domingo, 16 de fevereiro de 2014

SE NÃO FOR PARA VIVER COM SENTIDO, NÃO VALE A PENA VIVER



            Ao celebrarmos a vida, celebramos um grande mistério, dom precioso que vem de Deus. Em Cristo este dom recebe um caráter de plenitude e é por ele que entendemos que a vida não acaba aqui. A herança de vida deixada pelas pessoas que nos antecederam tem um valor muito grande para nós que somos chamados a continuarmos, na fé, a viver com sentido. E de fato, se não for para viver com sentido, não vale a pena viver. Se já não podemos mais ver as pessoas que nos antecederam, os valores vividos e deixados por elas são a prova de que sua passagem entre nós não foi em vão. São João Calábria, costumava dizer: “se tivermos Deus em nós, faremos o bem tão somente com a nossa passagem”. Celebrar entes queridos, por exemplo, é manifestação fraterna do nosso reconhecimento do quanto eles e elas continuam sendo importante todos nós, pois a morte não é um fim absoluto; apenas conclui uma etapa da vida. Em momentos de dor, de perda e de saudade, deixemo-nos ajudar pelas preces dos amigos e iluminar pela Palavra de Deus, cujo conteúdo nos fortalece na fé e nos compromete na vida.
           Como cristãos e cristãs, nossa característica principal é a esperança. Assim se expressa São Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé e sem sentido é a nossa esperança”. O Deus em quem cremos é o Deus da vida e ao doá-la a nós nos une a si, tornando-nos seus filhos e filhas muito amados. Por mais que soframos, enquanto estamos nesta vida, nada se compara à alegria a ser experimentada com a glória que nos será revelada. Nesse sentido, aprendamos do próprio Jesus que, apesar da situação de dor e sofrimento que experimentou na cruz, manteve sua confiança inabalável na ação providente de Deus: ‘Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito’. Este deve ser o grito confiante e constante do nosso espírito, alimentando a certeza de que Deus não nos abandona e nem se cala diante do que se passa conosco. A resposta de Deus na morte de Jesus vem em seguida com a ressurreição, que é antecipação da nossa própria ressurreição e, portanto, garantia de nossa plena vida, pois ele não é Deus de mortos, mas de vivos, ou seja, Deus não quer a morte. Em Jesus ele se revela como ressurreição e vida.
          E por que as pessoas morrem? Jesus nos ensinou a cultivar a fé num Deus Abbá, que está voltado para nós com toda a força e a atividade de seu amor compassivo e libertador. Ele nos atrai para si com laços de ternura e deseja nos manter unidos a ele. Ao mesmo tempo, está sempre vindo em nossa direção e deseja ser acolhido. A nossa vida nesta terra, passa apenas por uma etapa. Ele deve continuar a sua caminhada noutra etapa, pois somos chamados à plenitude. Consciente desta realidade, já dizia o sábio Agostinho: “Fizeste-nos para vós ó Deus e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em vós”. Para quem tem fé, a morte, portanto, é um repouso em Deus, pela qual todos nós temos que passar para sermos plenos. Chegará o momento fundamental da nossa vida em que nos encontraremos definitivamente com Deus, diante do qual não nos será pedido se pertencemos a alguma religião ou quantas vezes fomos à igreja, mas o quanto nós fomos capazes de amar. As escolhas que fazemos ao longo do caminho vão definindo o rumo da nossa vida. Por vontade de Cristo, a nossa vida deve alcançar a plenitude, que já começa nos cuidados diários, nos pequenos gestos de carinho em casa e de comprometimento comunitário. Assim mantemos a comunhão com Deus, que é a fonte primordial e inesgotável da vida.

Fr. (padre) Ndega

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