terça-feira, 18 de outubro de 2011

PENSAMENTO IMORTAL: UM TEÓLOGO ORIENTAL ENTRE NÓS

Eu tive a graça de participar de algumas aulas sobre o teólogo russo Pavel A. Florenskij e, juntamente com meus colegas do mestrado, fiquei encantado com esta preciosidade, tão desconhecida em nossos meios acadêmicos. Dentre os muitos assuntos que este autor trabalha, eu me interessei pela questão ecumênica e resolvi aprofundar a pesquisa, relacionando com outras leituras que já fiz.
Pavel A. Florenskij, nasceu na Rússia, em 1882. Estamos falando de alguém que possuía grande sensibilidade para questões de fé e que conseguia ver nas coisas aquilo que nós, pessoas comuns, geralmente não vemos. Sentia-se muito atraído pela natureza e considerava a água do mar parente de sua lágrima. Falava da Trindade como comunhão do amor, na qual tudo é quenótico. É a partir desta realidade que ele resgata o essencial na Igreja e analisa, com muita propriedade, a sua caminhada ecumênica. O seu contexto é o da Igreja Ortodoxa, mas com grandes contribuições para a Igreja universal.
Seu pensamento a respeito da caminhada ecumênica das Igrejas cristãs está muito em sintonia com o conteúdo do decreto conciliar Unitatis Redintegratio  e com a encíclica papal Ut Unun Sint, do papa João Paulo II. O que mais impressiona é que suas intuições anteciparam em muito aquilo que o concílio Vaticano II vai afirmar, sendo confirmado, quarenta anos depois, pela referida encíclica sobre o empenho ecumênico: “A divisão contradiz abertamente a vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo, como também prejudica a santíssima causa da pregação do evangelho a toda criatura” (UUS 6). De fato, a grande vítima tem sido a evangelização, pois é difícil acreditar quando os que pregam o evangelho se comportam como inimigos.
Em sintonia com estes documentos, Florenskij reconhece os muitos empecilhos que têm dificultado a unidade das diferentes Igrejas e Comunidades eclesiais, mas, por outro lado, há um esforço incansável de aproximação, compreensão e diálogo para que se alcance a comunhão tão almejada. Tudo isso nos faz perceber a dinâmica do Espírito Santo, para o qual não existem fronteiras que não possam ser derrubadas. Em meio a tantas diversidades, ele vem suscitando a unidade. É justamente esta a intensão do ecumenismo, segundo a Ut Unum Sint, o qual “busca precisamente fazer crescer a comunhão parcial existente entre os cristãos até à plena comunhão na verdade e na caridade” (UUS 14). O mesmo Florenskij, que reconhece as dificuldades neste processo, vai nos ajudar a dar um passo adiante, respondendo algumas questões que considero fundamentais no nosso estudo: quais as razões da busca da unidade entre os cristãos e quais as maiores dificuldades encontradas neste campo? Há realmente possibilidade de unidade entre as diferentes confissões? Então, que passos devem ser dados para que alcancemos a plena comunhão na verdade? Estas e outras perguntas, tentarei responder nos próximos artigos, a partir da teologia de Pavel A. Florenskij.

Modjumbá axé!
Pe. Degaaxé

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