ acreditaste como ninguém/ tu és feliz, somos felizes também/

2- Foste fiel ao Senhor Deus/ que com amor te escolheu; disseste sim como ninguém/ tu és feliz, somos felizes também/

3- Face materna és de Deus Pai/ que o amor por nós não cesse jamais/ Toda de Deus como ninguém/ tu és feliz, somos felizes também/.



07- 08- DEUS ME CHAMOU Dm

Ref: /: Deus me chamou, eis-me aqui estou:/

1- Desde o princípio ele me amou, ainda informe ele me chamou,/ No ventre materno meu ser, ele modelou/ O seu projeto de vida pra mim é  libertador e me faz dizer sim/ ouço sua voz que convida a  doar vida/ ô, ô, ô, ô, lalaiá, lalaiala, ô, ô, ô, ô/

2- Eis-me aqui é a minha resposta/ para atender à sua proposta/ de felicidade pra muitos que lhe abrem a porta/ Agora entendo que a vocação/ é contribuir para um mundo irmão/ deixando o “barquinho” que fiz pra ser mais feliz/ ô, ô, ô, ô, lalaiá, lalaiala, ô, ô, ô, ô/

3- Com Pedro, João, André e São Tiago aconteceu bem assim o chamado/ pra realizar a vontade do Deus Pai que ama/ Assim como Jesus chamou outrora, chama a mim e a você agora /e pede que a nossa resposta seja sem demora/ ô, ô, ô, ô, lalaiá, lalaiala, ô, ô, ô./



08- EM DEFESA DA VIDA  G

1- A Palavra proferida/ por tua boca, ó Deus da vida/ veio trazer libertação/ Para o povo que sofria/ vida nova não teria/ se não fosse a tua mão/ 

2- Do teu povo humilhado,/ lá no Egito escravizado, sobe a ti lamentação/ Ao ouvir o seu clamor/ derrubaste o faraó/ por Moisés e por Aarão/ 

3- Qual seria a realidade:/ Escravidão ou liberdade?/ Tu, ao povo, irias mostrar/ O teu Projeto de Vida/ foi resposta decisiva/ pra este povo  confiar/ 

4- Teu Projeto contaria/ com quem antes já sentia/ pelo povo afeição/ Moisés, sendo o escolhido,/ pela sarça atraído, / vai apresentar-se, então/ 

5- Pra sua grande surpresa/ sai daquela sarça acesa/ voz por ele percebida/ Quis fugir e recuar/ e, cansado de enrolar, entrega toda a sua vida/ 

6- O teu povo sofredor/ se livrou do opressor/ e se pôs em caminhada/ Era tanta a alegria/ que exclamavam noite e dia:/ sem Javé não somos nada/ 

7- Hoje, este mesmo fato/ é vivido e partilhado/ pelo povo que espera/ Que sem demora aconteça/ e, sem empecilhos, cresça/ o Reino de Deus nesta terra/  

8- O convite de Javé,/ percebido pela fé,/ se repete em nossos dias/ Vem e segue-me sem nada/ onde a vida é ameaçada/ vais em minha companhia/ 

9- Vi, ouvi e aqui desci/ pra fazer o povo subir/ quero que faças o mesmo/ Utilizando os teus sentidos:/ boca, olhos, mãos, ouvidos,/ coração, teu ser inteiro/ 

10- Põe-te agora a caminho!/ Nunca estarás sozinho,/ pois eu sou um Deus presença/ : Sou Trindade, na Unidade/ amo a todos na verdade/ Sou Divina Providência.:/



09- NÃO ÀS DROGAS, SIM A VIDA Gm

- Alguns jovens trilham por muitos caminhos/ em busca da tão sonhada liberdade/ buscam nas drogas a solução pr’os seus problemas, mas no fim eles acabam escravizados.

Ref: /: iê, iê, iê, diga não às drogas/ iê, iê, iê, diga sim a vida.:/

2. Codeína, cocaína, heroína,/ mescalina, crack, LSD,/ anfetamina, nicotina e morfina,/ maconha e haxixe vão arruinar  você./

3. Saia desse pois a droga lhe destrói/ você pode, você deve dizer não/ se você deixar, sua vida ele corrói/ ser infeliz ou ser feliz é sua opção.



10- PALAVRA CONSECRATÓRIA G

Ref: De novo estou a te escutar/ experiência de amor quero ter/ fala, Senhor, não vou recuar!/ teu mensageiro fiel quero ser/

1- Dom de um Deus bom e terno/ nos faz ansiar o eterno/ tua Palavra é verdade/ é tua ternura e bondade/  Promessa realizada/ em nosso meio fez morada/ tua Palavra é fiel/ pois uniu a terra e o céu/

2- Boa-Nova para o mundo/ fruto de um amor tão profundo/ tua Palavra traz paz/ a vida humana refaz/  Luz a iluminar por onde estou a andar/ tua Palavra alimenta/ meus passos firmes, sustenta/

3- Como a água e o fogo/ ela produz algo novo/ tua Palavra é semente/ transforma a vida da gente/  Nova aurora a anunciar/ nova vida a gerar/ tua Palavra é o novo/ a esperança do povo/.





11- A BUSCA FUNDAMENTAL Em

Ref: Buscai sempre em primeiro/ o que é eterno, não  o passageiro/ buscai primeiro o Reino/ e não vos preocupeis/

1- Todos com espírito apostólico/ devemos seguir em frente/ e reavivar no mundo a fé/em Deus Pai Providente/ 

2- O bom exemplo Calábria nos deixou:/ abandono e confiança em Deus Pai Providente/ só ele é nossa esperança/

3- Sejam todos evangelhos vivos/ pedia com insistência para que a nosso exemplo todos creiam na Providência/.



12- MARIA MODELO E

Ref: Maria, modelo de virtudes,/ vem ao nosso lado caminhar/: faze que com nossas atitudes/ possamos teu filho testemunhar.:/ 

1- Maria, dentre todas,/ és a escolhida/ para colaborar na Obra prometida/ em Deus, o teu Senhor,/ geraste um dia a vida/ dando a quem te criou/ uma especial acolhida/ Maria medianeira, Maria hospitaleira/ que na anunciação/ ficaste prazenteira/ por sentir no teu coração/ um fogo devorador/ teu ser entregaste sem condição/ movida só por amor/

2- Maria medianeira/ Maria companheira/ que aos pés da cruz/ na hora derradeira/ mostraste que o amor/ existe para sempre/ abandonaram o teu Senhor/ Tu, porém, ficaste presente/ Maria exultaste/ de alegria em Deus/ por isso exultam sempre/ todos os filhos teus/ tu foste sensível / às necessidades do mundo/ para todos era impossível/ para ti foi profundo/.



13- NOSSA AMIZADE É ASSIM C

Ref:/ Por cantos e recantos que a gente até duvida, que nem se pode imaginar/ vai encontrar tesouros, sentido para a vida/ quem um pouco de si deixar/

1. Nossa amizade é um dom, é presente. Foi feita para durar, para nos transformar/ é uma riqueza pra vida da gente/ é experiência de deixar-se amar para que possa mais se doar/

2- Já dizia um escritor que na vida, nunca estamos isolados, não ficamos sós/ muitos deixam um pouco de si na saída/ e continuam a fazer sua história, carregando um pouco de nós/

3- Por mais limites que alguém possa ter é sempre pérola a ser descoberta e cuidada/ na doação que é capaz de fazer vai revelando o sentido de ser, por querer amar pra valer/



14- SOB A AÇÃO DA PROVIDÊNCIA A VOCAÇÃO SE REALIZA (RAP)  Em

Foi assim que aconteceu a manifestação de Deus, decepção pr’os inimigos/ vida nova para os seus (2X)/

- Este rap conta uma história que é bastante interessante ocorrida numa terra que de nós fica distante. A história é de um Deus que muito amava a seu povo e por causa da Aliança lhe garante mundo novo/ Este povo foi parar em uma terra estrangeira. Trabalhava tipo bicho, rapaz não é brincadeira. Oprimido, maltratado pelas mãos do faraó, mantinha sempre a esperança naquele que não lhe deixaria só/

- Javé, Aquele que é, Javé, o Deus de seus pais - Javé, não falha jamais - não falha jamais/ Foi então que de repente o Deus da vida se mostrou e sem querer explicação a situação ele mudou.

Foi assim que aconteceu a manifestação de Deus, decepção pr’os inimigos/ vida nova para os seus (2X)/

- A Palavra proferida/ por tua boca, ó Deus da vida/ veio trazer libertação/ Para o povo que sofria/ vida nova não teria/ se não fosse a tua mão/ Do teu povo humilhado,/ lá no Egito escravizado, sobe a ti lamentação/ Ao ouvir o seu clamor/ derrubaste o faraó/ por Moisés e por Aarão/ Qual seria a realidade: Escravidão ou liberdade?/ Tu, ao povo, irias mostrar/ O teu Projeto de Vida/ foi resposta decisiva/ pra este povo  confiar/ Teu Projeto contaria/ com quem antes já sentia/ pelo povo afeição/ Moisés, sendo o escolhido,/ pela sarça atraído, / vai apresentar-se, então/ Pra sua grande surpresa/ sai daquela sarça acesa/ voz por ele percebida/ Quis fugir e recuar/ e, cansado de enrolar, entrega toda a sua vida/ 

Foi assim que aconteceu a manifestação de Deus, decepção pr’os inimigos/ vida nova para os seus (2X)/

- O teu povo sofredor/ se livrou do opressor/ e se pôs em caminhada/ Era tanta a alegria/ que exclamavam noite e dia:/ sem Javé não somos nada/  Hoje, este mesmo fato/ é vivido e partilhado/ pelo povo que espera/ Que sem demora aconteça/ e, sem empecilhos, cresça/ o Reino de Deus nesta terra/ 

- Javé, Aquele que  é, Javé, o Deus de seus pais - Javé, não falha jamais - não falha jamais/ 

- O convite de Javé,/ percebido pela fé/ se repete em nossos dias/ Vem e segue-me sem nada/ onde a vida é ameaçada/ vais em minha companhia/  Vi, ouvi e aqui desci/ pra fazer o povo subir/ quero que faças o mesmo/ Utilizando os teus sentidos:/ boca, olhos, mãos, ouvidos,/ coração, teu ser inteiro/  Põe-te agora a caminho!/ Nunca estarás sozinho,/ pois eu sou um Deus presença: Sou Trindade, na Unidade, amo a todos na Verdade/ Sou Divina Providência/ e sob a ação da Providência a vocação se realiza/

Sob a ação da Providência a vocação se realiza (4X)/

- Este Deus manifestado se declara o Deus da vida/ Veio pra salvar o que estava já perdido e pra privilegiar todo povo excluído/ Sua força é imensa, Ele tem muito poder/ Mas pra realizar sua Obra chama a mim e a você/ Que tal, vai encarar?!