Amigos e seguidores, estou na Bahia, junto aos meus pais, e estou tendo a alegria de visitar as comunidades que me viram crescer como coroinha. Em muitas comunidades, estou voltando 25 anos depois. A emoção é muito grande, principalmente porque a motivação principal é a celebração dos dez anos de sacerdócio na alegria e doação. Partilho com vcs a reflexão que realizei nas comunidades neste final de semana, celebrando a Festa da Epifania, manifestação do Senhor, chamada popularmente Festa de Reis. É uma festa que recorda que a humanidade é uma grande família que deve caminhar para a unidade. E para a realização deste objetivo contamos com a inspiração do alto, representada pela estrela, que nos enche de alegria, otimismo e esperança.
A cidade de Jerusalém é convidada a se alegrar e a se levantar como luz, pois a glória de Deus brilha sobre ela. Tendo passado pela experiência de exílio e escravidão, é chamada a sair das trevas para a luz e a partir daí, ser capaz de iluminar. O próprio livro de isaías ao refletir sobre a missão deste povo, o chama de ‘luz das nações’, devido a responsabilidade de estar sob a luz do Senhor. Muitos povos serão atraídos, mas não pela situação geográfica e econômica de Jerusalém, mas porque a glória do Senhor brilha sobre ela. Estes povos trarão ofertas e dons, que traduzem um movimento de reconhecimento e ação de graças. São povos que já vivem a dimensão de presença e ação divinas e que são atraídos para Jerusalém, não mais como lugar geográfico, mas simbólico, para proclamar a glória do Senhor. E, segundo os antigos padres da Igreja, a glória do Senhor é o ser humano vivo e vivendo com dignidade. Vida digna é motivo de louvor. No entanto, a vida humana machucada, maltratada, ameaçada em sua dignidade é atentado à imagem de Deus presente nela.
Esta realidade de unidade da família humana encontra na criança de Belém sua concretização plena. Os magos do Oriente são atraídos para adorar o Menino, guiados pela estrela. Eles representam todos os povos, os quais são também beneficiados pelo nascimento do Salvador da humanidade. Em Deus não á discriminação de pessoas. A criança de Belém, agora numa casa com sua mãe, torna-se meta da caminhada dos magos e de todos aqueles que acreditam na força dos pequenos e buscam, pelos pequenos gestos, dar razão de sua fé e de sua esperança. Como se diz num ditado africano: ‘pessoas pequenas, realizando coisas pequenas e em lugares pequenos são capazes de mudar o mundo’. Os magos acreditaram neste processo e por isso perseguiram seu objetivo. A estrela que viram é a inspiração do alto que quer guiar a ação das pessoas para o que é essencial. O aviso para voltar por outro caminho tem a ver com o resultado do encontro com aquele que é a salvação. Não se pode continuar do mesmo jeito e fazendo as mesmas coisas, depois do encontro com Jesus. É necessário dar novo rumo para a vida.
Quando falamos de povos, nos referimos também a culturas e religiões. E como é possível uma convergência, dado as inúmeras diferenças. Tudo nos leva a crer que caminhamos para uma unidade sempre maior. Aqui lembramos da globalização (em seu sentido positivo), os meios tecnológicos que tem facilitado a vida e proporcionado encontros entre as pessoas. É que não se trata de uniformidade nem de eliminação das diferenças, mas de unidade.
Jesus é rejeitado pelos que se diziam eleitos e acolhido pelos pagãos; o seu nascimento trouxe ameaça e perturbação para grandes e poderosos, enquanto trouxe alegria e esperança para pequenos e pobres; Herodes tenta mata-lo enquanto os magos o adoram. O que tem esta criança de tão especial? Por que ela incomoda tanto? Na verdade, é o próprio Deus que se revela como próximo, pobre e desprezado, assumindo a fragilidade humana e a sorte dos menos amáveis. Questiona o nosso modo de escolher que, muitas vezes, privilegia quem tem e quem oprime. Nos convoca à valorização dos pequenos gestos e a reconhecer os seus sinais em nossa vida. É preciso que nos deixemos guiar pela estrela de Belém para viver uma vida com sentido e, uma vez iluminados, sermos capazes de iluminar a vida de outras pessoas.
Modjumba axé
Pe. Degaaxé
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