domingo, 8 de janeiro de 2017

A LUZ QUE NOS CONDUZ A DEUS


Reflexão sobre Is 60, 1-6; Ef 3, 2-3a. 5-6; Mt 2, 1-12

        Pouco a pouco e passo por passo, a liturgia tem nos ajudado a entender o significado do nascimento de Jesus e a intenção de Deus sobre a vida do ser humano. Jesus nasceu em Belém, que é uma das cidades dos judeus, mas não nasceu somente para os judeus; nasceu para todos os povos. Segundo o biblista Antonio Pagola, “Jesus é patrimônio da humanidade”. A explicação sobre o seu nascimento na versão de Mateus e Lucas mostra que desde o início de sua vida humana, Jesus foi rejeitado pela sua gente, mas foi respeitado e buscado pelos Não-Judeus. Essa realidade é muito clara também no início do evangelho de João (1,11-12), embora este evangelho não trata da infância de Jesus como os outros dois evangelistas fazem. De acordo com o texto de João, Jesus “veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam. Então, Jesus veio para todos os seres humanos e ilumina a todos com a sua luz. O seu nascimento nos garante que todos são filhos e filhas de Deus e que é vontade de Deus salvar a todos e todas. Lembremos uma frase de um santo que diz assim: “O que nós somos? Filhos de Deus. E o que nos tornamos? Esta é a nossa resposta a Ele".

    A primeira leitura é um cântico feito depois do exilio da Babilônia e proclama as maravilhas de Deus para o seu povo. Por causa desta realidade o profeta Isaias vê Jerusalém transformada em um centro de peregrinação para muitos povos. A glória do Senhor brilhou de fato sobre esta cidade, mas o sentido deste lugar é mais de fé do que geográfico. Nesta cidade Jesus concluiu sua missão e garantiu a todos a salvação de Deus. A ideia de salvação já existia no Antigo Testamento, mas não era muito bem clara. A interpretação que se dava era étnico-cultural, condicionando a possibilidade de salvação à pertença ou não ao Judaísmo. Esta realidade impediu os Judeus de se aproximarem de outros povos, considerando-os “próximos” ou “irmãos”. Jesus nasceu justamente para isso, ou seja, para ser luz, fazendo de todos os seres humanos uma única família. Em sua carta, São Paulo confirma que Jesus é de fato a revelação do mistério que estava escondido por muito tempo. De acordo com esta revelação, os Não-Judeus são herdeiros das mesmas promessas feitas aos judeus.  A presença de Jesus entre os seres humanos traduz de um modo perfeito tudo o que foi dito por Deus através dos profetas antigos. Em poucas palavras, “Deus escolheu um povo como instrumento para poder chegar mais facilmente aos demais povos”.

       Verdadeiramente, a notícia do nascimento de Jesus é boa, mas a recepção desta notícia não aconteceu do mesmo jeito para todos. Por parte dos Visitadores vindos do Oriente, esta notícia trouxe verdadeiro sentido para as suas vidas; por isso buscaram o novo rei com perseverança, sem medo de deixar sua terra e suas seguranças. Por parte das lideranças dos judeus esta notícia causou preocupação e agitação porque estavam com medo de perder suas posições e privilégios. A vinda dos Magos realiza uma das profecias do profeta Isaias (60,3) que diz: “As nações caminharão na tua luz, e os reis, no clarão do teu sol nascente. ” Eles ofereceram a Jesus dons de grande valor para as suas culturas, isto é, “ouro, incenso e mirra”. Através destes presentes eles expressam a identidade de seus povos, suas riquezas, suas habilidades, seus esforços e sonhos. Os Magos deixaram sua terra de origem e se deixaram conduzir pela estrela para darem correta direção às suas vidas. Esta estrela significa a luz de Deus que ilumina as pessoas para que o busquem com perseverança. Esta luz é também o seu próprio Filho o qual não permite que caminhe nas trevas a quem o segue (cf. Jo 8,12).  

       Hoje, Deus nos convida a estarmos atentos à estrela que ele usa para nos guiar. E você, já descobriu a estrela que dá verdadeiro sentido à sua vida? Em todos os evangelhos nós podemos encontrar sinais desta estrela. Tomemos como exemplo os pescadores que pescaram muitos peixes; para eles os peixes eram a estrela de Jesus. Para os agricultores, as sementes eram a estrela de Jesus. Para os noivos de Caná, o vinho era a estrela de Jesus porque o milagre da água transformada em vinho anunciava Jesus. Para a mulher que buscava água, a estrela de Jesus era a água. Para Pedro que o negou, Jesus preparou um fogo onde colocou peixes; o fogo foi a estrela da volta de Pedro novamente a Jesus. Para os discípulos de Emaús que se decepcionaram com o Mestre, o pão foi a estrela para eles.

     Como aconteceu com os Magos, a nossa vida é uma caminhada à luz da fé para encontrarmos a Deus, permitindo que ele possa mudar nossos caminhos. Somos chamados a deixar algumas mentalidades e falsas seguranças tomando a decisão de ir ao seu encontro guiados pela sua inspiração. Somos chamados a oferecer a ele o melhor de nossas vidas porque ele merece. Os dons que lhe oferecemos vem da sua própria generosidade. Este Jesus que reconhecemos como o maior presente de Deus para nós quer ser a nossa luz sempre para que sejamos também luz pela causa da salvação das pessoas.   


Fr Ndega

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