segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

FALA, SENHOR, QUE TEU/TUA SERVO/A ESCUTA!

Para uma maior compreensão, leia antes os textos: 1 Sm 3, 3-10.19; Jo 1, 35-42
Uma das grandes certezas que nos acompanham na caminhada é a de que Deus tem um plano de amor para cada um de nós e, por nos amar muito, nos chama a descobrir em que consiste este plano. A vocação se torna, portanto, uma relação de amor entre Deus – que toma a iniciativa de chamar – e o ser humano que, na fé, é chamado a responder com generosidade. É o que aconteceu, por exemplo, com Samuel, na Antiga Aliança e com os primeiros discípulos de Jesus.
Samuel é o último dos juízes do Povo de Israel e considerado também como profeta. Sua mãe era estéril e, portanto, tida como desgraçada por não poder gerar. Em sua prece fervorosa ao Senhor, ela pede a graça de ter um filho e, assim, poder consagrá-lo inteiramente ao seu serviço. Sua prece é atendida e o menino passa a viver no templo aos cuidados do sacerdote Eli. O menino Samuel é participativo e encontra-se no templo, mas dorme. Ele oi escolhido por Deus não para ficar dormindo. O Senhor lhe chama repetidas vezes e por lhe faltar intimidade com a Palavra do Senhor tem dificuldade de responder como o Senhor espera. Para um verdadeiro discernimento, ele precisa, então, do Sacerdote Eli que tem mais clareza e compreensão sobre os apelos do Senhor e dá as devidas orientações. Samuel pôde responder com toda disponibilidade e generosidade ao chamado que o Senhor lhe fez: “Fala, Senhor, que teu servo escuta”. Daqui surgem três aspectos fundamentais em nossa caminhada vocacional: familiaridade com a Palavra de Deus, deixar-se orientar por alguém experiente para descobrir a vontade de Deus e total disponibilidade para servir.
O Deus que toma a iniciativa em nos chamar, é caminheiro em nossa direção e caminha conosco nas estradas da vida. Mas é preciso muita atenção para percebê-lo passando. João está atento quando Jesus passa e reconhece nele a misericórdia encarnada do Pai, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Com esta indicação, ele possibilita aos seus dois discípulos uma experiência mais plena de discipulado. Quando Jesus pergunta (“o que procurais?”), deseja um seguimento não só por ouvir dizer, mas por convicção. Eles vão a Jesus, fazem a experiência de sua pessoa e projeto e se tornam testemunhas. Diante da pergunta deles (“onde moras”?) Jesus não responde; mas mostra um caminho, uma experiência. Como diz o documento de Aparecida, não seguimos uma doutrina ou uma idéia, mas uma Pessoa, que tem uma proposta de vida que fascina, transforma e compromete. É o único capaz de apresentar o melhor ideal de vida, o mais nobre: envolve entrega da própria vida pelo bem dos outros e garantia de vida eterna. O Bem-aventurado João Paulo II queria dizer justamente isso quando se dirigia aos jovens em uma das Jornadas Mundiais: “Amados jovens, em vossa busca de realização, não aceitem nada mais do que os mais nobres ideais”. E sobre a necessidade de se ser testemunha, o papa Bento XVI chamava a atenção dos jovens na Jornada Mundial de Madri: “Quem faz verdadeira experiência de Jesus Cristo não deve ficar para si; deve comunicá-la”. Experiência que deve acontecer com vibração e entusiasmo, próprias da juventude.
A vocação é um chamado pessoal e a resposta é também pessoal, mas quando respondemos, nos damos conta que pertencemos a um Povo, o Novo Povo da Aliança, a Igreja, que também é chamada a continuar a missão do seu Fundador. A nossa caminhada, enquanto batizados, vocacionados, nos compromete e nos permite perceber que não estamos sozinhos e que não podemos cruzar os braços diante de tantas necessidades na Igreja e no mundo. Sentimos ainda hoje o convite de Jesus: “Vinde e vede!”, pois assim como aos primeiros discípulos Jesus pede que tenhamos os olhos e o coração atentos ao que acontece na realidade que nos rodeia, marcada por injustiça, exclusão, miséria. Ele sabe das nossas limitações, chama-nos como somos e trabalha com o melhor de nós para que assumamos, na alegria, a mesma causa pela qual ele deu a vida. Estejamos atentos aos seus apelos e, na disponibilidade, respondamos: “Fala, Senhor, que teu servo/a escuta!”
Modjumbá axé!
Pe. Degaaxé

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