Uma
reflexão sobre a realidade vocacional não pode deixar de abordar duas questões
fundamentais: a primeira é por que a
vocação?; e a segunda é para que a vocação? As respostas a estas
questões provocam inquietação, levando à decisão sobre qual o verdadeiro
caminho devemos seguir para vivermos com sentido.
A
partir da primeira, por que a vocação?, a
nossa resposta é: porque Deus é amor e, por isso ama. Se ele ama, então, chama.
Todo o cuidado que tem para conosco vem da intensidade do seu amor. Portanto,
na origem da nossa vocação tem um Deus bom que nos amou por primeiro e, por
isso nos chamou; um Deus que, na total gratuidade e generosidade, não poupou
esforços para que experimentássemos o melhor. Vocação, então é amar, cuidar,
dar o melhor de si, servir. Geralmente, quando enviamos uma imagem a uma
impressora, ela imprime fielmente a imagem na folha. Assim sendo, como numa
folha, temos o jeito de ser e a imagem de Deus impressos em nós. Viver a
vocação é realizar esses traços de Deus impressos em nós. Em outras palavras, a
pessoa só realiza a sua vocação se amar, se servir, se der o melhor de si,
assim como o próprio Deus faz.
Deus
nunca falou diretamente a ninguém (nem mesmo a Maria, a sua serva predileta). O
chamado dirigido a cada pessoa acontece através de mediações. Por elas somos
despertados (situações da comunidade) e por elas discernimos também qual o
caminho melhor a seguir (confessor, acompanhante espiritual). Entramos, então,
na segunda questão que é para que a
vocação? Comecemos ilustrando com uma historinha que li, algum tempo atrás,
no jornalzinho da arquidiocese de Feira de Santana, na Bahia. A historinha
relatava mais ou menos assim: Beto era um menino sapeca, que aprontava muito,
mas que era muito amado pelos que estavam à sua volta: pais, parentes,
vizinhos, etc.. Num certo dia, o Beto causou um grande reboliço em casa. É que
seu pai havia comprado balas e colocara num pote, no centro da sala. Quando
Beto passeava pela sala e viu as balas, não se conteve e meteu a mão no pote,
pegando todas as balas. O detalhe é que não conseguia puxar a mão de volta.
Como ele chorava aos berros, veio sua mãe, sua tia, as vizinhas e cada uma dava
uma dica para ver se a mão saía: passa sabão, dá massagem, quebra o pote, etc.
Chegando seu pai, lembrou-se de que havia colocado balas no pote. Então, disse
para o Beto: Beto, meu filho, solta as balas! Após ter soltado as balas, a sua
mão ficou livre e a alegria voltou para a família.
Não é difícil entender que esta história
tem muito a ver com nossa caminhada vocacional e as mediações de Deus em nossas
vidas. Deus quer que abramos as mãos, ou seja, que vivamos a gratuidade e a
generosidade, pois é assim que vale a pena viver. Para darmos este passo, não
faltam as pessoas queridas que, como mediadoras de Deus, nos orientam para a
melhor decisão a ser tomada. A partir do batismo e, conforme o dom que
recebemos, somos convidados a viver em comunidade, nos oferecendo a serviço dos
irmãos e irmãs, nos meios eclesiais e sociais. Como é bom saber que não estamos
sozinhos e que não somos pequenas ilhas. Como é bonito viver em comunidade,
encontrando e dando apoio uns aos outros!
O ambiente familiar, nesse sentido, com
sua experiência concreta de fé, é fundamental para o despertar vocacional. A
professora Geni Maria afirma que, “Acima de tudo as crianças aprendem pelo que
veem, muito mais do que pelo que ouvem. Aquilo que os pais vivem passa para os
filhos. E cedo ou tarde acaba constituindo o referencial de vida para eles”.
Nunca as famílias viveram tão em crise como em nossos tempos. Lógico que os
reflexos desta situação atingem, entre outras, na realidade vocacional. Existem
muitos elementos que são louváveis, reconhecidos como determinantes na
construção de um ser humano melhor. Mas quando faltarem os testemunhos de fé,
faltarão também os seguidores, ou seja, os novos discípulos e discípulas dos
quais Jesus quis precisar para que seus ensinamentos cheguem ao maior número de
pessoas possível. Devemos continuar apostando nas famílias, pois é daí que
surgem as vocações. “Família: trabalho e festa” são três palavras que tem que
se relacionar harmoniosamente para que a realidade familiar possa se manter e
cumprir sua verdadeira finalidade.
Neste dia das (dos) catequistas, antes
de tudo, é preciso lembrar que é na família que temos nossas primeiras lições
de catequese e que os pais são nossos primeiros catequistas. Mas queremos
dirigir nossa gratidão, de modo especial, a todas as pessoas que, em nível
eclesial, tem assumido esta tarefa com muito zelo, contribuindo para que sempre
mais pessoas conheçam a proposta de Jesus e se deixe conquistar por ela.
Parabéns a todas (dos) as (os) catequistas!
Axé!Pe. Degaaxé
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