Estamos no mês do Rosário e Rosário lembra Maria, Mãe de Deus e nossa também. Ela é a maior representante que temos junto a Deus. Ela soube responder como ninguém; Ela é feliz, somos felizes também. Vamos refletir juntos, então!
O presente tema quer nos fazer refletir sobre duas realidades muito fortes em Maria: misericórdia e vocação. Ela é mãe da misericórdia porque é mãe de Jesus, misericórdia encarnada do Pai. Desde o início de sua vida pública, os pecadores perceberam em Jesus o refúgio e a acolhida que esperavam para que suas vidas pudessem recobrar o sentido: de rejeitados e excluídos para dignos filhos de Deus – ‘não vim chamar os justos, mas os pecadores’; ‘quem está com saúde não precisa de médico, mas sim os doentes’. A misericórdia de Deus para com os pecadores é como um pai que espera o seu filho voltar para dar-lhe um abraço carinhoso; é como um pastor que vai em busca da ovelha perdida, deixando as noventa e nove a salvo. A acolhida de Jesus para com os pecadores aponta para um novo tempo, tempo de graça e salvação, que Maria conseguiu antecipar com a sua vida e decisão. O seu canto é um transbordamento de feitos misericordiosos de Deus. E é assim que ele quer ser lembrado para sempre.
A vocação de Maria está marcada por uma escuta atenta, silenciosa e fecunda da Palavra de Deus e de uma sensibilidade enorme para com os sinais de sua misericórdia ao longo da caminhada do seu povo. Soube amar de verdade e encontrar espaço em seu coração também para José que Deus coloca ao seu lado como mediação de sua presença protetora. A presença de José muito contribuiu para que Maria concretizasse, em segurança, o seu sim a Deus. Maria não somente canta a misericórdia de Deus, mas a sua vida é parte deste processo. O anúncio do anjo é o momento decisivo de sua resposta aos apelos do Senhor. Por sua resposta Jesus vem a nós e se encarna em nossa realidade. Deus nos salva por Jesus, mas também pelo sim de Maria.
Por que Maria é modelo dos vocacionados? Maria, como membro ativo na comunidade, cultivou com ela a expectativa messiânica. Sempre esteve presente nela o espírito de disponibilidade e de serviço. Alguns textos o revelam muito bem. O Messias devia nascer de uma jovem, assim como foi profetizado. A visita do anjo encontra a jovem Maria disponível e atenta, e por isso lhe convida a experimentar intensa alegria pela escolha que o Senhor lhe fez. Na sua resposta está sua intensidade de vida e sua verdadeira identidade: serva. Para Maria, vocação é serviço total e generoso, em vista do bem das pessoas. Maria não pensa em si, em suas forças, mas no bem que a sua decisão vai causar para o mundo e para a vida de tanta gente. A sua alegria contagia todos os que se achegam a ela. Assim foi com sua prima Isabel e seu sobrinho João.
Este é, portanto, o itinerário de sua vocação: 1- escuta atenta da Palavra de Deus, que a fez gerar Jesus primeiro no coração e depois no ventre; 2- acolhida da vontade Deus em sua vida, revelando total disponibilidade aos seus planos, mesmo sem entender tudo. Maria era alguém que não tinha as coisas muito bem claras a respeito de sua vocação, mas não esperou entender para depois responder. Ela acreditava que não se pode deixar Deus esperando, enquanto se pensa no porquê da escolha e como se daria? Se de Deus só vem coisa boa, então é bom dizer sim. 3- serviço solidário aos necessitados, revelando assim a verdade do seu ser e da sua resposta; 4- a solicitude na participação comunitária, acreditando ser ela reveladora da presença e da ação do Deus misericordioso; 5- seguimento a seu Filho na realização de sua missão e fidelidade até as últimas consequências; 6- encontramos a vocacionada Maria ainda marcando presença na comunidade nascente, animando e intercedendo, apontando para uma realidade totalmente nova, plena de sentido e de realização, na qual o Reino de Deus é de fato assumido e vivido.
Queremos olhar para Maria assim como uma servidora atenta que responde ao chamado de Deus na simplicidade do seu ser e na generosidade de sua vida. Ela participou intima e ativamente nos mistérios da vida de seu Filho. As maravilhas que Deus opera em sua vida é em vista da vida das pessoas. Desde o início da encarnação de Jesus, Deus intervém providencialmente para que seus planos se realizassem e a Maria não lhe faltasse o necessário para levar adiante a sua resposta. Deus permanece fiel no cuidado e Maria responde a seu chamado na fidelidade. Assim deve ser todo vocacionado e vocacionada, não importa a que vocação pertença; seja ela sacerdotal, religiosa, leiga ou matrimonial, Maria será sempre modelo. Olhamos para ela, como num espelho, e assim vemos a nossa vocação plenamente realizada.
Modjumbá axé!
Pe. Degaaxé
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