segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O AMOR NOS FAZ HUMANOS


Quando Jesus estava à mesa em casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher (Mc 14, 3-9)
        Deus é amor. Se quisermos falar aqui de definição, esta é a que melhor corresponde à essência divina. Quem ama nasceu de Deus e conhece a Deus; só quem ama permanece em Deus e Deus permanece nele (nela), nos diz a Sagrada Escritura. Todas as pessoas são chamadas a amar porque Deus, que é amor em pessoa, se deu a conhecer e ensinou como vivenciá-lo. Em Jesus, o amor se tornou humano para que todos nós nos tornássemos divinos, diziam os antigos Padres da Igreja. Portanto, não se pode chegar a Deus, afastando-se do humano, isto é, quanto mais humanos nós formos, mais divinos nós seremos. Só quem ama é capaz de atitudes humanizadas e humanizadoras.
      No evangelho, Jesus acolhe os gestos de carinho da mulher porque ela demonstrou muito amor e porque foi muito humana. Assim pôde manifestar o divino presente nela. Mas nem todos os que estavam na sala foram verdadeiramente humanos, por causa da atitude preconceituosa e discriminadora para com a mulher. Jesus valoriza tanto o gesto dela que até pede que sejam lembrados na caminhada evangelizadora. Para Jesus, não importa a situação das pessoas, elas são dignas de ser amadas. Parafraseando uma música popular, afirmo que é preciso amar as pessoas como se tudo terminasse hoje, como se esse fosse o meu, o seu último ato.
       Quem não ama não chegou a conhecer a Deus. O amor em Deus é tão intenso e verdadeiro que gera comunhão entre as pessoas divinas, evitando o isolamento, superando toda exclusão. Neste mesmo movimento, somos convidados a nos envolver, para nos tornarmos geradores de vida e comunhão. Este é o primeiro testemunho que nossas comunidades são chamadas a dar: “Vede como se amam, pois tem tudo em comum e não há necessitados entre eles!” Ah, isso sim convence e transforma. Portanto, o amor é mais concreto do que a gente imagina. O amor romântico pode iludir, enganar, decepcionar. Mas o amor, expresso na entrega, doação e partilha, gera comunhão, transforma vidas e nos torna mais humanos.
       O amor não só cria comunhão, dando coesão à pastoral ou à comunidade, mas nos lança na direção das outras pessoas, dignas de reconhecimento e acolhida. Quando se ama não se faz discriminação de pessoas.  Discriminação é negação do ser humano e negação da imagem de Deus presente nele. Quando discriminamos, decidimos não amar, atentando contra a vida dos demais e agindo contra Deus e o seu projeto. Deus não discrimina e também nós não devemos discriminar ninguém.  O cuidado especial que Deus tem por que é mais fraco e pobre não significa exclusão dos demais, mas um apelo para que para que haja mais humanidade destes para com eles. Por isso, a Igreja, na América Latina e Caribe, desde Puebla (1979), faz opção preferencial pelos pobres e, em Aparecida, afirma que esta opção não é exclusiva nem excludente, assim como é próprio do amor de Deus.
        A Igreja existe para evangelizar. Como membros desta Igreja, somos enviados a todas as pessoas e culturas, como testemunhas alegres do amor e da misericórdia de Deus. Ele nos amou por primeiro e pede que permaneçamos nele para sermos perfeitos no amor e a nossa missão possa produzir bons frutos. O amor é a essência da vida e da missão. Portanto, quem ama é um missionário, uma missionária. Na evangelização, nos deparamos com muitos desafios e um dos mais presentes é a acolhida de quem age e pensa diferente de nós, por ser de cultura totalmente diferente. Só quem ama verdadeiramente é capaz de superar toda rivalidade, todo bairrismo, todo preconceito, discriminação e ocupar-se do essencial. Por isso, nossa missão tende a ser humanizadora, pois a nossa meta é o bem do ser humano, principalmente nas situações em que sua humanidade é mais ferida e machucada.
        Que Maria, a amada de Deus, caminhando conosco, nos ajude a amar conforme o seu Filho para sermos verdadeiramente humanos.
Axé!
Pe. Degaaxé

 

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