domingo, 14 de outubro de 2012

RELIGIÕES PELA VIDA E PELA PAZ

           Estive representando a Igreja Católica numa celebração inter-religiosa, ocorrida no dia 12 deste, na Ilha Grande dos Marinheiros. Chamou muito minha atenção o esforço em integrar o maior número de pessoas em torno da problemática ecológica. Se a natureza pede socorro, o grito dos mananciais ecoa ainda mais ensurdecedor. Muitas ONGs vêm cumprindo o seu papel de promover campanhas de conscientização em vista da preservação e mudança de hábitos, chamando a atenção das autoridades competentes e da população em geral sobre a problemática. As religiões também podem e devem tomar partido nesse movimento de conscientização, por serem formadoras de opinião e terem um discurso bem afiado no que se refere à natureza, enquanto criação de Deus. Na referida celebração, eu tive um pequeno espaço para uma mensagem e quero partilhar agora, na íntegra:
Um sentimento de filiação profundo nos reuniu aqui, resultado de uma experiência diversificada da devoção a Nossa Senhora, a Mãe das Águas, mas também e, principalmente, por atendermos a um toque especial de Deus que fala ao coração do ser humano como um pai ao seu filho e o convida a ser fraterno. Já ficou comprovado que fazemos mais e melhor quando nos unimos em torno de pontos fortes e comuns. Sabemos que somos formadores de opinião e, por isso, antes de qualquer palavra, conta muito o gesto, a atitude. Nesse sentido, a atitude mais sensata é o apreço recíproco, reconhecendo e valorizando os inúmeros pontos de convergência que nos levam a ações comuns em vista de “outra sociedade possível”. Um dos pontos comuns entre nós é o bem das pessoas. Cada religião age ao seu modo, mas sabemos que queremos a mesma coisa: a realização do ser humano em sua busca de harmonia com aquele que ele reconhece como seu Criador e com tudo o que está ao seu redor. O anseio de realização humana se satisfaz quando cada um faz de sua vida serviço e doação aos demais. Tudo parece perder o sentido quando não se consegue fazer a vida valer a pena e isso só é possível se se investe o melhor de si em vista do bem dos outros.
Precisamos cultivar uma espiritualidade que seja também ecológica, reconhecendo a natureza como santuário de Deus e a terra como um ser maternal e fecundo. Portanto, o que se tira dela é de todos e todas. O ser humano é chamado a cuidar da natureza e viver em harmonia com tudo o que existe, pois a natureza é parte dele e ele é parte da natureza. A natureza pode viver sem o ser humano, mas ele não. Se a natureza morre, ele também morre. Tudo o que existe é envolvido pela dimensão do sagrado, pois Deus em sua Providência, conduz o universo e a nossa vida. Assim a água que brota da terra é sagrada, é fonte de vida. Por ela a vida se renova permanentemente. É o tesouro mais apreciado de nosso planeta, principalmente lá onde ela é escassa e já não oferece mais condições de vida por causa de nossa ação sem muito discernimento. O grande desafio para nós hoje é contribuir para que este bem continue sendo um bem para todos e todas. Só assim manifestaremos a intenção do Criador, prolongando e aperfeiçoando a sua obra. A nossa fé diz que temos muito a aprender uns com os outros.
Acreditando que em Jesus de Nazaré se desfez o muro de separação entre os povos, possamos contar com a ajuda da Mãe Aparecida das Águas, a Negra Mariama, para superarmos toda divisão e intolerância presentes ainda entre nós, somando esforços na defesa da vida e na luta pela paz.
Axé!
Pe. Degaaxé

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