O nosso
mundo vive uma grave crise dos valores. Estes foram invertidos do seu
verdadeiro lugar, ou seja, não se entende mais a diferença entre o que é importante
e o que é secundário. Cada pessoa precisa de uma escala de valores sobre a qual
basear, sedimentar a sua vida e investir esforços para dar uma direção correta à
própria existência. A maioria de nós não conhece os valores básicos da própria vida
porque somos facilmente influenciados pelo ambiente em que vivemos: família,
escola, amigos, sociedade, etc. Claro que estes são a motivação inicial que
cada um de nós precisa. Mas devemos nos perguntar: quais valores estão mais em
sintonia com a minha vida? O que é realmente essencial? Dessa forma, começamos
a compor nossa escala de valores.
Ter uma
escala de valores é tão importante que podemos até dizer a alguém: “Mostra-me
tua escala de valores e eu te direi quem és!” Uma “escala de valores deve ser constante
ao longo da vida e não condicionada pelo mundo, mas o resultado de uma busca
cuidadosa, pois da escala de valores dependerá a qualidade da nossa vida e das
escolhas que faremos”. Aqueles que vivem a fé cristã consideram que é Cristo
quem indica a verdadeira escala de valores. O que ele fez e ensinou, ou seja,
os valores do Evangelho tornam-se o ponto de referência para a vivencia de
qualquer pessoa no mundo, mesmo para aquelas que não creem.
Quando
penso em São João Calábria, por exemplo, o vejo como um homem de grande fé, que
organizou sua escala de valores a partir de um programa, ou seja: “Buscai em
primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas serão
dadas em acréscimo”. Esta é uma expressão do Evangelho de Mateus (Mt 6, 33).
Tudo o que São João Calábria pensou para a sua vida e para a sua Obra (a Família
Calabriana) encontra neste programa o seu suporte, a sua consistência. A partir
deste programa emergem valores como a paternidade de Deus, cuidado, confiança,
fé, coragem, discernimento, decisão, etc.
Quando
pensamos no valor da própria pessoa, não podemos partir de um critério social,
caso contrário, estaríamos condicionados a considerar-lhe sempre a partir de
sua capacidade de emergir, de ser melhor do que as demais, de competir. No
evangelho, a competição pelos primeiros lugares, por privilégio e fama, provoca
Jesus a dizer: “Entre vós não será assim”. A partir dele entendemos como deve
ser as relações entre as pessoas e quais são as coisas essenciais a serem
buscadas para dar um verdadeiro sentido à vida delas. A lógica de Jesus é a
lógica dos opostos, ao contrário da vã mentalidade humana: Ser o último para
ser o primeiro; ser um servo de todos para ser grande; perder sua vida para
ganhá-la; morrer para viver. Tudo é uma questão de escolha.
Um certo
autor afirma que “o caminho para a felicidade e para a realização pessoal passa
necessariamente através as escolhas que fazemos”. Não queremos viver como
eternos resmungões por aquilo que não deu certo, mas discernir bem antes de
tomar qualquer decisão pois cada decisão traz consigo perdas e ganhos. Feliz
quem aprendeu a cultivar os verdadeiros valores; não será desiludido no momento
fundamental da sua existência. Quero concluir indicando a você, leitor, outros
valores que a Sagrada Escritura nos oferece e que podem nos ajudar muito na
composição da nossa escala de valores que colocará ordem em nossa vida, por
exemplo:
- CONFIANÇA:
Provérbios 3.5: “Confia no Senhor com todo o teu coração”. Confiar é ter
certeza de que Deus nos protege e que ele guia nossas vidas.
- GENEROSIDADE:
Provérbios da 11.17: “Aqueles que são generosos sempre colhem os benefícios”.
- SINCERITÁ:
Provérbios 11, 20: “O Senhor está longe de quem trama o mal, ele prefere aqueles
que têm uma conduta honesta”. Deus não gosta de falsidade, ele quer que sejamos
honestos, espontâneos e sinceros.
- COERÊNCIA:
Mateus 7.12: “Tudo o que desejais que os outros vos façam, fazei-o também a
eles”.
- FEDE:
Mateus 9.29: “Então ele tocou seus olhos e disse: ‘Como você acreditou, assim
seja feito!”
-
DISPONIBILIDADE: Lucas 1, 38: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim
segundo a tua palavra”.
- SIMPLICIDADE:
Atos 2, 46: “Partiam o pão em suas casas e comiam com alegria e simplicidade de
coração”.
-
SOLIDARIEDADE: Atos 4.32: “Aqueles que possuíam algo não o consideravam como seu,
mas tudo o que tinham era posto em comum”.
- AMOR:
Atos 9.36: “Ela praticava muitas obras boas e dava grandes esmolas”.
- SERVIÇO
RECÍPROCO: 1Petro 4.10: “Cada um coloque a serviço dos outros a graça especial
que recebeu”.
Fr Ndega
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