sexta-feira, 4 de novembro de 2011

4 A CRIAÇÃO

 Neste quarto artigo, destacamos a beleza da criação, o mistério do Deus que cria e que responsabiliza o ser humano para que seja criativo no aperfeiçoamento do que foi criado por amor. Proponho que seja lido o artigo anterior.
1 O MISTÉRIO DA CRIAÇÃO NA SAGRADA ESCRITURA: No livro do Gênesis temos as fontes,  sacerdotal e javista, apresentam os relatos da criação. O Javista viveu no tempo de Davi e Salomão - 1000 e 950 a. C. O Sacerdotal, no tempo do exílio na Babilônia - 550 a. C.
Fonte sacerdotal: primeiro relato da criação (Gn 1,1-2,4a): Refere-se a Deus como Elohim que cria pelo poder de sua palavra, na seguinte ordem: anúncio, ordem, relato, avaliação, estrutura temporal.
Fonte javista: segundo relato (Gn 2,4b-25): dirige-se a Deus pelo nome de “YHWH”. Narra a história das origens a partir da criação do ser humano. É mais descritiva e folclórica. Traz a relação da humanidade com o solo.
Compreensão cristológica da criação: O fio condutor para a compreensão mais apurada do evento Cristo na perspectiva da Criação: Deus criou o mundo por seu Verbo (Tudo foi feito por meio dele” Jo 1,1.3). Em 2Cor 5,17: “Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Trata-se da recriação que Deus inaugurou na ressurreição de Jesus Cristo.
2 NOÇÃO DE CRIAÇÃO - As coisas foram criadas do nada (criatio ex nihilo); a criação está livre de toda necessidade; A criação não existe desde toda a eternidade, mas é um ato volitivo de Deus, no princípio do tempo;
3 O MISTÉRIO DA CRIAÇÃO NO MAGISTÉRIO: nas primeiras fórmulas de fé, como a versão etiópica da Epístola dos Apóstolos: “Pai dominador do universo” (DH 1); a Didaqué: “ame a Deus que o criou”; a Tradição apostólica de Hipólito de Roma (séc. III): “Crês em Deus Pai onipotente?” (DH 10), até desembocar no Símbolo Niceno-Constantinopolitano: “Cremos em um só Deus, Pai onipotente, aritífice do céu e da terra... Em São Tomás, a criação é entendida como relação. Mas a “criação do nada” pode ser provada não somente pela fé, mas também pela razão. O C. Vaticano I, na “Dei Filius”, afirmou a liberdade da Criação e a distinção entre Deus e o mundo. O Vaticano II, na Gaudium et Spes (34), a criação como um processo aberto em que ocorre a intervenção divina e humana: “a de Deus criador e a do homem criativo. A dimensão cristológica da doutrina da criação, na GS 45: “o próprio Verbo de Deus, por quem tudo foi feito, fez-se carne, para, Homem perfeito, a todos salvar e tudo recapitular.
4 A FINALIDADE DA CRIAÇÃO: consiste na glória de Deus. E glória de Deus’ significa a participação da bondade divina nas criaturas.  Isto se verifica também nos concílios Vaticano I (DH 3025) e Vaticano II, na AG 2.
5 A BONDADE DA CRIAÇÃO: ‘E Deus viu que isto era muito bom - somos chamados a participar desta bondade.
6 A AUTONOMIA DAS REALIDADES TERRENAS: O Concílio Vaticano II, na GS 36, definiu assim a autonomia das realidades terrenas: “as coisas criadas e as próprias sociedades têm leis e valores próprios, que o homem irá gradualmente descobrindo, utilizando e organizando” (DH 4336).
7 A PROVIDÊNCIA E O GOVERNO DO MUNDO POR DEUS:  Ação de Deus no mundo e propõe “uma atitude de confiança (Mt, 6,23-34) que remete à “construção do mundo sobre seu genuíno fundamento”, que é o próprio Deus.
8 O PROBLEMA DO MAL: o mal consiste na privação do bem e é fruto do uso da liberdade - Deus criou boas todas, mas permite o mal, porque em seu poder infinito ele sempre poderia criar algo melhor.
9 O HOMEM IMAGEM DE DEUS: DOUTRINA VETEROTESTAMENTÁRIA; A IMAGEM DE DEUS EM CRISTO; IMAGEM DE DEUS E DOMÍNIO DO HOMEM SOBRE O MUNDO: Deus cria o homem como sua imagem semelhante a Ele (Gn 1, 26ss), criado, porém na sua totalidade, o homem é imagem de Deus - Imago Dei – esta imagem deve ser completada na imago Cristi. Podemos destacar dois elementos distintivos: caráter cristológico e trinitário. É necessário que o homem participe ativamente na sua transformação segundo a imagem do Filho (Cl 2, 10).
10 O PECADO: ENSINAMENTO BÍBLICO E NOÇÃO TEOLÓGICA: O pecado é este fracasso da liberdade ao voltar às costas ao divino e ao convite á comunhão.  No AT relata-se a queda (Gn 2, 3). Existe uma força contrária a Deus, onde a  serpente provoca o ser humano a colocar-se no lugar de Deus. O NT revela um Deus que não abandona o ser humano, mas que sempre convida a conversão. Na teologia paulina A redenção de Cristo é a resposta amorosa de Deus para a humanidade pecadora. A graça de Deus é muito mais que o pecado (Rm 5, 15). Quanto à tradição teológica, entende-se que o homem ferido pelo pecado esta sempre carente de salvação, mas ao mesmo tempo alimenta um desejo natural de ver a Deus (capax Dei), que é a orientação dinâmica ao divino.
11 PECADO ORIGINAL E PECADOS PESSOAIS:. Com o pecado dos primeiros pais, a humanidade teria perdido os bens sobrenaturais e os preternaturais. A redenção de Jesus, possibilitou sanar a natureza caída e recuperar os sobrenaturais e os preternaturais definitivamente perdidos com a expulsão do paraíso. Com o pecado o ser humano não perdeu o livre arbítrio, mas esse ficou inclinado ao mal e atrelado às suas forças.O Vaticano II, na GS 18, reforça a doutrina tradicional segundo a qual se o ser humano não tivesse pecado, não estaria submisso à morte corporal.
12 A RELAÇÃO DO PECADO COM O FIM ÚLTIMO DO HOMEM: Com isso, é necessária a superação e libertação de estruturas de pecado, para preservar o bem estar da criação, pois seu serviço prestado ao mundo, também é serviço a Deus. É necessária uma ética que nasce da responsabilidade perante o outro, ou seja, uma ética do cuidado. Com isso, o homem é chamado a superar o mal e viver sua vocação essencial, de entrar em comunhão com o criador. Esta é a razão e a meta de sua existência. Amadurecida na graça, a vida moral culmina na vida eterna.

Modjumbá axé!
Pe. Degaaxé

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