domingo, 28 de abril de 2013

A VERDADEIRA GRANDEZA


Uma reflexão a partir de Jo 13, 16-20
 
       Toda a vida de Jesus foi um constante esvaziamento de si (kenosis), assumindo a condição de servo, pois veio para servir e não para ser servido. Assim devem agir todos aqueles e aquelas que desejam segui-lo. Recordemos o que ele diz aos dois filhos de Zebedeu que buscavam posição de destaque no grupo: “... Entre vós não será assim.” A Pedro, que tentava impedi-lo de realizar o messianismo do Servo de Javé, ele diz: “Afasta-te para longe de mim...”. Todo o ensinamento de Jesus é um convite a pensar e a agir diferente. Trata-se de uma lógica que contraria a mentalidade de seu tempo: ser o último para ser o primeiro; perder a vida para ganha-la; morrer para viver. Assim, na nova comunidade que nasce, as relações se tornam humanizadoras, pois ninguém busca seus próprios interesses, mas o bem de todos. Daí se entende que a comunidade cristã existe a serviço da vida e não para manter privilégios. O próprio Mestre se faz servidor.
        A Igreja é toda ministerial, pois nasce a partir da missão do Filho de Deus que se fez Servo por amor. Se ela perder característica do serviço, deixará de ser Igreja de Jesus Cristo. Por causa de algumas circunstâncias históricas, esta característica nem sempre foi evidenciada, causando perda de credibilidade. Recentemente, afirmações como as do cardeal Peter Turkson, de Gana, tem nos ajudado a perceber que é preciso retomar o caminho inicial: “Todos nós, antes do conclave, estávamos de acordo sobre duas coisas essenciais: deviam ser restabelecidas a credibilidade da Igreja e a relevância da Igreja no mundo”. Após a eleição do novo papa, o cardeal africano explica: “temos uma grande tarefa: reconstruir a credibilidade da Igreja e, talvez, uma Igreja pobre é capaz de fazer isso”. Surpreendentemente, o papa Francisco, falando a respeito de sua função, afirma que “Poder é servir”. Um serviço que significa “abrir os braços a todo o povo de Deus e acolher com afeto e ternura toda a humanidade”. Esta é a Igreja que, como o Mestre, se despoja do manto e assume a toalha do serviço. Eis aqui a ajuda que temos a dar em um mundo marcado pelo acúmulo, competição e individualismo.
        Se nós somos enviados como servos e servas para tal tarefa é porque ganhamos a confiança do Mestre o qual afirma: “Eu conheço aqueles e aquelas que escolhi”. Jesus nos conhece profundamente e nos chama a segui-lo. Quer contar com a nossa ajuda para que seu reino se difunda sempre mais. Ele se identifica com aqueles que ele envia em seu próprio nome, pois foi do seu agrado partilhar conosco o seu reino. Assim, aquele que se entrega ao Senhor para servir os irmãos e irmãs é envolvido na mesma comunhão que o Filho estabelece com o Pai. Que ele nos conceda a graça de compreender que a verdadeira grandeza consiste no serviço alegre generoso em vista do bem dos demais, para que seja glorificado o Pai que está nos céus.
Pe. Degaaxé

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