sexta-feira, 2 de maio de 2014

VIVENDO E TESTEMUNHANDO A FÉ EM COMUNIDADE




Uma reflexão a partir de João 20, 19-31

      Deus nos deu o dom de ser e viver em comunidade para o nosso próprio bem e realização. Segundo o livro do Gênesis, “Não é bom que o ser humano esteja só” (Gn 2, 18). Somos individualidade, mas também relação. Quando cultivamos demasiadamente a individualidade, nasce o individualismo - o grande atentado à vida comunitária, pois a pessoa individualista geralmente vive como se a comunidade não existisse, prejudicando a relação entre os membros. A partir do individualismo, muitos outros males surgem. O povo africano acredita muito que a experiencia comunitaria deve ser central na vida do ser humano e que fora da comunidade a vida perde seu sentido. Esta situação é verdadeira com relação aos nossos parentes e também em nível de comunidade eclesial, extensão da nossa comunidade familiar. É neste sentido que queremos refletir sobre a vivência comunitária da fé como testemunho da Ressurreição de Jesus.
          Logo após a prisão, paixão e morte de Jesus a comunidade dos discípulos parecia ter esquecido de tudo o que experimentou com o Mestre, por exemplo: acolhida, solidariedade, gratuidade, busca do Reino de Deus em primeiro lugar, paixão por Deus e pelo ser humano, engajamento profético em favor da vida, estilo de vida simples e desapegado, perdão sem limites e sintonizar a própria vontade com a vontade de Deus. Diante de tudo isso, os discipulos resolvem “fechar as portas”, simplesmente por medo. Mas Jesus nao os abandona e permanece com eles, principalmente nos momentos em que o medo parece tirar a alegria de viver.
      Em nossa realidade tambem muitas situações nos fazem sentir medo, por exemplo: violência, terrorismo e diversas outras ameaças contra a vida. O medo nos impede de viver verdadeiramente a própria fé e sermos verdadeiras testemunhas. É aqui que percebemos o quanto  é importante viver em comunidade. Com o apoio uns dos outros e a ação do Deus que se manifesta vivo no meio de nós podemos certamente superar todos nossos medos e assumir com alegria e entusiasmo a importante tarefa de promover a paz e a reconciliação entre as pessoas. Mas se não tivermos uma presença de qualidade na comunidade também teremos dificuldades em ser testemunhas, pois a pessoa só pode testemunhar aquilo que experimentou.
    As primeiras comunidades acreditavam que vivendo a fé de forma solidária e comprometida estavam fazendo a diferença. E de fato, eles e elas eram identificados pelo testemunho autentico da fé em comunidade: “Vede como eles se amam”, assim era dito. É claro que a vivência da fé é uma decisão pessoal, mas envolve uma dimensão eclesial, “pois a fé da Igreja precede, gera e alimenta a nossa fé”. Sabemos, portanto, que não estamos sozinhos e que a nossa caminhada de fé é resultado de um longo e amadurecido processo. Isso nos faz recordar dos nossos pais, catequistas, sacerdotes, religiosos, religiosas e tantas outras pessoas que passaram por nossas vidas e continuam nos ajudando a vivermos com autenticidade a nossa fé. Que este seja o nosso constante empenho, de acordo com o apelo de São João Calábria: “A nossa fé seja prática, coerente; que nao haja contraste entre a fé que professamos e a conduta que temos”.

Fr. Ndega

Nenhum comentário: