sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A DIMENSÃO COMUNITÁRIA NAS CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS


As culturas africanas concebem o ser humano como parte integrante do universo. Nesta participação e comunhão com o universo, o ser humano encontra um dos fundamentos do viver e isto é possível por conceber a terra como um ser vivo, maternal e fecundo. Mas esta participação só é possível se ele está integrado a uma família, a uma comunidade. Esta experiência caracteriza sua identidade de forma bem original, pois para os povos bantu, Deus (NZambi) quando criou o ser humano, o fez de forma comunitária. Num só ato, criou toda a comunidade familiar: o homem, a mulher e as crianças. Portanto, além de ser a mais antiga instituição, é também o conceito fundante para a compreensão da origem e do destino do mundo e das pessoas. Também para os yorubá não será diferente: Deus (Olorum) criou, num mesmo instante, o homem e a mulher. Os criou juntos, fazendo com que a comunidade fosse o centro de suas vivências e é nela que eles devem buscar continuamente reforçar o Axé, em vista de uma vida harmonizada e realizada, conforme o teólogo A. A. da Silva. 
As culturas afro-brasileiras conservam muito esta característica, pois para elas “o Deus da vida é um Deus comunitário. Deus chama e salva não somente o indivíduo, mas todo o povo. Neste caso, o papel fundamental continua sendo da família, como base para construção e compreensão comunitária”, segundo Marcos R. da Silva. Este aspecto mereceu especial atenção no documento de Aparecida, segundo o qual, “os afro-americanos se caracterizam, entre outros elementos, pela expressividade corporal, o enraizamento familiar e o sentido de Deus” (DAp 56). Está muito presente nas reflexões teológicas na ótica do povo negro, segundo destaca o teólogo negro A. A. da Silva: “A comunidade é, portanto, o ponto de referência na vida e na morte: ‘Quem vive comunitariamente, não morre jamais - Ao terminar os seus dias, permanece na comunidade como ancestre’. Ao contrário, ‘quem vive de maneira exclusivista, egoisticamente, morre e não se torna nada mais que um cadáver’.  A comunidade é o critério para a salvação (...) A salvação vem da vivência, da participação e da integração comunitária. Fora da comunidade não há salvação”.
A comunidade é, então, o ponto de intercâmbio entre os vivos e os mortos; é encontro do mundo visível com o invisível. É o centro da unidade que dirige cada pessoa no encontro com os Antepassados, parentes e estranhos. Toda pessoa tem necessidade de viver amparada, sentir o calor humano e a solidariedade do grupo, sem os quais se sentiria perdida e sem horizontes para caminhar e realizar-se. O dinamismo vital – Axé – só é possível em comunidade. A pessoa encontra sua força vital se está em comunhão, se participa da sorte da comunidade. Fora desta - em que acontece a transmissão do Axé - a vida perde o sentido. É certo que a experiência de pertença divina é individual e que a pessoa deve assumir com responsabilidade, mas ela só a vivencia como membro de uma comunidade. Em outras palavras, o desenvolvimento das potencialidades humanas só é possível mediante a experiência comunitária.
A vida, portanto, só tem sentido se for em comunidade, se o ser humano se sentir multiplicado nos demais membros, o que resgata o sentido da família ampliada ou alargada, conforme Franziska Rehbein. Esta realidade é um apelo a somar esforços para combater toda forma de marginalização, que representa um atentado ao jeito afro de ser e que fere princípios fundamentais da pessoa humana. Portanto, o que acontece no individual tem a ver com o todo, proporcionando harmonia ou desarmonia. Sem o sentido comunitário do viver a pessoa se prejudica e, consequentemente, compromete todo o universo. Em outras palavras, a pessoa é chamada a dar a vida pela comunidade.
Axé!
            Pe. Degaaxé

LA DIMENSIÓN COMUNITARIA EN LAS CULTURAS AFRO-BRASILEÑAS

 

Las culturas africanas conciben el ser humano como parte integrante del universo. En esta participación y comunión con el universo, el ser humano encuentra uno de los fundamentos del vivir y esto es posible por concebir a la tierra como un ser vivo, maternal y fecundo. Pero esta participación solamente es posible si él está integrado a una familia, a una comunidad. Esta experiencia caracteriza su identidad de forma bien original, pués para los pueblos bantu, Dios (Nzambi), cuando creó el ser humano lo hizo de forma comunitaria. En un solo acto, creó toda la comunidad familiar: el hombre, la mujer y los niños. Por lo tanto, más allá de ser la más antigua institución, es también el concepto fundante para la comprensión del origen y del destino del mundo y de las personas. También para los yorubá no será diferente: Dios (Olorum) creó, en un mismo instante, el hombre y la mujer. Los creó juntos, haciendo que la comunidad sea el centro de sus vivencias y es en ella que ellos deben buscar continuamente reforzar el Axé, en vista de una vida armonizada y realizada, conforme el teólogo A. A. da Silva. 
Las culturas afrobrasileñas conservan mucho esta característica, pués para ellos “el Dios de la vida es un Dios comunitario. Dios llama y salva no solamente al individuo, sino todo el pueblo. En este caso, el papel fundamental continúa siendo de la familia, como base para la construcción y comprensión comunitaria”, según Marcos R. da Silva. Este aspecto mereció especial atención en el documento de Aparecida, según el cual, “los afro-americanos se caracterizan, entre otros elementos, por la expresividad corporal, el enraizamiento familiar y el sentimiento de Dios” (DAp 56). Está muy presente en las reflexiones teológicas en la óptica del pueblo negro, según destaca el teólogo negro A. A. da Silva: “ la comunidad, es por lo tanto, el punto de referencia en la vida y en la muerte: quien vive comunitariamente, no muere jamás – al terminar sus días, permanece en la comunidad como un ancestro”. Al contrario, “quien vive de manera exclusivista, egoistamente, muere y no se torna nada más que un cadaver”. La comunidad es el criterio para la salvación (...) La salvación viene de la vivencia, de la participación y de la integración comunitaria. Fuera de la comunidad no hay salvación”.
La comunidad es, entonces, el punto de intercambio entre los vivos y los muertos; es encuentro del mundo visible con el invisible. Es el centro de la unidad que dirige cada persona en el encuentro con los Antepasados, parientes o extraños. Toda persona tiene necesidad de vivir amparada, sentir el calor humano y la solidaridad del grupo, sin los cuales se sentiría perdida y sin horizontes para caminar y realizarse. El dinamismo vital – Axé – solamente es posible en comunidad. La persona encuentra su fuerza vital si está en comunión, si participa de la suerte de la comunidad. Fuera de esta – en la que sucede la transmisión del Axé – la vida pierde sentido. Es cierto que la experiencia de pertenencia divina es individual y que la persona debe asumirla con responsabilidad, pero ella sólo la vivencia como miembro de una comunidad. En otras palabras, el desenvolvimiento de las potencialidades humanas sólo es posible mediante la experiencia comunitaria.
La vida, por lo tanto, sólo tiene sentido si es en comunidad, si el ser humano se siente multiplicado en los demás miembros, lo que rescata el sentido de la familia ampliada o alargada, según Franziska Rehbein. Esta realidad es un apelo a sumar esfuerzos para combatir toda forma de marginalización, que representa un atentado a la forma afro de ser y que hiere principios fundamentales de la persona humana. Por lo tanto, lo que sucede en lo individual tiene que ver con el todo. Proporcionando armonía o desarmonía. Sin el sentido comunitario de vivir la persona se perjudica y, por consecuencia, compromete todo el universo. En otras palabras, la persona es llamada a dar la vida por la comunidad.
Axé!
Pe. Degaaxé
Tradução: María Erika Martínez

 

sábado, 24 de novembro de 2012

A REALEZA DE CRISTO E O TESTEMUNHO DOS MÁRTIRES DA CAUSA NEGRA


         Somos convidados a refletir sobre o significado da missão de Cristo e a nos deixar questionar sobre a nossa compreensão de rei e de reino. Cristo tinha duas paixões: a paixão pelo reino de Deus e a paixão pelo Deus do reino. Ao dirigir sua mensagem às pessoas não falava de si, mas do reino e do Pai. Jesus nunca definiu o que vem a ser o reino de Deus, mas disse que já está entre nós e que podemos identifica-lo. Suas próprias ações libertadoras em favor dos pequenos e pobres revelam que um novo tempo já começou; finalmente, o reino de Deus chegou. O discurso inaugural de tão importante evento ele o faz para gente considerada sem importância. Portanto, estamos diante de um reino diferente.
         A nossa compreensão de reino não pode prescindir da postura do próprio Jesus que, ao longo de toda a sua vida pública, quando era elogiado, não permitiu ser chamado de rei, mas admite ser rei diante de Pilatos, no momento em que estava aparentemente derrotado, sem defesa, injustiçado e inocentemente condenado. Também naquele momento continuava a mensagem das Bem-aventuranças: bem-aventurados sois vós que passais pelo que estou passando, pois vosso é o reino dos céus. Como coroa recebe a de espinhos e como trono assume a cruz. Como entender este rei e este reino? Ele dirá que não é para ser entendido e sim acolhido e vivido, pois o reino é dom. Portanto, o reino que Jesus testemunha não é deste mundo, mas já acontece neste mundo através da realidade concreta das nossas culturas, conforme expressa o papa Paulo VI na exortação apostólica Evangelii Nutiandi n. 20: “O reino que o evangelho anuncia é vivido por pessoas profundamente ligadas a uma determinada cultura e a edificação do reino não pode deixar de servir-se de elementos da civilização e das culturas humanas”.
         Por isso que a inculturação é tão valorizada e incentivada pela Igreja, pois ela permite uma maior e melhor assimilação da mensagem do evangelho pelas diferentes culturas, fazendo-nos reconhecer a riqueza do reino de Deus na diversidade cultural. Não se pode suprimir a diversidade cultural, pois se o fizermos estaremos suprimindo um pedaço de Deus. Por isso celebramos, resgatando os valores das culturas negras, reconhecendo toda a sua riqueza e contribuição na evangelização. O documento de Aparecida vê como “uma riqueza pela presença de novas expressões e valores, manifestando e celebrando cada vez melhor o mistério de Cristo, conseguindo unir fé e vida e assim contribuindo para uma catolicidade mais plena” (DAp. 479). Isso acontece através da ornamentação carinhosa e cuidadosamente preparada; das vestes, da música, dos instrumentos, das danças e da partilha. Há uma maior dinamicidade acontecendo, que traduz um jeito de ser negro/negra, que se manifesta na alegria e com muito gingado, ajudando a Igreja a ser plenamente católica.
           Recordamos Zumbi dos Palmares e com ele, tantos negros e negras que tombaram, vítimas do racismo que contamina o coração das pessoas e suas inúmeras relações. A realidade de discriminação e exclusão pela qual passa a comunidade negra é uma perpetuação dessa situação que continua a estabelecer critérios injustos, privilegiando uns e ferindo a dignidade de outros. O exemplo de Zumbi e de tantos outros mártires da causa negra devem nos motivar na caminhada para que nos tornemos fieis instrumentos da realeza de Cristo, o profeta da não-violência, que assumiu sobre si toda sorte de dor, racismo, discriminação, preconceito e os superou. Dele recebemos a vida que não morre jamais e com ele reconhecemos que todos somos filhos e filhas de Deus, com iguais direitos e dignidade.
          A realeza de Cristo é totalmente oposta à realeza do mundo, pois os reinos deste mundo exercem domínio, oprimem e excluem. O reino de Jesus liberta e integra. Nós que seguimos Jesus, somos pessoas limitadas e por isso mesmo, levamos sua mensagem como tesouro em vasos de barro. É fácil confundirmos o reino de Deus com nossa mentalidade exclusivista e excludente, pois o associamos à Igreja e o reino de Deus vai além das fronteiras da Igreja. Jesus criticou severamente os discípulos por terem feito calar alguém que não era do grupo, mas falava em nome de Jesus. Isso quer dizer que Jesus Cristo não é propriedade dos cristãos nem de nenhuma cultura. É patrimônio universal. Jesus não se deixa prender; o seu reino também não. O reino de Deus não tem fronteiras. É este reino que a comunidade negra procura testemunhar com sua vivência.

Axé!
Pe. Degaaxé

LA REALEZA DE CRISTO Y EL TESTIMONIO DE LOS MÁRTIRES DE LA CAUSA NEGRA


          Estamos invitados a refleccionar sobre el significado de la misión de Cristo y a dejarnos cuestionar sobre nuestra comprensión de rey y de reino. Cristo tenía dos pasiones: la pasión por el reino de Dios y la pasión por el Dios del reino. Al dirigir su mensaje a las personas no hablaba de si, sino del reino y del Padre. Jesús nunca definió lo que viene a ser el reino de Dios, pero dice que ya está entre nosotros y que podemos identificarlo. Sus propias acciones libertadoras em favor de los pequeños y pobres revelan que un nuevo tiempo ya comenzó; finalmente, el reino de Dios llegó. El discurso inaugural de un evente tan importante él lo hace para gente considerada sin importancia. Por lo tanto, estamos delante de un reino diferente.
Nuestra comprensión del reino no puede prescindir de la postura del propio Jesús que, a lo largo de toda su vida pública, cuando era elogiado, no permitió ser llamado de rey, pero admite ser rey delante de Pilato en el momento en que estaba aparentemente derrotado, sin defensa, injusticiado e inconcientemente condenado. También en aquel momento continuaba el mensaje de las bienaventuranzas: bienaventurados sois vos que pasais por lo que estoy pasando, pués voso es el reino de los cielos. Como corona recibe la de espinas y como trono asume la cruz. Cómo entender este rey y este reino? Él dirá que no es para ser entendido y si, acogido y vivido, pués el reino es don. Por lo tanto, el reino que Jesús testimonia no es de este mundo, pero acontece en este mundo a través de la realidad concreta de nuestras culturas, según expresa el Papa Pablo VI en la exortación apostólica Evangelii Nuntiandi n. 20: “ El reino que el Evangelio anuncia es vivido por personas profundamente ligadas a una determinada cultura y la edificación del reino no puede dejar de servirse de elementos de la civilización y de las culturas humanas”.
Es por eso que la inculturación es tan valorizada e incentivada por la Iglesia, pués ella permite una mayor y mejor asimilación del mensaje del Evangelio por las difentes culturas, haciendonos reconocer la riqueza del reino de Dios en la diversidad cultural. No se puede suprimir la diversidad cultural, pués si lo hacemos estaremos suprimiendo un pedazo de Dios. Por eso celebramos, rescatando los valores de las culturas negras, reconociendo toda su riqueza y contribución en la evangelización. El documento de Aparecida ve como “una riqueza por la presencia de las nuevas expresiones y valores, manifestando y celebrando cada vez mejor el misterio de Cristo, consiguiendo unir fe y vida y así contribuyendo para una catolicidad más plena” (Dap. 479). Eso sucede a través de la ornamentación cariñosa y cuidadosamente preparada; de las vestiduras, la música, los instrumentos, las danzas y el compartir. Hay una mayor dinamicidad aconteciendo, que traduce una forma de ser negro/negra que se manifiesta en la alegría y con mucho anadear, ayudando a la Iglesia a ser plenamente católica.
Recordamos a Zumbi de los Palmares y con él, tantos negros y negras que cayeron, victimas del racismo que contamina el corazón de las personas y sus inumerables relaciones. La realidad de discriminación y exclusión por la cual pasa la comunidad negra es una perpetuación de esa situación que continúa estableciendo criterios injustos, privilegiando unos e hiriendo la dignidad de otros. El ejemplo de Zumbi y de tantos otros martires de la causa negra nos deben motivar en el camino para que nos volvamos fieles instrumentos de la realeza de Cristo, el profeta de la no violencia, que asumió sobre sí toda suerte de dolor, racismo, discriminación, preconcepto y los superó. De èl recibimos la vida que no muere jamás y con él reconocemos que todos somos hijos e hijas de Dios, con iguales derechos y dignidad.
La realeza de Cristo es totalmente opuesta a la realeza del mundo, pués los reinos de este mundo ejercen dominio, oprimen y excluyen. El reino de Jesús liberta e integra. Nosotros que seguimos Jesús, somos personas limitadas y por eso mismo, llevamos su mensaje como tesoros en vasijas de barro. Es facil confundir el reino de Dios con nuestra mentalidad exclusivista y excluyente, pués asociamos a la Iglesia y el reino de Dios va más allá de la Iglesia. Jesús criticó severamente los discipulos por haber hecho callar a alguien que no era del grupo, pero que hablaba en el nombre de Jesús. Eso quiere decir que Jesucristo no es propiedad de los cristianos ni de ninguna cultura. Es patrimonio universal. Jesús no se deja prender; su reino también no. El reino de Dios no tiene fronteras. Es este reino que la comunidad negra busca testimoniar con su vivencia.

Axé!
Pe. Degaaxé
Tradução: Maria Erika Martínez

domingo, 18 de novembro de 2012

APONTAMENTOS TEOLÓGICOS ORIENTADORES PARA CELEBRAR EM PROFUNDIDADE O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


A dimensão da acolhida como ponto forte de nossas culturas
O ambiente fala muito sobre a nossa fé e a ornamentação do mesmo já é a celebração acontecendo. Tudo convida a sentir-se em família, sendo a acolhida o nosso ponto forte. Essa característica nos reporta às nossas origens africanas, em que a acolhida vai além de um simples gesto. Quando a pessoa entra na amizade da família, é integrada como membro daquela família. Aqui no Brasil, em épocas de escravidão, o povo negro, nos quilombos, acolhia os indígenas que estavam sendo dizimados e os brancos que, por não concordarem com o sistema escravagista opressor, eram perseguidos. Estas pessoas eram incorporadas à família quilombola, protegidas e tratadas dignamente. Esta cultura da acolhida está muito arraigada no povo brasileiro, especialmente entre os mais pobres, que ‘fazem das tripas coração’ para acolher bem a quem chega.
A inculturação como exigência da evangelização
A questão da inculturação na Igreja não é uma coisa forçada ou superficial, mas algo necessário, fundamental. É parte integrante do processo evangelizador. A Igreja, em sua atividade missionária, ao aproximar-se das culturas, é convidada a estabelecer um profundo intercâmbio de dons: ao levar a riqueza de sua liturgia, reconhece e assimila a riqueza dos valores culturais. Ela “é chamada a congregar todas as pessoas, a falar todas as línguas e penetrar todas as culturas”. Isso ela faz, respeitando os valores de bem que as pessoas trazem e que lhe são razão de identidade. Em se tratando de culturas negras, o elemento fundamental para resgate desta identidade é a consciência. Sem consciência a identidade fica fragmentada, impedida de contribuir com sua riqueza de valores para transformar o meio em que se vive.
Celebrar a consciência negra
Consciência negra para os afrodescendentes, não se trata de ter ou não a pele escura. É atitude, convicção, tomada de posição, sentimento de pertença. Trata-se do reconhecimento, na própria vida, dos valores e características do povo negro. É o processo que chamamos negritude - um jeito de ser e de viver de cada negro ou negra, que assume com coragem e ousadia a própria identidade negra, como bem incentivou o papa João Paulo II, na abertura da Conferência de Santo Domingo: “Encorajo-vos a defender a vossa identidade, a ser conscientes dos vossos valores e fazê-los frutificar. A fé não destrói, mas respeita e dignifica as culturas, mesmo com as diferenças”. Ao celebrarmos a consciência negra, resgatamos na liturgia os valores do povo negro, dando destaque à figura de Zumbi, mártir da causa negra, assassinado no quilombo dos Palmares, no dia 20 de novembro, por lutar pelos ideais que o Evangelho ensina e que garantem a dignidade das pessoas, enquanto filhos e filhas de Deus. A partir do martírio de Zumbi, esse tornou-se o Dia Nacional da Consciência Negra.
Mistério da páscoa de Cristo e a realidade do povo negro
Mas o centro de toda celebração litúrgica é o próprio Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou, identificando-se com todos os crucificados da nossa história, não para que deixá-los do mesmo jeito, mas para trazer-lhes um novo sentido de viver. O povo negro, mesmo tendo recebido esta fé em condições desfavoráveis, identificou-se muito com este processo e começou a celebrar a sua história sofrida, mas cheia de esperança, no Mistério da Páscoa de Cristo, encontrando aí motivações para sua caminhada. Celebramos com um novo rosto, tomando consciência da riqueza do Reino de Deus, que acontece na diversidade das culturas, através da criatividade dos gestos, da alegria, da dança, da acolhida, da comida, dos símbolos. O próprio Deus, em nosso meio assume o nosso rosto, nossa cor, nossa cultura, nosso jeito, revelando que está conosco, sofrendo nossa humilhação e a nossa dor, e reforçando nossas alegrias e esperanças.
Martírio e povo negro
No sangue de Cristo derramado, encontramos o sangue de Zumbi dos Palmares, da escrava Anastácia, de Manuel Congo e de todos os mártires da causa negra. Portanto, não é momento de se lamentar, mas de bendizer a Deus pelos que tombaram por causa da justiça e continuar cultivando a fraternidade, a solidariedade, a alegria e o engajamento profético, como testemunho do advento do Reino de Deus entre nós. Inspirados no gesto solidário de Cristo, o nosso engajamento é também solidário, pois nos sentimos unidos a todos aqueles e aquelas que em nossa sociedade lutam por justiça, dignidade e vida, completando na própria carne aquilo que falta à paixão de Cristo. Mas sabemos que Deus se faz ser humano em Jesus para libertar o ser humano de tudo daquilo que não o deixa ser humano. Por isso acreditamos que outra realidade ainda é possível. Estamos convictos, como dizia Dom Pedro Casaldàligas, que “quem celebra a paixão e morte do Senhor, acredita na libertação de todas as pessoas e povos. A sua Páscoa é a nossa páscoa. Na sua morte entram todas as mortes, na sua Ressurreição vivem, sobrevivem, todas as esperanças”.
Tudo o que existe tem sentido e é sagrado
A liturgia pede atenção aos sinais dos tempos, através dos quais o reino de Deus vai acontecendo. Deus se faz presente em nossa realidade concreta e conduz com amor todas as coisas. Nada escapa ao seu olhar e nenhum fio da nossa cabeça cai sem que ele perceba. Realmente, só o amor explica a preocupação com tantos detalhes. O povo negro vive esta realidade com muita profundidade, olhando a vida com um olhar de fé, acreditando que tudo o que existe é envolvido pela dimensão do sagrado. Por isso expressa muito cuidado com a vida, com as crianças, com os idosos e com a natureza, pois a natureza é parte do ser humano e o ser humano é parte dela. Somos chamados a uma fraternidade universal.
Ancestralidade e comunidade
Segundo os planos de Deus, as pessoas são chamadas a viver com sabedoria para que possam brilhar para sempre como estrelas no firmamento. O povo negro reflete esta realidade através da ancestralidade. Este tema está diretamente ligado com a dimensão comunitária, pois sábia é a pessoa que sabe viver em comunidade. Portanto, o idoso é o sábio, por excelência, pois tem experiência comunitária acumulada. Segundo um ditado africano, “um idoso sentado enxerga mais longe do que um jovem de pé”; um outro ainda diz: “um idoso que morre é uma biblioteca que se fecha”. Ainda segundo esta visão, Deus fez o ser humano de forma comunitária, fazendo da comunidade o centro de suas vivências. A comunidade aqui tem o sentido muito amplo: é compreendida como um conjunto das pessoas que vemos (os vivos) e daquelas que não vemos (os Ancestrais). Num sentido cristão, essa realidade recorda a comunhão dos santos. Para o povo negro, quando alguém morre, não se ausenta, pois, depois que é desfeito o elemento material, ela permanece na comunidade como ancestre. Portanto, a morte não é um fim absoluto. O Ancestral é alguém que vive de outra forma e continua motivando o viver dos que ficam.
Há pessoas que passaram em nossa vida e que se tornaram Ancestres e outras, que nem merecem ser lembradas. O critério fundamental continua sendo a vivência comunitária. Há pessoas que não se encaixam nessa proposta, como se não tivessem sido feitas para isso, vivendo de uma forma totalmente egoísta, pensando apenas em si mesmas. Há outras que se sacrificam pela comunidade, pela família e, ao “morrerem”, jamais serão esquecidas. Portanto, a experiência de comunidade, vivida ou não, é que vai definir o rumo da nossa existência. Muitos dos nossos avós, bisavós, etc. já estão noutro plano da existência. Nós os homenageamos, não por serem mortos, mas por fazerem parte da nossa vida e serem também inspiradores nos passos que damos. Nossos Antepassados, portanto, também fazem parte da caminhada e continuam fazendo história conosco. Na Antiga Aliança Deus se declara como Deus dos antepassados, não por ser Deus de mortos, mas de vivos. Quando Jesus sobe ao monte Tabor, leva consigo Pedro, Tiago e João para uma experiência reveladora. Ele permite e valoriza a presença de Moisés e Elias, antepassados do seu povo.
Bíblia e povo negro
Esse bonito tema da ancestralidade nos reporta muito às Sagradas Escrituras, por estarmos intimamente ligados com a sua composição, ou seja, parte das histórias bíblicas aconteceu na África e, mesmo as que não aconteceram por lá, envolvem, de alguma forma, a presença de africanos. Veja, por exemplo, José, filho do patriarca Jacó foi acolhido na África (Egito) e lá foi valorizado com seu talento de intérprete de sonhos – para o povo africano, a revelação de Deus acontece também através dos sonhos. Moisés foi iniciado nos conhecimentos africanos, através da ciência egípcia e tornou-se poderoso em palavras e obras. Jeremias estava preso numa cisterna, durante a invasão da Babilônia a Jerusalém e foi salvo por Ebed Melec, um africano, funcionário do rei. Jesus foi acolhido na África (Egito) para escapar da perseguição de Herodes e quando conduzia a cruz ao monte Calvário, foi ajudado por um africano, chamado Simão, da cidade de Cirene, da Líbia. Um funcionário da rainha Candace, da Etiópia, foi evangelizado e batizado por Filipe, de sorte que, quando as nações europeias invadiram a África, já existia o cristianismo lá. Ainda hoje existem, na África, as Igrejas Cristãs (dos primeiros séculos) e Igreja Católica Romana (dos tempos da colonização).
Evangelização e escravidão
        Em tempos de colonização, esta Bíblia – que teve a participação afro, em sua elaboração - foi utilizada pelos colonizadores para justificar a escravidão, insistindo-se, principalmente, na figura melancólica de Jesus, excessivamente doce, que aceitou o sofrimento porque era vontade de Deus, de sorte que toda tentativa de fuga ou de desobediência ao senhor de escravo era agir contra os ensinamentos de Jesus e, portanto, ficavam impedidos de recebê-lo na eucaristia. Tal situação impingia à comunidade negra atitudes de conformação ao sofrimento, à escravidão. A Bíblia passa a ser usada então como instrumento de opressão.
        Mas ao longo de todo este período, a própria comunidade negra havia percebido que aqueles que catequisavam deixavam muito a desejar sobre o verdadeiro significado da mensagem que levavam. A partir de sua própria descoberta sobre Jesus, a comunidade negra percebeu a sua identificação e solidariedade com relação aos pobres e todos os que sofrem; e seu engajamento em vista da transformação desta realidade. Perceberam que seus senhores catequistas haviam esvaziado a bíblia de sua força profética. Redescobrem a Palavra de Deus como fonte de libertação e de vida nova. A presença de afrodescendentes, seguindo fielmente a Jesus Cristo, vem marcando significativamente a vida da Igreja, contribuindo, de forma dinâmica, para que ela cumpra com fidelidade a missão que recebeu. Em contrapartida, esta Igreja “Mãe” tem buscado realizar um discipulado reparador, reconhecendo os limites da evangelização passada, apoiando e incentivando a comunidade negra em suas justas reivindicações em vista da vida plena, profecia do reino de Deus. É com esses sentimentos que queremos celebrar a consciência afrodescendente (negra), no reconhecimento dos passos dados e na certeza de que precisamos avançar sempre mais no diálogo e na compreensão.
Axé!
Pe. Degaxé

APUNTES TEOLÓGICOS PARA CELEBRAR, PROFUNDAMENTE, EL DÍA DE LA CONCIENCIA NEGRA


La dimensión de acogida como punto fuerte de nuestras culturas
El ambiente habla mucho sobre nuestra fe y la ornamentación del mismo ya es la celebración sucediendo. Todo invita a sentirse en familia, siendo la acogida nuestro punto fuerte. Esa característica nos lleva a nuestros orígenes africanos, en donde la acogida va más allá de un simple gesto. Cuando la persona entra en amistad con la familia, es integrada como miembro de ella. Aquí en Brasil, en épocas de esclavitud, el pueblo negro, en los quilombos, acogía a los indigenas que estaban siendo diezmados y los blancos que por no estar de acuerdo con el sistema esclavista opresor, eran perseguidos. Estas personas eran incorporadas a la familia quilombola, protegidas y tratadas dignamente. Esta cultura de acogida está muy enraizada en el pueblo brasileño, especialmente entre los más pobres, que “hacen de tripa corazón” para acoger bien a quien llega.
La inculturación como exigencia de la evangelización.
La cuestión de la inculturación en la Iglesia no es una cosa forzada o superficial, sino algo necesario, fundamental. Es parte integrante del proceso evangelizador. La Iglesia, en su actividad misionera, al aproximarse a las culturas, está invitada a establecer un profundo intercambio de dones: al llevar la riqueza de su liturgia, reconoce y asume la riqueza de los valores culturales. Ella “es llamada a congregar a todas las personas, a hablar todas las lenguas y penetrar en todas las culturas” . Eso ella hace, respetando los valores de bien que las personas traen y que son su identidad. Tratándose de culturas negras, el elemento fundamental para rescate de esta identidad es la conciencia. Sin conciencia la identidad queda fragmentada, impedida de contribuir con su riqueza de valores para transformar el medio en que se vive.
Celebrar la conciencia negra
Conciencia negra para los afro-descendientes, no se trata de tener o no piel oscura. Es la actitud, convicción, posición tomada, sentimiento de pertenencia. Se trata del reconocimiento, en la propia vida, de los valores y características del pueblo negro. Es el proceso que llamamos de negritud – una forma de ser y de vivir de cada negro/a, que asume con corage y osadía la propia identidad negra, como incentivo el papa Juan Pablo II, en la abertura de la Conferencia de Santo Domingo: “Los animo a defender su identidad, a ser conscientes de sus valores y hacerlos fructificar. La fe no destruye, sí respeta y dignifica las culturas, aún con las diferencias”. Al celebrar la conciencia negra, rescatamos en la liturgia los valores del pueblo negro, dando un destaque a la figura de Zumbi, martir por la causa negra, asesinado en el quilombo de los Palmares, el día 20 de noviembre, por luchar por los ideales que el Evangelio enseña y que garanten la dignidad de las personas, encuanto hijos e hijas de Dios. A partir del martirio de Zumbi ese día de volvió el día Nacional de Conciencia Negra.
Misterio Pascual de Cristo y la realidad del pueblo negro
El centro de toda celebración litúrgica es el propio Cristo, que murió y resucitó, identificandose con todos los crucificados de nuestra historia, no para dejarlos de la misma manera, sino para traerles un nuevo sentido de vida. El pueblo negro, aún habiendo recibido esta fe en condiciones desfavorables, se identificó mucho con este proceso y comenzó a celebrar su historia sufrida, pero llena de esperanza, en el Misterio Pascual de Cristo, encontrando ahí las motivaciones para su camino. Celebramos con un nuevo rostro, tomando conciencia de la riqueza del Reino de Dios, que sucede en la diversidad de las culturas, a través de la creatividad de los gestos, de la alegría, la danza, la acogida, la comida y los símbolos. El propio Dios, en nuestro medio asume nuestro rostro,  nuestro color, nuestra cultura, nuestra manera, revelando que está con nosotros sufriendo nuestra humillación y nuestro dolor, y reforzando nuestras alegría y esperanzas.
Martirio y pueblo negro
En la sangre de Cristo derramada, encontramos la sangre de Zumbi dos Palmares, de la esclava Anastaciam de Manuel Congo y de todos los mártires de la causa negra. Por lo tanto, no es momento de lamentrarse, si de bendecir a Dios por los que cayeron por causa de la justicia y continuar cultivando la fraternidad, la solidaridad, la alegría y el compromiso profético, como testimonio del adviento del  Reino de Dios entre nosotros. Inspirados en el gesto solidario de Cristo, nuestro compromiso es también solidario, pués nos sentimos unidos a todos aquellos y aquellas que en nuestra sociedad luchan por la justicia, dignidad y vida, completando en la propia carne aquello qe falta a la Pasión de Cristo. Pero sabemos que Dios se hizo hombre en Jesús para libertar al ser humano de todo aquello que no lo deja ser humano. Por eso creemos que otra realidad todavía es posible. Estamos convencidos, como decía Don Pedro Casaldaligas, que “quien celebra la pasión y muerte del Señor, cree en la libertación de todas las personas y pueblos. Su Pascua es nuestra pascua. En su muerte entran todas las muertes, en su Resurrección viven, sobreviven, todas las esperanzas”.
Todo lo que existe tiene sentido y es sagrado
La liturgia pide atención a las señales de los tiempos, a través de los cuales el reino de Dios va aconteciendo. Dios se hace presente en nuestra realidad concreta y conduce con amor todas las cosas. Nada escapa a su mirada y ningún hilo de nuestra cabeza cae sin que él lo advierta. Realmente, solamente el amor explica la preocupación con tantos detalles. El pueblo negro vive esta realidad con mucha profundidad, mirando la vida con una mirada de fe, creyendo que todo lo que existe está envuelto por la dimensión de los sagrado. Por eso expresa mucho cuidad con la vida, con los niños, con los ancianos y con la naturaleza, pués la naturaleza es parte del ser humano y el ser humano es parte de ella. Somos llamados a una fraternidad universal.
Ancestros y comunidad
Según los planes de Dios, las personas son llamadas a vivir con sabiduría para que puedan brillar para siempre como estrellas en el firmamento. El pueblo negro  refleja esta realidad a través de los ancestros. Este tema está directamente conectado con la dimensión comunitaria, pués sabia es la persona que sabe vivir en comunidad. Por lo tanto, el anciano es el sabio, por excelencia, pués tiene experiencia comunitaria acumulada. Según un dicho africano, “un anciano sentado ve más lejos de lo que un joven de pie”; otro dice: “un anciano que muere es una biblioteca que se cierra”. Todavía según esta visión, Dios hizo el ser humano de forma comunitaria, haciendo de la comunidad el centro de sus vivencias. La comunidad aquí tiene sentido amplio: es comprendida como un conjunto de las personas que vemos (los vivos) y de aquellas que no vemos (los ancestros). En un sentido cristiano, esa realidad concuerda con la comunión de los santos. Para el pueblo negro, cuando alguien muere, no se ausenta, pués, después que es deshecho el elemento material, ella permanece en la comunidad como ancestro. Por los tanto, la muerte no es un fin absoluto. El ancestro es alguien que vive de otra forma y continúa motivando la vida de los que quedan.
Hay personas que pasaron en nuestra vida y que se volvieron nuestros ancestros y otras que ni merecen ser recordados. El criterio fundamental continúa siendo la vivencia comunitaria. Hay personas que no se  ajustan a esa propuesta, como si no estuviesen hechas para eso, viviendo de una forma totalmente egoista, pensando apenas en si mismas. Hay otras que se sacrifican por la comunidad, por la familia, y al “morir”, jamás serán olvidadas. Por lo tanto, la experiencia de comunidad vivida o no, es la que va a definir el rumbo de nuestra existencia. Muchos de nuestros abuelos, bisabuelos, etc, ya están en otro plano de existencia. Nosotros los homenageamo, no porque son muertos, sino por hacer parte de nuestra vida y ser también inspiradores en los pasos que damos. Nuestros ancestros, por lo tanto, también hacen parte de  la caminada y continúan haciendo historia con nosotros. En la Antigua Alianza, Dios se declara como Dios de los antepasados, no por ser Dios de muertos, sino de vivos. Cuando Jesús sube al monte Tabor, lleva con él a Pedro, Santiago y Juan para una experiencia reveladora. Él permite y valoriza la presencia de Moisés y Elias, antepasados de su pueblo.
Bilia y pueblo negro
Ese bonito tema de los ancestros nos reporta mucho a las Sagradas Escrituras, por estar intimamente ligados con su compasición, o sea, parte de las historias biblicas sucedieron en Àfrica y, las que no sucedieron por allá la envuelven de alguna manera, con presencia de africanos. Por ejemplo, José, hijo del patriarca Jacob fue acogido en África (Egipto), y ahí fue valorizado con su talento de interprete de sueños – para el pueblo africano, la revelación de Dios acontece también a través de los sueños. Moisés fue iniciados en los conocimientos africanos, a través de la ciencia egipcia y se volvió poderoso en palabras y obras. Jeremias estaba preso en una cisterna, durante la invasión de Babilonia a Jerusalen y fue salvado por Ebed Melec, un africano, servidor del rey. Jesús fue acogido en África (Egipto) para escapar de la persecució de Herodes y cuando llevaba la cruz al monte Calvario lo ayudó un africano, llamado Simón, de la ciudad de Cirene, Libia. Un servidor de la reina Candace, de Etiopia, fue evangelizado y bautizado por Felipe, con suerte que cuando las naciones europeas invadieron Africa ya existía el cristianismo allá. Todavia hoy existe en Africa las Iglesias Cristianas (de los primeros siglos) e Iglesia Católica Romana (de los tiempos de colonización).
Evangelización y esclavitud.
En tiempo de colonización, esta Bibli, - que tuvo la participación afro, en su elaboración – fue utilizada por los colonizadores para justificar la esclavitud, insistiendo principalmente en la figura melancólica de Jesús, excesivamente dulce, que aceptó el sufrimiento porque era voluntad de Dios, por eso toda intención de uir o de desobediencia al señor por parte del esclavo era actuar contra las enseñanzas de Jesús, y por lo tanto, quedaban impedidos de recibirlo en la eucaristia. Esta situación imponía a la comunidad negra actitudes de conformidad al sufrimiento, a la esclavitud. La Bilia pasa a ser usada entonces como instrumento de opresión.
Más, a lo largo de este periodo, la propia comunidad negra había percibido que aquellos que catequisaban dejaban mucho que desear sobre el verdadero significado del mensaje que llevaban. A partir de su propio descubrimiento sobre Jesús, la comunidad negra percibió su identificación y solidaridad en relación a los pobres y a todos los que sufren; y su compromiso en vista de la transformación de esta realidad. Percibieron que sus señores catequistas habían vaciado la Biblia de su forma profetica. Redescubrieron la Palabra de Dios como fuente de liberación y de vida nueva. La presencia de los afrodescendientes, siguiendo fielmente a Jesucristo, viene marcando significativamente la vida de la Iglesia, contribuyendo, de forma dinamica, para que ella cumpla con fidelidad la misión sin límites de la evangelización pasada, apoyando e incentivando la comunidad negra en sus justas reivindicaciones, en vista de una vida plena, profecía del Reino de Dios. Es con esos sentimientos que queremos celebrar la conciencia afrodescendiente (negra), en el reconocimiento de los pasos dados y en la certeza de que necesitamos avanzar siempre más en el dialogo y en la comprensión.
Axé!
Pe. Degaaxé
Tradução: María Erika Martínez

terça-feira, 13 de novembro de 2012

UMBANDA: LA MÁS BRASILEÑA DE LAS RELIGIONES DE ORIGEN AFRICANO.


Como vimos en el artículo anterior, los pueblos bantu traidos a Brasil, tuvieron su mayor influencia en la región sudeste, y en particular en Río de Janeiro y San Pablo. Allí introdugeron la religión de nombre cabula. Con el pasar del tiempo, estos grupos de cabula pasaron a llamarse macumba. “paulatinamente, de forma más segura, la tradición yorubá comienza a influenciar en los grupos de macumba. Y así, los espiritus bantu fueron de a poco siendo sustituídos por los Orixás yorubá”  (BERKENBROCK, p. 149).
Como en esta región el catolicismo popular crecía también con expresividad, al lado de la pajelança y del espiritismo kardecista – que se estaba introduciendo entre nosotros – los contactos se hicieron, los sincretismos fueron sucediendo y de ahí, lo que venía de riqueza del candombé, catolicismo popular, espiritismo, pajelança y base bantu, va a dar origen a una nueva religión. Después de tantas influencias, adaptaciones y sustituciones, no combina más llamar de macumba, cuya palabra ya sonaba como “cosa primitiva” y hasta se tornó despreciativa. Delante de tres alternativas propuests - quimbanda, embanda e umbanda- prevalece quimbanda e umbanda para designar la mayor sintesis de religiosidades sucedidad en Brasil. Estas palabras vienen de la lengua quimbundo, de Angola: umbanda significa “arte de curar”, y quimbanda significa “médico” o “curandero”. Es bueno recordar que no son solamente palabras diferentes, sino que son duas corrientes bien diferentes dentro de un mismo movimiento religioso. Esta distinción se nos ofrece sintenticamente por R. Cintra, cuando afirma que “Sólo recientemente es que se hizo la distinción entre umbanda, culto para homenagear los Oxirás o entidades y practicar ritos y beneficios, y quimbanda, culto de Exu”  (CINTRA, p. 77).
En su doctrina, la umbanda parte de un credo común[1], entendiendose como religión monoteísta y cultivando la fe en un Ser supremo. La función de éste es asumida por la Trinidad Superior o Trinidad Divina: Obatalá, Oxalá e Ifá. Vaciados de su significado, son identificados así: Obatalá como Dios Padre, Oxalá con Jesucristo e Ifá con el Espíritu Santo. Representa una influencia católica, pero no hay una relación de comunión entre ellos, como enseña la doctrina católica. Cada uno es visto de forma aislada. Tiene también la creencia en la existencia de entidades y espíritus, los cuales pertenecen a los oxirás – los innumerables espíritus de la tradición bantu, espíritus de muertos, de africanos, indigenas, de antiguos esclavos, de niños, de fallecidos en otros continentes. Otra característica muy fuerte en la Umbanda es la creencia en la posibilidad de contactos entre los espiritus y las personas, de los cuales depende la vida. El medio es la persona que tiene y desenvolvió la capacidad para ejecutar esta tarea. Los espíritus, aunque sean inmortales, necesitan pasar por un proceso evolutivo. Por eso creen también en el desenvolvimiento del espíritu y en la reencarnación. En cuanto a la clasificación, hay espíritus que ya alcanzaron la perfección, en este caso, los santos católicos, los Oxirás, los negros – viejos y los caboclos. Otros necesitarán de sucesivas reencarnaciones. (cf. BERKENBROCK, p. 157).
Axé!
Pe. Degaaxé

Tradução: María Erika Martínez



[1] ¹ Así reza el credo umbandista : “Creo en Dios, Omnipotente y Supremo; creo en los Oxirás y en los Espíritus Divinos que nos trajeron a la vida por voluntad de Dios. Creo en las Falanges Espirituales, orientando los Hombres en la vida terrena; creo en la reencarnación de las almas y en la Justicia Divina, según la Ley del Retorno; creo en la comunicación de los Guías Espirituales, encaminandonos para la Caridad y la práctica del Bien; creo en la invocación, en la prece y en la Ofrenda, como actos de fe y creo en la Umbanda, como religión redentora, capaz de llevarnos por el camino de la evolución hasta nuestro Padre Oxalá” (GUIMARÃES, Edyr Rosa; LIMA, Almir S. M., p. 61).

UMBANDA: A MAIS BRASILEIRA DAS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA


        Como vimos, no artigo anterior, Os povos bantu trazidos ao Brasil, tiveram maior influência na região sudeste e, em particular, no Rio de Janeiro e São Paulo. Ali introduziram a religião de nome cabula. Com o passar do tempo, estes grupos de cabula passam a se chamar macumba. “Paulatinamente, mas de forma segura, a tradição yorubá começa a influenciar os grupos de macumba. E, assim, os espíritos bantos foram aos poucos sendo substituídos pelos Orixás yorubá(BERKENBROCK, p. 149).
       Como, nesta região, o catolicismo popular crescia também com expressividade, ao lado da pajelança e do espiritismo kardecista - que estava se introduzindo entre nós - os contatos se fizeram, os sincretismos foram acontecendo e daí, o que vinha de riqueza do candomblé, catolicismo popular, espiritismo, pajelança e base bantu, vai dar origem a uma nova religião. Depois de tantas influências, adaptações e substituições, não convinha mais chamar de macumba, cuja palavra já soava como ‘coisa primitiva’ e até tornou-se pejorativa. Diante de três alternativas propostas – quimbanda, embanda e umbanda - prevalece quimbanda e umbanda para designar a maior síntese de religiosidades acontecida no Brasil. Estas palavras provêm da língua quimbundo, da Angola: umbanda significa ‘arte de curar’, enquanto quimbanda significa ‘médico’ ou ‘curandeiro’. É bom lembrar que não são somente palavras diferentes, mas são duas correntes bem diferentes dentro dum mesmo movimento religioso. Esta distinção nos é oferecida sinteticamente por R. Cintra, quando afirma que: “Só mais recentemente é que se fez a distinção entre umbanda, culto para homenagear os Orixás ou entidades e praticar despachos benéficos e quimbanda, culto de Exu” (CINTRA, p. 77).
       Em sua doutrina, a umbanda parte de um credo comum[1], entendendo-se como religião monoteísta e cultivando a fé num Ser supremo. A função deste é assumida pela Trindade Superior ou Trindade Divina: Obatalá, Oxalá e Ifá. Esvaziados do seu significado, assim são identificados: Obatalá como Deus-Pai, Oxalá com Jesus Cristo e Ifá com o Espírito Santo. Retrata uma influência católica, mas não há uma relação de comunhão entre eles, como ensina a doutrina católica. Cada um é visto de forma isolada. Há também a crença na existência de entidades e espíritos, aos quais pertencem os Orixás da tradição yorubá, os santos da Igreja Católica - também em sua identificação com os Orixás - os inúmeros espíritos da tradição bantu, espíritos de mortos, de africanos, de indígenas, de antigos escravos, de crianças, de falecidos em outros continentes. Outra característica muito forte na Umbanda é a crença na possibilidade de contatos entre espíritos e pessoas, dos quais depende a vida. O médium é a pessoa que tem e desenvolveu a capacidade para executar esta tarefa. Os espíritos, embora sejam imortais, precisam passar por um processo evolutivo. Por isso creem também no desenvolvimento do espírito e na reencarnação. Quanto à classificação, há espíritos que já alcançaram a perfeição, neste caso, os santos católicos, os Orixás, os pretos-velhos e os caboclos. Outros necessitarão de sucessivas reencarnações (cf. BERKENBROCK, p. 157).

Axé!
Pe. Degaaxé


[1] Assim reza o credo umbandista: “Creio em Deus, Onipotente e Supremo; Creio nos Orixás e nos Espíritos Divinos que nos trouxeram para a Vida por Vontade de Deus. Creio nas Falanges Espirituais, orientando os Homens na vida terrena; Creio na reencarnação das almas e na Justiça Divina, segundo a Lei do Retorno; Creio na comunicação dos Guias Espirituais, encaminhando-nos para a Caridade e a prática do Bem; Creio na invocação, na Prece e na Oferenda, como atos de fé e Creio na Umbanda, como religião redentora, capaz de nos levar pelo caminho da evolução até o nosso Pai Oxalá” (GUIMARÃES, Edyr Rosa; LIMA, Almir S. M., p. 61).

domingo, 4 de novembro de 2012

RELIGIONES DE ORIGEN AFRICANO Y LA SOCIEDAD BRASILEÑA


          Para comprender este artículo aconsejo leer el anterior. La rica religiosidad de la cual las culturas afrobrasileñas son portadoras tienen su origen en el universo religioso africano y éste continúa influenciando la forma de vivir la experiencia de Dios para los allegados a las religiones afrobrasileñas, también llamadas religiones de origen africano. Es urgente una profundización, por parte de la sociedad, sobre el dinamismo y la enseñanza de estas religiones para una postura más acogedora y dialéctica.

Las religiones origianarias de las culturas Yoruba
         En la parte norte del país, desde el Amazonas hasta las fronteras de Pernambuco, estas religiones establecieron un fuerte intercambio con las religiones indigenas. Eso sucede en la pajelança, en Pará y el Amazonas, no encantamento, en el Piauí, y en el catimbó de las demás regiones. En San Luis de Maranhão, los pueblos gege dejaron marcas de sus religiones, en el tambor de mina, que se asemeja al vodu. En el resto del Nordeste la contribución de los yorubá-nagô fué más marcante en los grandes centros urbanos y suburbanos, particularmente Salvador y Recife. Más tarde, un contingente de Nago se desplazó también hacia el sur del país. Con ellos vino la religión de los Orixás, que recibió un nuevo nombre, conforme a la experiencia de esos nuevos pueblos y sus contextos. Siendo así, tenemos: el xangô, en Pernambuco, Alagoas y Sergipe y el candomblé, en la Bahía. En el extremo sur, particularmente en Río Grande del Sur, es llamada de batuques (cf. SOUZA Jr., p. 15) o nação. 

Religiones con origen en las culturas Bantu
       Las culturas bantu tuvieron mayor influencia en la región sudeste del país, y en particular, en Río de Janeiro y San Pablo. Allí introdujeron la religión de nombre cabula. “En algunos escritos, alrededor de 1900, estos grupos son llamados de “cabula” y alrededor de los años 30 son llamados de macumba, el nombre sobre el cual ellos se tornan conocidos en todo Brasil” (BERKENBROCK, p. 149). La tradición yorubá ejerció una fuerte influencia sobre estos grupos, junto con el catolicismo popular,la  pajelança y el  espiritismo. Después de tantas influencias y adaptaciones, pasan a llamarse quimbanda y umbanda. Son corrientes diferentes dentro de un mismo movimiento religioso. Así la palaba umbanda es “el culto para homenagear a las deidade y practicar homenages en su beneficio y quimbanda, culto de Exu” (CINTRA, p. 77).

Preconceptos de ayer y de hoy
       Ya en los primeros contactos de los colonizadores con los pueblos africanos, los preconceptos se hicieron sentir, ya que creían que estos pueblos no poseían alma. Los que se establecieron allá e intentaron algún intercambio religios, se referian a las Sagradas Escrituras para hablar de la revelación divina, pero la característica de la tradición africana es la oralidad; sus revelaciones “eran por medio de los sueños, presentimientos, adivinaciones, visiones y posesiones, es por eso que los europeos creían em su orígen diabólico” (MATTOS, p. 84). en Brasil, a partir del siglo XVIII, fueron consideradas “prácticas de magia”, “hechicería” y “grosera superstición”. Durante el Nuevo Estado, en 1930, se intensificaron las perseguiciones contra ellas, eran juzgadas como en contra de la moral pública, sobretodo porque hacían sacrificios de animales. La Constitución Federal salvaguarda el derecho de culta a esas religiones, pero el preconcepto está tan arraigado en la sociedad, se tornó común  la invasión de territorios y la destrucción de objetos sagrados por miembros de otros movimientos religiosos. Sobre eso, hay casos recientesn en la Bahia. Lo que estas religiones más esperan de la sociedad brasileña es ser aceptadas como opción y diferencia.

Enseñanzas de las religiones de origen africano
      Para los fieles de estas religiones, el modo de vivir es marcado por la experiencia religiosa, según la cual se debe vivir en armonía con todo lo que existe, pués la realidad es parte del ser humano y el ser humanos es parte de ella. Su espiritualidad es esencialmente ecológica, reconociendo la naturaleza como santuario de Dios y la tierra como un ser maternal y fecundo. Por eso, las ofrendas presentadas son colocadas en el suelo, en los arbustos y en los bordes de los caminos, etc. Como la parte está en el todo y el todo está en la parte, la dinámica de la vida viene  de una energía presente en todas las cosas – Axé. Cultivan la unidad de la vida, creyendo que el mundo visible – Aiye ­– es una prolongación del mundo invisible – Orum, osea, todo lo que existe es envuelto por la dimensión sagrada. El ser humano debe realizar acciones de cuidado con la naturaleza y todo lo que existe, pués eso contribuye para mantener el equilibrio y la armonía del universo.

 Axé!
Degaaxé
Tradução: María Erika Martínez

AS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA E A SOCIEDADE BRASILEIRA


        Para compreensão deste artigo, aconselho a leitura do anterior. A rica religiosidade da qual as culturas afro-brasileiras são portadoras tem sua origem no universo religioso africano e este continua influenciando o jeito de viver a experiência de Deus para os adeptos das religiões afro-brasileiras, também chamadas religiões de matriz africana. Urge um aprofundamento, por parte da sociedade, sobre o dinamismo e ensinamento destas religiões para uma postura mais acolhedora e dialética.

Religiões originárias das culturas Yorubá
        Na parte norte do país, da Amazônia às fronteiras de Pernambuco, estas religiões estabeleceram um forte intercâmbio com as religiões indígenas. Isso acontece na pajelança, no Pará e na Amazônia, no encantamento, no Piauí, e no catimbó, das demais regiões. Em São Luís do Maranhão, os povos gege deixaram traços de suas religiões, no tambor de mina, que se assemelha ao vodu. No resto do Nordeste a contribuição dos yorubá-nagô foi muito mais marcante nos grandes centros urbanos e suburbanos, particularmente, Salvador e Recife. Mais tarde, um contingente expressivo de nagô também foi deslocado para o Sul do país. Com eles veio a religião dos Orixás, que recebeu novo nome, conforme a experiência desses povos no novo contexto. Assim sendo, temos: o xangô, em Pernambuco, Alagoas e Sergipe e o candomblé, na Bahia. No extremo sul, particularmente, no Rio Grande do Sul, é chamada de batuques (cf. SOUZA Jr., p. 15) ou nação.

Religiões originárias das culturas Bantu
        As culturas bantu tiveram maior influência na região sudeste do país e, em particular, no Rio de Janeiro e São Paulo. Ali introduziram a religião de nome cabula. “Em alguns escritos, por volta de 1900, estes grupos são chamados de “Cabula” e em torno dos anos 30 estes grupos são chamados de macumba, nome sob o qual eles se tornam conhecidos em todo o Brasil” (BERKENBROCK, p. 149). A tradição yorubá exerceu forte influência sobre estes grupos, juntamente com o catolicismo popular, a pajelança e o Espiritismo. Depois de tantas influências e adaptações, passam a chamar-se quimbanda e umbanda. São correntes diferentes dentro dum mesmo movimento religioso. Assim, a palavra umbanda é o “culto para homenagear os orixás ou entidades e praticar despachos benéficos e quimbanda, culto de Exu” (CINTRA, p. 77).
 
Preconceitos de ontem e de hoje
         Já nos primeiros contatos dos colonizadores com os povos africanos, os preconceitos se fizeram sentir, pois acreditavam que estes povos não possuíam alma. Os que se estabeleceram lá e tentaram algum intercâmbio religioso, referiam-se às Sagradas Escrituras para falar da revelação divina, mas a característica da tradição africana é a oralidade; suas revelações “aconteciam por meio de sonhos, presságios, adivinhações, visões e possessões mediúnicas, e por isso os europeus acreditavam na sua origem diabólica” (MATTOS, p. 84). No Brasil, a partir do século XVIII, foram consideradas “práticas de magia”, “feiçaria” e “grosseira superstição”. Durante o Estado Novo, em 1930, intensificaram-se as perseguições contra elas, pois eram julgadas como sendo contra a moral pública, sobretudo porque faziam sacrifícios de animais. A Constituição Federal salvaguarda o direito de culto a essas religiões, mas o preconceito está tão arraigado na sociedade, que se tornou comum a invasão de terreiros e a destruição de objetos sagrados por membros de outros movimentos religiosos. Sobre isso, há casos recentes na Bahia. O que estas religiões mais esperam da sociedade brasileira é serem respeitadas enquanto alteridade e diferença.

Ensinamentos das religiões de matriz africana
         Para os fiéis destas religiões, o modo de viver é plasmado pela experiência religiosa, segundo a qual se deve viver em harmonia com tudo o que existe, pois a realidade é parte do ser humano e o ser humano é parte dela. Sua espiritualidade é essencialmente ecológica, reconhecendo a natureza como santuário de Deus e a terra como um ser maternal e fecundo. Por isso, as oferendas apresentadas são colocadas no chão, nas matas, à beira de regatos, etc. Como a parte está no todo e o todo está na parte, a dinâmica da vida vem de uma energia, presente em todas as coisas - Axé. Cultivam a unidade da vida, acreditando que o mundo visível – Aiye – é um prolongamento do mundo invisível – Orum, ou seja, tudo o que existe é envolvido pela dimensão do sagrado. O ser humano deve realizar ações de cuidado com a natureza e tudo o que existe, pois isso contribui para manter o equilíbrio e a harmonia do universo.

Axé!
Pe. Degaaxé