terça-feira, 1 de novembro de 2011

1 A TEOLOGIA E SEU MÉTODO


Passarei a postar as teses de teologia, sintetizadas e compiladas por mim, em vista do exame DE UNIVERSA. Este exame envolve dez disciplinas, na área dogmática e acontece de forma oral. As dez disciplinas são: a teologia e o seu método, a revelação, o mistério trinitário, a criação, a teologia da graça, a cristologia, a mariologia, a eclesiologia, os sacramentos e a escatologia. Comecemos então com a teologia e o seu método:

1. NOÇÃO DE TEOLOGIA
A teologia é, portanto reflexão metódica e crítica sobre o que vem exposto no querigma da Igreja e aceito no ato de fé, pelo qual o homem se submete à Palavra de Deus. Assim sendo, a teologia não é meramente uma tarefa individual de quem a realiza, mas é uma atividade de toda a Igreja.
2. FÉ E RAZÃO COMO PRESSUPOSTOS DA TEOLOGIA
A fé constitui base insubstituível da teologia. Não há teologia sem fé, como não há fé sem um mínimo de teologia, de intelecção, de aprofundamento. Sem a razão, teríamos o problema do fideísmo; e sem a fé, o problema do racionalismo. A prioridade da fé não faz concorrência à investigação própria da razão”. Fides qua creditur: (lit. a fé pela qual se crê) o ato de crer; Fides quae creditur: (lit. a fé que se crê) é o conteúdo.
3. A LINGUAGEM TEOLÓGICA
A linguagem que melhor responde à natureza da teologia é a linguagem simbólica. Falar de Deus, de seu mistério está a pedir uma linguagem mais sugestiva que argumentativa, mais aberta que fechada. A linguagem metafórica é, ademais, a linguagem preferida pela Bíblia e a mais acessível ao povo em geral. Há contudo dois tipos de linguagem: a conceitual e a metafórica. A conceitual, que fala dos atributos próprios de Deus (crítico e provante); e a metafórica, que tem de próprio comover o coração, promover a conversão e mover à ação. Ambos complementam-se reciprocamente e qualquer desconformidade entre eles compromete o próprio estudo da Teologia. A linguagem teológica é, enfim, eclesial, doxológico-litúrgica e evocativo-poética. Ela nasce da comunidade – nela e por ela – e nutre-se do Mistério proclamado, celebrado e vivido.
4. A CIÊNCIA TEOLÓGICA
Momento positivo: É, na prática, um “levantamento de dados” da revelação tal como se exprime na Tradição e na Escritura. Momento especulativo: Ocorre por meio de raciocínios, deduções, reflexões teóricas, análises, etc. Traduzir o dado coletado para o momento atual.
5. AS DISCIPLINAS TEOLÓGICAS
Fundamental: lança as bases do conhecimento teológico e ocupa-se com a Revelação e a credibilidade da fé; Dogmática: aplica-se a compreender os desígnios de Deus em sua totalidade; Moral: é um olhar atento sobre o agir cristão e sua estrutura universal; Espiritual: reflete sobre o processo da fé, descrevendo-lhe a estrutura e as leis de seu desenvolvimento; Bíblica: estudo, análise crítica e hermenêutica dos textos bíblicos; Litúrgica: reflexão teológico-simbólica sobre o modo como a obra de Cristo é atualizada na Igreja. Patrística: exposição fiel do pensamento dos Padres da Igreja; História da Igreja: não apenas descrição, mas inteligência da vida e do crescimento da Igreja ao longo dos séculos. Pastoral: reflexão teológica sobre o agir da Igreja no mundo; Missiologia: funda-se no mandato de Cristo de ir pelo mundo inteiro e fazer discípulos; Ecumenismo: estudam-se meios e atividades que promovam a unidade dos cristãos; Direito Canônico: é estudado para que se lhe possa compreender o valor e conhecer o conteúdo em vista da prática.
6. UNIDADE DE FÉ E PLURALISMO TEOLÓGICO
O pluralismo teológico tem duas bases de legitimidade: a transcendência da fé e o contexto cultural. Sua fórmula é: uma fé – muitas teologias. Portanto, unidade de fé na pluralidade teológica e vice-versa. O legítimo pluralismo teológico salvaguarda a unidade da fé, no seu significado objetivo e respeita a “regra de fé”, interpretada segundo a Tradição e o Magistério.
7. A MISSÃO ECLESIAL DO TEÓLOGO
O teólogo tem a função de adquirir, em comunhão com o Magistério, uma compreensão sempre mais profunda da Palavra de Deus contida na Escritura inspirada e transmitida pela Tradição viva da Igreja (6), bem como a de intensificar a sua vida de fé e a unir sempre pesquisa científica e oração (8).
De outra parte, sendo o teólogo o profeta do futuro, uma justa liberdade lhe é indispensável. Mas não pode dar frutos e “edificar” se não é acompanhada pela paciência da maturação, em um diálogo fraterno, antes que chegue o momento em que toda a Igreja possa aceitá-las (11).
O teólogo, na sua dedicação ao serviço da verdade, deverá, para permanecer fiel à sua função, levar em conta a missão própria do Magistério e colaborar com ele (20). Isso porque o Magistério vivo da Igreja e a teologia, mesmo tendo dons e funções diferentes, têm, em última análise, o mesmo fim: conservar o povo de Deus na verdade que liberta fazendo dele, assim, a “luz das nações”.
Os enunciados da fé não resultam de uma investigação puramente individual, mas constituem uma herança eclesial.

Modjumbá axé!
Pe. Degaaxé

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