sábado, 2 de março de 2013

A SITUAÇÃO DOS POBRES TEM MUITO A VER CONOSCO

Uma reflexão a partir de Lucas 16, 19-31
      
      Através da parábola do pobre Lázaro e do rico opulento, o evangelho chama a atenção sobre uma dura realidade: a grande desigualdade entre as pessoas. A Igreja da América latina já denunciava, na década de 70: as estruturas injustas vêm gerando ricos cada vez mais ricos às custas de pobres cada vez mais pobres. Esta situação é totalmente desaprovada por Deus que, na sua bondade, faz chover sobre justos e injustos, bons e maus a fim de que aquilo que ele fez para todos esteja à disposição de todos. O cântico de Maria testemunha muito bem esta realidade numa explosão de júbilo pelo modo de Deus agir, igualando os desiguais para que possam conviver de igual para igual. No fim, não deve haver nem vencidos nem vencedores, mas irmãos e irmãs com iguais direitos e dignidade.
      Deus se identifica com a situação dos mais fracos e pobres. Toda injustiça feita a eles atinge a imagem de Deus presente neles. Na vida eterna, a situação se inverte, comprovando que Deus nunca abandona a quem nele se confia. Quem utiliza daquilo que possui para desprezar os outros joga sua vida no lixo, pois vida realizada não consiste na abundância de bens, mas na capacidade de fazer o bem. Como dizia, sabiamente, São João Calábria: “Os pobres estão aí para que os ricos possam se salvar”.
      A quaresma nos recorda que a situação dos pobres tem muito a ver conosco, pois o pecado social é resultado de um acúmulo de pecados pessoais. Por isso, é preciso conversão não somente dos pecados pessoais, mas assumirmos também a responsabilidade pelos pecados sociais, que faz parte da nossa “missão reparadora”. É preciso passar de um estilo de vida esbanjador, baseado às vezes na indiferença, para um estilo de vida mais simples que se contenta com pouco e que se solidariza com quem não tem. Deus nos salva por amor, mas valoriza muito os nossos gestos, como expressa o papa Bento XVI em uma de suas cartas, pela Quaresma: “De fato a salvação é dom, é graça de Deus, mas para fazer efeito na minha existência exige o meu consentimento, um acolhimento demonstrado nos fatos, ou seja, na vontade de viver como Jesus, de caminhar ats Dele”.

Pe. Degaaxé

 

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