domingo, 13 de maio de 2012

QUEM AMA NÃO FAZ DISCRIMINAÇÃO DE PESSOAS

De fato, estou compreendendo que Deus não faz
distinção entre as pessoas (Atos 10, 34).

 Deus é amor. Se quisermos falar aqui de definição, esta é a que melhor corresponde à essência divina. Todos e todas são chamados a amar porque Deus, que é amor em pessoa, se deu a conhecer e ensinou como vivenciá-lo. Parafraseando uma música popular, afirmo que é preciso amar as pessoas como se tudo terminasse hoje, como se esse fosse o meu, o seu último ato. Quem não ama não chegou a conhecer a Deus... E nós pensávamos que conhecíamos a Deus, mas nos equivocamos, pois Deus é amor e nós não conseguimos amar de verdade. O amor em Deus é tão intenso e verdadeiro que gera comunhão entre as pessoas divinas. Nesta mesma comunhão, somos convidados a nos envolver, pois o mesmo amor que a produz é ofertado gratuitamente a nós e não tem como estarmos unidos a Deus senão pelo amor. É preciso permanecer no seu amor para gerar comunhão e esta se torna o primeiro testemunho que nossas comunidades são chamadas a dar: “Vede como se amam!” Isso impressiona. “Tinham tudo em comum e dividiam seus bens com alegria!” Ah, isso convence e transforma. Portanto, o amor é mais concreto do que a gente imagina. O amor romântico pode iludir, enganar, decepcionar. Mas o amor, expresso na entrega, doação e partilha, gera comunhão e transforma vidas.
O amor não só cria comunhão, dando coesão ao grupo, mas o lança na direção das outras pessoas, dignas de reconhecimento e acolhida. Quando se ama não se faz discriminação de pessoas.  Discriminação é negação do ser humano e negação da imagem de Deus presente nele. Quando discriminamos, decidimos não amar, atentando contra a vida dos demais e agindo contra Deus e o seu projeto de vida e comunhão. É certo que Deus, em seu amor, nos salvou, mas ninguém está salvo ao ponto de desprezar os outros, dizendo: “nós estamos salvos, os outros não”. A salvação é direito de todos e todas, pois “Deus quer que todas e todos sejam salvos”. Ele não discrimina e também nós não devemos discriminar ninguém. Como entender, então, o fato de que Deus tenha “preferidos” e de que, a seu exemplo, a Igreja faz opção preferencial pelos pobres? É que nós quando preferimos uns, facilmente discriminamos outros. Com Deus é bem diferente. Imaginemos uma mãe que ama a todos os seus filhos, mas se preocupa mais com o que come pouco ou está doente. Isso não quer dizer que deixe de amar os outros. Assim, em grau bem maior, Deus ama a todos e todas, mas tem um cuidado especial por quem é mais fraco e pobre. Ele prefere estes - porque precisam mais dele - sem excluir os demais, aos quais chama a serem fraternos e solidários para com estes. Neste sentido, reafirmo que Deus não faz discriminação, embora tenha preferidos. Por isso, a Igreja, na América Latina e Caribe, desde Puebla (1979), faz opção preferencial pelos pobres e, em Aparecida, afirma que esta opção não é exclusiva nem excludente, assim como é próprio do amor de Deus.
             A Igreja existe para evangelizar. Como membros desta Igreja, somos enviados a todas as pessoas e culturas, como testemunhas alegres do amor e da misericórdia de Deus. Ele nos amou por primeiro e pede que permaneçamos nele para sermos perfeitos no amor e a nossa missão possa produzir bons frutos. O amor é a essência da vida e da missão. Portanto, quem ama é um missionário, uma missionária. Na evangelização, nos deparamos com muitos desafios e um dos mais presentes é a acolhida a quem age e pensa diferente de nós, por ser de cultura totalmente diferente. Só quem ama verdadeiramente é capaz de superar toda rivalidade, todo bairrismo, todo preconceito, discriminação e ocupar-se do essencial. O Espírito Santo se antecipa sempre nos lugares onde somos convidados a estar e, antes de dizermos algo, precisamos escutar. Todos nós estamos em busca da verdade e precisamos anunciar a Jesus, escutando também o que os outros têm a dizer. Aí é que tem sentido o diálogo – uma das exigências da evangelização. Só dialoga quem vive em busca da verdade; quem se sente dono dela, não tem porque dialogar. Só será possível experimentar plena alegria e realização na missão, quando soubermos acolher os outros como irmãos e irmãs, filhos e filhas muito amados de Deus. Assim, Deus será tudo em todos e “vai ser bonito viver”.

              Parabéns a todas as mamães e que possamos aprender delas a amar segundo Deus. Que Deus as abençoe!

              No amor do Deus que nos faz todos irmãos e irmãs, muito axé!

              Pe. Degaaxé

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