segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A UNIDADE NO ESSENCIAL, A LIBERDADE NA DÚVIDA, MAS, EM TUDO, CARIDADE

Chegamos então, ao final do nosso estudo sobre a questão ecumênica no pensamento do teólogo russo P. A. FLORENSKIJ.O caminho ao qual nos propusemos, com esta reflexão, foi de resgatar a sensibilidade de pensamento deste autor a respeito da originalidade da caminhada eclesial. Aquilo que ele reconheceu, juntamente com o foco do decreto conciliar Unitatis Redintegratio e a encíclica Ut Unum Sint, já é fato notável, ou seja, o passo caracterizado pela fraterna superação das divisões entre as diferentes Igrejas cristãs, já foi dado. O que resta agora é que todos contribuam para vencer as dificuldades, que impedem o avanço ecumênico. O Espírito agiu, fazendo com que diminuíssemos as tensões. Ele continuará agindo para que assumamos a grande responsabilidade da fidelidade à verdade e à justiça enquanto buscamos superar as divergências e trabalhar em conjunto. Sabemos também que o caminho ecumênico tem que ser trilhado com caridade, humildade, prudência, boa formação e amor ao Cristianismo. Se ainda há impasses no entendimento, é por que algumas lideranças das diferentes partes se fecham, acompanhando o processo com certo indiferentismo a respeito da riqueza que esta caminhada pode trazer. Muitos estão com o receio de ficar menos católico, menos protestante, etc. A verdade é que deixamos de pensar como Jesus, que se preocupava com os que precisavam crer a partir do testemunho de união das comunidades cristãs. Esquecemos de que precisamos, como cristãos, estar unidos para que o mundo creia (Cf. Jo17).
Não é conveniente continuarmos chocando as pessoas com um Jesus dividido, um Jesus que só serve para um grupo e não serve para outro. Está mais do que na hora de sermos evangelhos vivos, colocarmos no centro de nossas buscas e aspirações, a pessoa e a proposta de Jesus Cristo. A atitude de Jesus diante do diferente era de escuta e de acolhida; precisamos reaprender dele. Se de fato somos cristãos e acreditamos na possibilidade de unidade rezada por Cristo, realizaremos o que diz Santo Agostinho: "nas coisas essenciais, a unidade; nas coisas duvidosas, a liberdade; em tudo, a caridade". Esta expressão é retomada pelo Concílio Vaticano II, que a propõe como compromisso aos católicos e cristãos de todo o mundo: "Resguardando a unidade nas coisas necessárias, todos na Igreja, segundo o múnus dado a cada um, conservem a devida liberdade, tanto nas várias formas de vida espiritual e de disciplina, quanto na diversidade de ritos litúrgicos, e até mesmo na elaboração teológica da verdade revelada. Mas em tudo cultivem a caridade. Agindo assim, manifestarão, sempre mais plenamente, a verdadeira catolicidade e apostolicidade" (UR 4).

Referências bibliográficas
CELAM. Texto conclusivo da Quinta Conferência do Episcopado latino-americano e do Caribe. São Paulo: Paulinas, 2007.
CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, 1962-1965, Cidade do Vaticano. Unitatis Redintegratio. In: VIER, Frederico (Coord. Geral). Compêndio do Concílio Vaticano II. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 307-332.
_______. Lumen Gentium. In: VIER, Frederico (Coord. Geral). Compêndio do Concílio Vaticano II. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 37-117.
FLORENSKY, Pavel A. Cristianismo e cultura. Artigo traduzido para o português.
JOÃO PAULO II. Ut unum sint. Sobre o empenho ecumênico. Roma, 1995. Disponível também em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_25051995_ut-unum-sint_po.html. Acesso em: 16 de set. de 2011.
SUSIN, Luis Carlos. Deus: Pai, FIlho e Espírito Santo. São Paulo: Paulinas, 2003.
SWIDLER, Leonard. Cristãos e não-cristãos em diálogo. São Paulo: Paulinas, 1988.
ZAK, Lubomir. Kenosi di Cristo e mistero della chiesa. Articulo Corso 10218, Roma 2008-2009.

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