sábado, 22 de setembro de 2018

É SUFICIENTE SER COMO AS CRIANÇAS



Sab 2, 12,17; Tiago 3, 16-4.3; Mc 9:30-37


      O texto do livro da sabedoria fala sobre o testemunho da pessoa justa e a oposição daqueles que não aceitam o seu testemunho e lhe tratam mal, inclusive tramando a sua morte. Isso acontece por causa de sua fidelidade a Deus. Tudo o que os adversários dizem torna-se uma confirmação da identidade daquele que sente filho de Deus e o próprio Deus virá em seu socorro, salvando-o de seus inimigos. Esta é uma imagem de Cristo que sofreu muito por causa de sua fidelidade ao plano de Deus e com o seu sacrifício trouxe a salvação até para aqueles que o oprimiam.

       O segundo texto nos fala que a sabedoria que traz o conhecimento perfeito vem do alto porque é o próprio Deus a fonte da verdadeira sabedoria. A pessoa que se deixa conduzir por essa sabedoria é capaz de fazer bem suas escolhas, tornando-se um instrumento de paz, unidade e comunhão na Comunidade; será sempre disposta a escutar os outros e a se doar pelo bem deles.

        O Evangelho continua a mensagem do domingo passado sobre a identidade de Jesus e o convite para segui-lo para obter a vida plena. Jesus percebeu que os seus discípulos precisavam conhecer o verdadeiro significado de sua identidade como Messias de Deus e entender bem suas propostas; Por esta razão, ele decidiu leva-los para um lugar longe do povo para ensiná-los. Jesus deseja estar a sós com os seus discípulos. Por que ele não queria que as pessoas soubessem onde ele estava com seus discípulos? Porque a ideia de Messias que as pessoas tinham era longe daquilo que era sua identidade e isso era perigoso para a formação de seus discípulos.

       Finalmente, sem a presença da multidão, Jesus se sente mais livre para falar a eles com a sinceridade do seu coração sobre o mistério do seu sofrimento, morte e ressurreição, mas eles pareciam distante do mestre. Eles não entenderam porque não estavam atentos; tinham outras motivações e pensamentos. Era mais importante para eles discutir posições e privilégios do que acompanhar o mestre para a total entrega de si. Pacientemente e pegando uma criança como exemplo, Jesus os ajudou a compreender a sua revelação e as condições para segui-lo. Quem decide seguir Jesus deve conduzir a sua vida segundo uma lógica diferente da mentalidade deste mundo. Se na última vez, ele disse que é doando a vida que se pode salvá-la, desta vez diz que é preciso ser o último e servo dos demais para poder ser o primeiro.

         Esta realidade revela a identidade do Mestre Jesus que se fez servo por amor. Ele se revela como Filho do homem por causa de seu envolvimento com a realidade humana. No antigo testamento encontramos esta expressão nos livros de Daniel e Ezequiel. De acordo com Daniel, este "Filho do homem" refere-se à glória daquele que virá no fim dos tempos (Dan 7:13). De acordo com a versão de Ezequiel, "filho do homem" é o título usado por Deus no relacionamento com seu profeta e expressa a condição frágil e mortal do ser humano (Ezek. 2,1, 3:1.25, 17,2). Assim, este é o sentido usado por Jesus para falar sobre sua identificação com a condição humana e o mistério da sua paixão, morte e ressurreição a partir do qual surge uma nova humanidade. Assim, entendemos a razão da pedagogia o paciente e criativa de Jesus em relação aos seus discípulos, "duros de coração lentos para crer".

        As crianças têm um lugar especial no coração de Jesus. Ele disse que o Reino de Deus pertence a eles e aqueles que querem entrar neste reino devem tornar-se como as crianças. Então, Jesus nos fala sobre a necessidade de mudança de mentalidade e atitude para que possamos segui-lo verdadeiramente. O exemplo das crianças é especial para nós porque nos ajudam a buscar o que é mais importante na vida, isto é, a verdade, a simplicidade de coração, a confiança, etc. Como os primeiros discípulos, nós também não compreendemos tudo sobre Jesus e suas propostas, mas se lhe damos permissão, ele pode abrir nossas mentes e transformar nossos corações para que sejam de acordo com suas expectativas sobre nós. Jesus nos chama para uma relação pessoal com ele e é somente através de uma relação assim que podemos assimilar sua pessoa e entender o que ele quer de nós, isto é, o sentido de nossa participação como seus colaboradores em sua missão Redentora. O exemplo dos "pequeninos" nos ajude a entender a intenção de Jesus sobre a nossa vida e a acolher a sua proposta, usando todas as nossas energias pela sua causa, "até à morte, até à vida".

Fr Ndega


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